Retrato
Mário Marinho*
Ontem vi em um álbum meu retrato
Uma foto do tempo de fedelho
Sobre a luz fotogênica de um espelho
Fui-me olhar vi na face um velho ornato
Só a cor dos meus olhos deu exato
Porque desde menino são vermelhos
Simbolizam reflexos dos conselhos
Nesse olhar tímido meigo e sensato
Mas nas rugas da pele e nos cabelos
Apesar de cuidar com tanto zelo
Vi que o tempo sutil me transformou
Houve um grande desgaste e ao perceber
Quase quebro o cristal pra não me ver
Mas deixei, foi fiel, disse o que sou.
(*) Mário Marinho da Costa: In-memorian- foi maravilhoso poeta. Declamava de memorização poemas de sua autoria, também criados no momento, rimados e metrificados. Impressionava pela doçura, encantamento e inspiração bucólica dos seus poemas! Escrevia sonetos também.
Pertencia a Academia Paraibana de Poesia. Nasceu em 1911 e faleceu em fevereiro
de 2008 em João Pessoa-PB.
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