Nasci em Beirute, Líbano, em 1963. Em 1976, a guerra civil obrigou-me a deixar minha pátria, fixando residência, respectivamente, nas cidades de Londres, Milão e Pádua. Nesta época, escrevi meus primeiros versos em francês. Em 1985, mudei-me para Atenas, Grécia, a trabalho, época em que me associei a grupos de poetas na França, participando de concursos e publicando dois livros de poesia (Eros, Philos, Ágape, 1985, Liturgie d´Amour, 1998). Desde 2000, vivo e trabalho em Brasília, dando continuidade à minha poesia, agora em português.
A aproximação com a poesia coincidiu com o momento doloroso da guerra civil no Líbano. Foi, a princípio, uma forma de extravasar a dor da separação. Aos poucos, se tornou uma filosofia de vida e uma responsabilidade. Não houve nenhuma dificuldade pessoal no aperfeiçoamento dessa arte, a não ser a forma de como alguns a percebiam: uma simples diversão. Percebi, aos poucos, e com muito incentivo, que esse era o meu caminho e minha missão de vida. Tenho despertado muitos corações no decorrer dos anos, colocando esperança e alegria onde havia somente solidão e desespero. Isso tem sido muito gratificante para mim.
Minhas primeiras influencias foram os poetas franceses Lamartine, Verlaine, Hugo e Prévert. Mas não me limitei a esses, e logo abracei outras culturas. Desde então, absorvo tudo o que é poesia, até textos de colegas e autores contemporâneos. Cultura, porém, não é somente ler textos. É também respirar e expirar a alma do mundo.
Sou um poeta do coração e da vida, meu estilo é portanto lírico. Escrevo sobre as inquietações cotidianas e sobre o milagre do amor em nossa existência. Procuro sempre transmitir as vibrações positivas da vida, pois há muita tristeza e comiseração pelo mundo afora - muitas vezes para "forçar" um certo grau de atenção. Minha inspiração é safra de uma "colheita anímica", e desperta na hora certa, como o amor. De qualquer modo, o texto definitivo de um poema é o estado "purificado" do meu ser.
Quem quiser se aventurar nessa maravilhosa arte de escrever deve aprender, em primeiro lugar, a conciliar o bem e o mal, respeitar essa dualidade como auxílio de seu crescimento. Quanto à produção, é importante especificar que quantidade não é sinônimo de qualidade - exceto em raros casos. No começo de toda arte há sempre a necessidade de produzir "rios a fio", no ritmo do coração, e é difícil conter esse entusiasmo. Aos poucos, os rios se tornam mares. Abraçamos o nosso estilo refinando a nossa arte.
A finalidade de toda arte é canalizar da melhor forma possível as mensagens que recebemos. A glória ou o reconhecimento pode até vir, mas é preciso termos, antes de mais nada, a consciência de que, independentemente disso acontecer ou não, somos todos parte do patrimônio cultural do universo, e portanto peças indispensáveis para o crescimento de todos os homens. Isso, por si só, é uma grande recompensa.
Por fim, quero dizer que a vida tem me reservado muitas lindas surpresas, entre uma dor e outra, muito carinho, amor e admiração: nenhuma recompensa material ou título pode igualar o tesouro que guardo na minha alma. Essa riqueza é minha, inalienável, e a levarei comigo na hora de partir para outra dimensão. Atrás, deixarei apenas a minha gratidão e a saudade nas almas que toquei.
by Jean-Pierre Barakat, 05.11.2002 |