A residente P. A. V., em sua práxis médica num hospital público regional de uma das nossas cidades interioranas, prestara socorro a uma garotinha que atendia por um nome estranho e ímpronunciável: Madeinusa.
Madeinusinha, como insistia a mãe, desmanchando-se em carinhos. Filha única. Tadinha. Um febrão danado.
Fez o que não pôde a doutora para cuidar do que era mais visível, com os recursos, parcos, que o hospital lhe punha nas mãos. Mas nunca se esquecia da assistência psicológica. Quem sabe? O doente sai pelo menos com mais confiança nas próprias forças da sua natureza. Já ajuda.
Mas, antes que mãe e filha se retirassem, não conseguiu se furtar à inconfidência. Tinha curiosidade em saber o que significava mesmo aquele nome. Nunca tinha ouvido.
A mãe, com aquela simplicidade, explicou: "É que, lá em casa - viu, doutora! - tudo que é bom tem isso escrito na parte de baixo. Só que em separado." Pra nome, era melhor juntar as palavras que ela nem sabia direito o que eram."
Teve de fazer muita força a doutora, para não desatar em sonora gargalhada, enquanto Madeinusinha e a orgulhosa progenitora deixavam a sala de atendimento, satisfeitas acima de tudo com a especial deferência daquela última pergunta. "Muito simpática a doutora, atenciosa", comentavam depois com a vizinhança.
A doutora, por sua vez, assim que chegou em casa depois do trabalho, também achou de relatar o acontecido aos familiares. A avó, como era do seu feitio, quase chorando de tanto dar risada, repetia um bordão que sempre resumiu, enquanto ainda podia achar graça na vida, todos os seus espantos: "Cada uma!" |