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Cronicas-->Festa no Paraíso -- 20/10/2004 - 21:20 (José Geraldo Barbosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Festa no Paraíso

Dezessete de abril de 1998. Quinta-feira.
Dona Tita havia levantado logo cedinho, pois, já sabia que iria ter um árduo dia pela frente.
Comprometera-se a organizar a festa de aniversário do Marquinho e havia muita coisa a fazer, pois, a maioria dos convidados já havia confirmado presença.
De fato, fora um dia árduo. Uma trabalheira danada. Verdadeira correria para fazer as compras, preparar salgadinhos, docinhos, enfeites, enfim, tudo aquilo que uma festa de aniversário, ainda que modesta, precisa ter.
Agora, depois de um bom banho, arrumara-se esmeradamente e estava, toda chique, dando os últimos retoques na sala.
Finalmente, tudo pronto. Aguardava, apenas, a compensação pelo trabalho todo.
E, qual seria essa compensação?
Primeiro, o fato de proporcionar uma alegria a mais ao Marquinho que, de resto, já andava muito contente ultimamente. Extremamente feliz, Marquinho era o elo que unia um grupo muito especial ali.
Segundo, o fato de poder reunir numa só noite inúmeros amigos queridos que, devido a seus afazeres, dificilmente se encontravam, assim em massa.
De repente, seus olhos se iluminaram: chegava o Marquinho, exatamente aquele que deveria chegar primeiro, pois era, naquela noite, o centro das atenções e do carinho dos demais participantes.
Vinha vestido com uma calça branca de linho, daquelas que sempre voltam a fazer parte da moda, camisa ramada, que lembrava o Caribe, sapatos caprichosamente engraxados, cabelos bem penteados. Aliás, seu traje era apropriado para aquele clima tão agradável que, certamente, iria rolar.
- Marquinho, querido! Que bom que você chegou! Dê-me cá um abraço, meu filho. Parabéns! Muitas felicidades a você, meu anjo!
- Boa noite, vó. A senhora tá boa? Pelo jeito, tá, pois está tão linda com essa roupa nova. É nova, não é?
- Não, filho, nova não é, mas, também não é muito velha, não. É que a gente demora para se encontrar e você ainda não a tinha visto.
- Nossa, vó. Como a sala tá bonita, a senhora caprichou mesmo, hein? Que mesa bem posta. Tão farta...
- Marquinho, pare de brincadeira! Já sei que você vai completar, dizendo o seguinte: "Mesa farta, hein, vó? Farta salgadinho, farta doce, farta tudo...
- Não, eu jamais brincaria assim com a senhora. Depois de todo o trabalhão que a senhora teve, eu não seria capaz.
- Menino bom! Sempre educado.
- Então, vó, e os convidados, virão mesmo?
_ Muitos confirmaram sua presença e, daqui a pouco, deverão começar a chegar. Vamos aguardar.
E continuaram ali, num papo bom e descontraído, relembrando coisas, contando-se as novidades, num clima de muita paz, alegria e prazer.
- Chegou alguém ai, vó, posso atender?
- Por favor, filho.
Marquinho encaminhou-se até a porta e, adivinhem quem estava chegando? O Irineu. Não podia ser outro, não é mesmo?
- Oi, Irineu.
- Oi, Marquinho, venha de lá um abraço! Parabéns, felicidade, muita felicidade. Trouxe-lhe aqui uma lembrancinha.
E entregou ao aniversariante um pacote que trazia nas mãos. Adivinhem de novo se, como sempre aconteceu, esse não seria o melhor presente que o Marquinho receberia naquela noite!
- Muito obrigado, padrinho, muito obrigado. Vamos entrando. Venha ver a festa que minha vó preparou pra nós. Venha.
Irineu olhou a mesa, fitou os enfeites e, pra não perder o costume, falou:
- Hum... típica festa de pobre.
Só que, adivinhem (de novo) se, como também sempre aconteceu, o Irineu, no ato, já não foi provando uns salgadinhos, uns docinhos, e se já não foi correndo os olhinhos ligeiros à caça de um copo para uma bebida qualquer.
Nesse momento, tocaram a campainha novamente e, desta vez Dona Tita foi atender, para não interromper a conversa entre os dois.
Era o Walter, que nem entrou. Passara somente para avisar que ele e o Edgard acabavam de chegar, após cumprir uma missão importante, e iriam tomar um banho, trocar de roupa, mas, que pudessem aguardar, que eles jamais faltariam à festinha do Marquinho.
Dona Tita comunicou o fato ao Neto, que sorriu satisfeito:
- Eu sabia que meus tios não deixariam de vir.
Chegaram, numa vez só, Sadao e Seu Chico. Tinham ido pescar à tarde e estavam ambos muito queimados de sol, mas, esbanjando saúde.
Cumprimentaram e abraçaram o Marquinho e foram se acomodando.
De repente, entra na sala, um senhor de bigode, com uma roupa que mais parecia um balão, toda colorida e estufada. Nas mãos, um pacote de paçoquinha..
- Seu Ernesto! exclamou Marquinho. Como vai, seu Ernesto?
- Marquinho, antes de mais nada, parabéns! Tudo de bom pra você. E aqui está o de costume: minha famosa paçoquinha.
Com a chegada do Ernesto, o ambiente começou a ficar animado. Ele já começou a contar algumas piadinhas, queria, porque queria, que a Dona Tita arrumasse uma caixa de fósforos, com a qual ele, de forma exímia, se fazia acompanhar ao cantar velhos sambinhas de breque ou chorinhos.
O Marquinho lhe disse:
- Calma, seu Ernesto, é cedo ainda. Quem sabe mais tarde, já não chegam aí alguns batuqueiros e a cantoria esquenta, é ou não é?
Ernesto, então se acalmou e foi procurar uma bebidinha e um tira-gosto, que ninguém é de ferro.
De repente, os olhos do Marquinho brilharam e ele, não se contendo, correu ao encontro do convidado que estava chegando: o Campineiro. Campineiro fora um grande amigo dele no passado e continuava sendo no presente. Continuava divertindo o Marquinho com suas histórias, brincadeiras e gozações.
A partir daí, foram chegando os convidados, uns atrás dos outros: Inês, Adilson, Wilson Gordo, Satio... .
Chegaram o Walter e o Edgard, enfim, a casa foi-se enchendo de gente.
De repente, chegou a caravana dos dracenenses, com o Seu Lau à frente. Atrás, vinham a Dona Carmela, A Carmelina, a Bibi, a Marcinha.
O Marquinho veio recebê-los e foi efusivamente cumprimentado, já que era querido por todos igualmente.
Lá na sala, o Ernesto já havia arrumado a famosa caixa de fósforos e ia enfileirando os sambas de breque. Meio desafinado, é certo, mas, nem por isso deixava de alegrar o ambiente.
Em dado momento, Dona Tita convidou a todos para que cantassem o "Parabéns a Você". Pro Marquinho, é lógico! Cantaram, em seguida veio o infalível pique-pique, abraçaram-se e se confraternizaram com muita alegria.
Em dado momento, o Marquinho pediu para falar alguma coisa e, então, fêz-se silêncio na sala.
- Minha gente, estou mais do que satisfeito e feliz com esta comemoração. Acho mesmo que é a melhor festinha de aniversário que já se organizou para mim. Porém, uma coisa me entristece: é a preocupação com os nossos entes queridos que estão lá na terra, vivendo uma vida que não chega nem perto de ser feliz como a nossa, sofrendo dissabores, tendo mil preocupações no seu dia-a-dia, enfim, não acho justo nós gozarmos de tanta felicidade e eles, por sua vez, sofrerem tanto.
A Carmelina, que adora falar em público, pediu a palavra e comentou:
- Marquinho, eu sei que você tem razão, mas, cada vez que você demonstra toda essa preocupação, eles têm seu sofrimento aumentado. Nós temos apenas que rezar por eles e aguardar que venham até nós. E torcer para que esse dia chegue o mais breve possível.
- Tem razão, Dona Carmelina - respondeu o Marquinho - tem razão. Vou procurar esquecer tudo isso e apenas pensar no dia em que nos reencontraremos. Consigo até ver-nos, todos juntos aqui, nesta vida maravilhosa, na maior paz, calma, tranquilidade... Vamos apenas rezar por eles.
Todos baixaram a cabeça, cerraram os olhos e, em coro, foram repetindo:
- Pai Nosso, que estais "aqui" no Céu, santificado seja o Vosso nome...

Obs.: Marquinhos nos deixou em 1994
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