Livro: Navegando: Luiz Fernandes da Silva: João Pessoa-PB/2004- 59 páginas.
por: m.s.cardoso xavier
Autor de várias produções em tiragem de forma artesanal, mimeografada. Autor e editor do Correio de Poesia (Jornal Literário alternativo) que já perfaz 800 números. Edita e distribui direta e por via correio aos poetas amigos espalhados por muitos recantos deste país.
Paraibano, da cidade de Pilar, radicado em João Pessoa-PB; graduado em Administração, funcionário público estadual, casado, pai de dois filhos bonitos, jovens e netos saudáveis.
Recentemente lançou em João Pessoa o livro Navegando no Sebo Cultural- espaço lítero-cultural dos mais dinàmicos da cidade, criação e administração do ativista cultural Heriberto Coelho de Almeida, - verdadeiro mecenas das artes.
Ali compareceram os amigos e poetas locais para prestigiar o evento- inserido na vasta programação de aniversário do Sebo Cultural.
Navegando de Luiz Fernandes trás a marca dos demais livros do autor, o existencialismo - navega nas águas de tantos sentimentos paradoxais, e diáfanos ao mesmo tempo. Poeta, cuja lírica modernista, alça vóos inimagináveis nas águas revoltas da fantasia. Intimista e com rasgos filosóficos, vai navegando nos mares das ilusões que o vento oscilou e o tempo teceu nas vertigens dos momentos. "Enquanto o sono não vem" Luiz Fernandes vai refletindo o ser e o existir em cuja solidão, compõe as baladas dos instantes. Entre as calmarias e tempestades o poeta vai se agarrando nas velas e segue criando as próximas baladas, tendo em vista a terra firme.
Seus poemas trazem entre si uma cumplicidade das emoções e palavras, um núcleo comum- e assim vai se comunicando com o mundo, num universo e modo de ser e se conduzir, bem peculiar. Construiu ao longo do tempo, fruto de racionalizações e rodízios do acontecer, introspectivo do eu no mundo, - um estilo próprio. Sensibilidade à flor da pele, o autor registra miríades e breves poemas, em frações de segundos.
Borboleta que sai do casulo - em surpreendente metamorfose, colore e ilumina os caminhos- "num dar-se mais que receber".
Enfim, tantos sentimentos elásticos e ao mesmo tempo difusos, porque o poeta é partícula da própria dialética da existência. Navegando de Luiz Fernandes é o lançar de àncoras em busca de um porto mais ameno, mais acolhedor. Há de tudo nesta embarcação, como nas demais produções do autor: silêncio, solidão, tristeza, alegria, amor, remorso, lembranças, saudades.
Escrever para Luiz Fernandes é um exercício poético cotidiano, no qual se reflete o transcendental e o real. Em transe navega mundos ocultos aprisionados e decodificados pela palavra metafórica que liberta.
Navegando em águas muitas vezes submersas, penetra os porões da alma, que sinaliza uma nova superfície; e assim as águas de todas as cores vão fantasiando seus rios, lagos, mares e oceanos.
Apesar de Luiz Fernandes não querer aparecer no mundo das letras , no sentido de manter-se sem barulhos e charmes, figura na Paraíba, entre os bons poetas de sua geração. E sem querer aparecer, termina aparecendo.
O poeta merece nosso aplauso! Sua obra ser conhecida e reconhecida!
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