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Artigos-->Baú de ossos e ossos do baú -- 04/11/2002 - 09:09 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma prova de que Cristo existiu! Dias atrás ganhou as manchetes do noticiário mundial a descoberta de uma urna de ossos do primeiro século da era cristã com a inscrição "Tiago, filho de José, irmão de Jesus". A revista "Biblical Archaeology Review" publicou um estudo do especialista em aramaico (a língua falada no período) André Lemaire, da Universidade de Sorbonne, em Paris.

A urna está causando enorme polêmica entre especialistas e religiosos. A Autoridade de Antiguidades de Israel pretende adquirir a urna, caso sua autenticidade seja comprovada. Mas provar se a urna foi de fato de são Tiago e que a referência é realmente a Jesus será impossível, segundo alguns especialistas. A Igreja Católica Romana, que se afirma ter sido fundada por Jesus, até o momento não se pronunciou sobre a descoberta.

A câmara mortuária de calcário com a inscrição data de 63 d.C. Essas câmaras eram comumente usadas por famílias judias entre 20 a.C. e 70 d.C. para guardar os ossos de seus entes queridos. Lemaire afirmou que é "muito provável" que a câmara tenha pertencido ao irmão de Jesus, Tiago, que, pela tradição cristã foi líder da Igreja em Jerusalém. Mas alguns acadêmicos duvidam que a caixa, que mede 50 centímetros de comprimento por 28 centímetros de largura, possa ser definitivamente vinculada a Jesus. Tiago, José e Jesus eram nomes comuns na antiga Jerusalém, que possuía cerca de 40 mil habitantes. "Nós nunca teremos certeza absoluta. Na minha profissão, nós raramente temos certeza absoluta de alguma coisa", observou Kyle McCarter, um arqueólogo da Johns Hopkins University. O próprio Lemaire estima que possam ter existido em Jerusalém em torno de 20 Tiagos com irmãos chamados Jesus e filhos de um José. Mas, estatisticamente, a chance de os mesmos três nomes constarem em um tipo de inscrição em que não se costumava citar irmãos é considerada desprezível.

Para muitos cristãos, em especial, a surpresa não foi a descoberta da urna, mas a informação de que não há provas documentais da existência efetiva de Jesus. Dado como dogma de fé – existiu, e ponto!– o assunto jamais é ventilado entre os devotos do cristianismo.



Testemunhos de fé



Mas até o momento nenhuma prova física do primeiro século foi conclusivamente vinculada à vida de Jesus. Frank R. Zindler, professor de biologia e geologia, membro da Associação Americana pelo Avanço na Ciência e das Escolas Americanas de Pesquisas Orientais, afirma que "é mais fácil explicar os fatos da história dos primórdios do cristianismo se Jesus tiver sido uma ficção do que se tiver sido real".

No Antigo Testamento, alguns profetas anunciam que um "ungido" (rei ou sacerdote salvador) reassumiria um dia a liderança do mundo judeu. Mas a história de Jesus, que não deixou nada escrito, é registrada no Novo Testamento, que é composto de três tipos de documentos: cartas, evangelhos (que são as quatro biografias de Jesus) e os apocalípticos.

O evangelho de Marcos é considerando o mais antigo, escrito provavelmente em 90 d.C, mas contendo material central de 70 d.C. Ele começa a história com João Batista dando um banho em Jesus, e termina com as aparições pós-ressurreição (há quem questione a autenticidade dos últimos doze versículos de Marcos. Mesmo a Edição Pastoral, que recebeu o imprimatur do presidente da CNBB, Luciano Mendes de Almeida, em 1991, admite que os trechos referentes às aparições de Jesus ressuscitado são considerados "obra de outro autor" e não de Marcos). Ele não se refere ao nascimento, genealogia e infância de Jesus. Os evangelhos de Mateus e Lucas foram escritos a partir do evangelho de Marcos, ao qual adicionam palavras e adágios de Jesus e detalhes históricos. Mateus e Lucas se contradizem mutuamente sobre a genealogia de Jesus. Apenas esses dois evangelhos abordam o nascimento, infância e ancestralidade de Jesus.

Marcos não tinha familiaridade com a geografia Palestina e, quando conta a história de Jesus caminhando sobre o Mar da Galiléia e exorcizando demônios de um homem (dois homens, na versão de Mateus) e fazendo-os entrar em cerca de 2.000 porcos que se atiram e se afogam no mar, contextualiza a narrativa em Gerasa, que está localizada a cerca de 50 km do Mar da Galiléia, distância que os porcos tiveram que correr para encontrar um lugar para se afogar! Quando Mateus leu a versão de Marcos, viu a impossibilidade de Jesus e seus discípulos desembarcarem em Gerasa(que por sinal também ficava em outro país, o assim chamado Decápolis), localizou a história em Gadara, mas mesmo esta dista 8 km da costa, 8 km que tais animais tiveram que percorrer para cometer o suicídio.

Jesus é freqüentemente chamado de "Jesus de Nazaré". Esta cidade não existia nos primeiros séculos anteriores à era Cristã e nem no primeiro século da era Cristã.

No evangelho de João, Jesus é praticamente um espírito, do princípio ao fim. Seu início é poético (cito a Edição Pastoral). "No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus" ... "E a Palavra se fez homem e habitou entre nós". O evangelho de João foi compilado por volta de 110 d.C. Os milagres relatados nele se confundem com milagres atribuídos a Dionísio, transformando água em vinho, ou às curas de Asclépio (deuses gregos).

Os outros escritos do Novo Testamento apresentam situações semelhantes quanto à verossimilhança. Esses escritos tiveram por objetivo propagar o cristianismo, não sendo portanto documentos descompromissados com a história que queriam divulgar.

Historiadores judeus e pagãos fazem referências aos cristãos, e não a Jesus. E se há coisa que ninguém coloca em dúvida é a existência de cristãos e do cristianismo desde há cerca de 2 mil anos...

John E. Remsburg, autor de The Christ: A Critical Review and Analysis of the Evidence of His Existence (O Cristo: uma revisão crítica e análise de sua existência), lista os seguintes escritores que viveram durante a época, ou até um século após a época, em que Jesus teria vivido: Josefo, Filon de Alexandria, Plínio (o Velho), Arriano, Petrônio, Díon Pruseus, Paterculus, Suetônio, Juvenal, Marcial, Pérsio, Plutarco, Plínio (o Moço), Tácito, Justus de Tiberíades, Apolônio, Quintiliano, Lucanus, Eptectus, Hermógenes, Sílio Itálico, Statius, Ptolomeu, Apiano, Flegon, Fedro, Valério Máximo, Luciano, Pausânias, Floro Lúcio, Quinto , Cúrcio, Aulo Gélio, Díon Crisóstomo, Columella, Valério Flaco, Dâmis, Favorino, Lísias, Pompônio Mela, Apiano de Alexandria, Teão de Smyrna. No entanto, "nessa massa de literatura pagã e judia, fora duas passagens falsificadas de um autor judeu e duas passagens discutíveis em trabalhos de autores romanos, não foi encontrada nenhuma menção a Jesus Cristo."



Outros mistérios existem



O caso de Jesus não é único. Outros personagens consagrados na história da humanidade têm sua existência física questionada.

Pouco se sabe, por exemplo, a respeito da vida de Homero, que teria vivido por volta dos séculos IX e VIII a.C. Existem sete versões diferentes para a sua vida. Esmina, Rodes, Quios, Argos, Ítaca, Pilos e Atenas reivindicam ser o lugar de seu nascimento. Supõe-se que o autor de Ilíada e Odisséia era cego, pela origem de seu nome em grego (aquele que não vê). Além das duas obras, a Antiguidade atribuía a Homero a Tebaida, os Hinos Homéricos, Batracomiomaquia etc.

Este outro é posterior a Jesus: William Shakespeare teria nascido em Stratford-on-Avon, Grã-Bretanha, em 1564 e morrido em 1616. Há a história de um homem com esse nome e com essas datas de nascimento e morte, mas existem teorias que indicam não ter sido ele o verdadeiro autor das obras ao "bardo". Elas seriam, na verdade, de um conjunto de dramaturgos.

Mesmo que não tenham existido, as obras homéricas e shakespeareanas exercem influência até hoje na vida cultural, assim como o cristianismo é um movimento marcante na saga humana.



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