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Poesias-->PILULA -- 15/04/2008 - 19:37 (Cristina Ancona Lopez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A cabeça estava em desalinho.

Não um desalinho comum.

Estava em desalinho com a vida, com os pensamentos reinantes no inconsciente coletivo, com as decisões tomadas pela maioria.

Uma cabeça desalinhada não era bem vista naquela comunidade.

Percebeu que o olhavam de modo estranho.

Havia reuniões a portas fechadas, conversas em voz baixa.

Sabia que o assunto era ele e o motivo, a cabeça desalinhada.

Uma vez, há muito tempo, acontecera o mesmo com outra pessoa. Ele se lembrava. E lembrava-se também que naquela ocasião ele era um dos que se sentia desconfortável na companhia do outro.

O sujeito ficara cada vez mais só. As pessoas se afastavam, reuniões intermináveis decidiam o que fazer. Lembrou-se da decisão do conselho: era preciso que o desalinhado tomasse a pílula – remédio sem nome.

E assim fora feito. Lembrava-se dos gritos do homem que não queria tomá-la, mas fora obrigado.

E lembrava-se de que, no dia seguinte, o homem era outro: cordato, vestindo-se como a maioria, acreditando no comum, empenhando-se nos trabalhos coletivos, repetitivos, sem propósito e sem nexo.

Sentado no murinho da praça percebeu que se aproximavam.

Não, ele não tomaria a pílula. Não aquela que faria dele mais um corpo sem mente.

Desalinhado estava e desalinhado ficaria. Correu. Correram atrás. Correu mais, até que chegou ao penhasco. Olhou para os que o perseguiam e aproximavam-se aos poucos.

Apenas uma pílula, falaram: apenas uma e nada mais.

Deu um passo. Enquanto seu corpo caia em direção ao nada pensou, tranqüilo e feliz com a decisão tomada: a pílula eu não tomo.



30/03/2007

Tita Ancona Lopez



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