Não pense que seria um dia comum. Se tanto, como o trágico onze de setembro americano. Parece-me a data ideal, Onze: Uma pessoa mais uma pessoa = Ausência de solidão. Pois é, neste dia de setembro que não houve, os terroristas seríamos
Nós próprios. Nós que também em um dia de julho juramos fidelidade na alegria e na tristeza. Tu bem sabes que não sou ligado à religião, embora o juramento que agora cito era perante Deus. Este respeito. E confesso que quando pronunciei a palavra EU JURO, algo dentro de mim dize que era para valer, acenando que todos sabem que nada valho.
Como o carvalho solitário na estepe eu pensei que me bastasse. Só que para se ter valia é necessário o outro.Não posso me valer sozinho. Não tem sentido. O juramento valia. E era o bastante. A vida levava dois aviões avariados por ela, ou talvez por nós dois a colidirem em um prédio cuja matéria era a mesma
da catedral em que fizemos o juramento.
Penso que nunca vou mudar, vês que fiz disto profissão durante 30 anos.
Fazer o que? Sou de difícil convivência tu sabes. Onde moro é o lugar onde reside a estrutura da solidão e da fuga.(até mesmo de ti). Não é coisa boa de morar. Não penses que estou deprimido.Não. Sou um cara legal, ilegal seria o dia que não aconteceu. Morreu antes de levar consigo gente de boa safra. Deus o tenha. Ou melhor, o diabo o tenha. Deixemos para Deus os dias depois de onze de setembro.Explodiria neste dia um prédio construído por duas pessoas, mas que lá residem infinitas. Tudo errado! Tudo se este dia tivesse nascido. Só que de comum acordo o abortamos. E eu garanto a ti companheira única do meu esculhambado amor. Garanto, afirmo e dou fé, que nenhum juiz do mundo jamais poderia fazer neste dia onze. A decisão foi certa. Aguardemos. Quem sabe na virada de um mês, um ano sobre um vento que nos envolva em paz. Se assim o for, Deus nos abençoe, se não, nós abençoará de qualquer forma. SEU JURAMENTO FOI HONRADO.
Do Carlos.
