Cheirando a gambá
O velho militar contava e ria, mostrando os dentes amarelados pelos anos de nicotina.
“ Joguei o bicho em cima dele.Foi uma coisa rápida, o bicho se assustou e saiu correndo. Os outros chegaram logo, fingindo não terem visto o que eu fiz.
- Credo, que horror esse cheiro.
- Nossa, será que jogaram alguma coisa no fogo?
- Parece gambá!
Logo todo o acampamento soube do ocorrido e entrou na brincadeira.
- Nossa, o Tenente Bueno está tomado de uma fedentina! – dizia um em voz alta.
- Com certeza foi gambá! – afirmava o outro.
O Tenente, depois de três banhos na água gelada do rio, não conseguia manter o bom humor;
- Vou me vingar do velhaco do Tenente Ramos. Ele não perde por esperar.
E lá se foi tomar mais um banho.
Logo o capitão mandou um soldado chama-lo. Depois de mais um banho, ele foi.
O capitão, avisado a tempo, assim que ele entrou na barraca reclamou:
- Credo Tenente, de onde está vindo esse cheiro?
- Desculpe Capitão, com sua permissão preciso sair um pouco.
Tomou outro banho. Eu rolava de rir.
Contamos os banhos, oito no final.
Sob a ameaça de punição, fui obrigado a confessar ao Bueno, que o bicho que joguei nele era apenas uma raposa que caíra numa armadilha e que o resto foi simples armação.
Até hoje ele não fala sobre a história. Aliás, nunca mais falou comigo.”
Coisas de quartel.
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