Por que não buscar, na informação científica economicamente disseminada pelos jornais, um vislumbre de explicação que seja para os ainda que escassos e às vezes rarefeitos lampejos de poesia a irromper com insistência admirável na vida cotidiana:
"Os chamados extremófilos, microorganismos simples que vivem em locais onde normalmente não se esperaria a presença de seres vivos, são ainda por cima capazes de transformar, em metal sólido, ouro dissolvido."
1. Um reparo: a formulação original era ambígua, terminando com "capazes de transformar ouro dissolvido em metal sólido".
2. Uma ressalva: um texto nunca abre mão da interação com o leitor. Releio-a com atenção redobrada e faça o seu papel.
3. Ou estarei sendo demasiado severo para com a humanidade?
4. Em sua infinita autocomplacência - isso a literatura nos ensina -, o ser humano já se experimentou da perspectiva dos pássaros, bem como, em raro momento de satírica autocrítica, do ponto de vista dos batráquios. Com o avanço da microbiologia, e com o retrocesso do gênero humano, por que não tentar agora o das bactérias?
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