Eis-nos na bela cidade de Madrid, mais propriamente em Ohio de Manzanares, em tempo de advento e plenos de boa vontade...Connosco estão os amigos de longa data, os quais para além dos predicados eufóricos, possuem uma cultura invejável e um reportório de colecções abismal.Observámos a sua mundividência e não querendo ser como eles, admirámos a sua douta cognição.
Ecoava na sua mansão música de Bach e o" Avé Maria" de schubert...nos copos altos e cónicos, vinho da melhor casta galega e de Andaluzia...degustação e música perfeitas.Neste interlúdio, o que por vezes nos impedia de estar à altura dos anfitriões era a língua.Eles hablavam espanhol,alemão e inglês, nós ficávamo-nos pelo "portinhol"(meio portuga, meio espanhol) e eu falava francês fluente, apesar de todos o arranharem.As línguas europeias entrecruzavam-se de forma harmoniosa, até que a páginas tantas uma poeirazita se interpós entre um dos emissores e um receptor portuga, anos cinquenta e três (para algumas cinquenta e quatro!).Tratava-se de um filme e do seu realizador muito famoso cá na Península Ibérica.O lord inglês,no seu jeito hiper selecto, dirigiu-se ao portuga questionando-o sobre Pedro Almodóvar, ora o Portuga percebeu Pedro Abrunhosa e impulsivamente, na sua airosa sapiência, rematou com uma exclamação:Ah, sim um cantor famoso!"Palavras para que te quero, o espanhol muito abismado retorquiu"no, no, realizadórrr".As distracções fazem-nos passar por cada uma!O portuga para limpar a sua honra, porque se tratava de um ruído e não de ignorància, bem tentou recompor-se e não saír do pódio da sapiência...em vão, porque o Lord em vez de um filme deu-lhe uma pilha desse Almodóvar, o que pós o portuga em cólicas de diarreia.A desculpa foi o camarão que comera ao almoço a quem ele antecipadamente tirara a pinta de arruaceiro, porque já negra estava a cabecinha, mas a gulipa era tanta que o intestino se revoltou...o que valeu foi a mediana sinfonia que abafava os gazes do iluminado portuga, pagando o Bubi, cão labrador, que meigamente abria a porta para os dar lá fora: era um cão com etiqueta!Enfim! Como se não bastasse e porque de analogias, de coincidências anda o mundo cheio, o seu presente de "Navidad"foi um livro sobre músicas e coros germánicos, próprios do Natal, escrito em alemão.Porra, há que aprender mais uma língua para entender os lindos cds, senão ainda poderá confundir o "Barbeiro de Sevilha" com as canções que ouvia!Para isso tratou de comprar um telemóvel espanhol para iniciar um curso livre com a Alemanha...pelo seu rosto feliz, verifiquei que as lições iam de vento em popa;que maravilha quando a felicidade bate à porta dos justos e doutos, à parte uns ruídozitos, próprios do entusiasmo, que só os deuses podem e devem saber!
Elvira:) |