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Artigos-->Deus nosso de cada dia -- 28/10/2002 - 11:48 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os deuses estão presentes no nosso cotidiano. Nos mínimos detalhes estamos, crentes e incréus, nos referindo a eles. Trata-se de cultura desenvolvida de tempos imemoriais.

Sol, estrela ao redor da qual os planetas giram, é um dos nomes de Hélios, deus grego que a cada manhã subia do oceano para o céu em sua carruagem, descendo somente à noite. Fazia seu percurso de leste para oeste. É o deus que tudo vê e tudo sabe. Atualmente, nove planetas são conhecidos no Sistema Solar- aventa-se a hipótese de um décimo, Quaoar, descoberto recentemente, mas ainda não há certeza de que se trata de planeta ou um outro tipo de corpo celeste. Todos os nove planetas têm nomes de deuses.

Os antigos não sabiam que a Terra era um planeta, mas seu nome deriva de Gaia, a mais antiga das deusas, segundo Ovídio. Foi, na mitologia grega, a deusa mãe primordial, geradora de todos os deuses, livre de nascimento ou destruição, de tempo e espaço, de forma ou condição. Surgiu do vazio eterno, dançando e girando sobre si como se fosse uma esfera em rotação.

Os primeiros planetas identificados foram cinco. Um dos planetas recebeu, em várias culturas, o nome do deus mais poderoso - Marduc (babilônios), Odin (nórdicos), Zeus (gregos), Júpiter (romanos, nome que prevalece até hoje). Mercúrio foi assim chamado por ser o mais veloz, sendo batizado então com o nome do mensageiro dos deuses; outro foi denominado Vênus, a deusa do amor e da beleza; o planeta cor de sangue passou a ser Marte, deus da guerra; o mais lento foi batizado com o nome do deus do tempo, Saturno. Para manter a tradição, o planeta descoberto em 1781 recebeu o nome de Urano, deus do céu, pai de Saturno. O mesmo aconteceu com o descoberto em 1846, Netuno, deus dos mares, e com o descoberto em 1930, Plutão, deus do mundo subterrâneo (ou do inferno), filho de Saturno e de Ops, irmão de Júpiter e de Netuno.

Também o recém descoberto Quaoar tem nome quimérico. Na mitologia dos índios Tongva, primitivos habitantes da região de Los Angeles (EUA), Quaoar veio dos céus, e após colocar a ordem no caos, colocou o mundo sobre as costas de sete gigantes. Em seguida criou os animais e o homem.



Nomeando o tempo



Alguns nomes de meses têm suas conexões com deuses: janeiro em homenagem a Janus, deus que protegia as portas de Roma, e março em homenagem a Marte. Maio vem da deusa romana Maia e junho deriva de Juno, deusa que protegia a maternidade e as mulheres casadas. Fevereiro refere-se a februa (festas de purificação para afastar os maus espíritos), abril vem de aprilis, que significa as espumas do mar, onde nasceu Vênus.

Os dias das semanas também se referem aos deuses. Ei-los, em inglês: Sunday, dia do Sol; Mo(o)nday, dia da Lua, a Selena grega, cujo nome significa luz, claridade (era identificada pelos romanos como Diana); Tuesday, dia de Tiw, deus anglo-saxão da guerra; Wednesday, dia de Odin, protetor dos exércitos, dos mortos em batalha, da magia, dos magos e dos andarilhos; Thursday, dia de Thor, deus do trovão, filho de Odin; Fryday, dia de Freia, deusa do amor, mulher de Odin; Saturday, dia de Saturno. Os correspondentes alemães: Sonntag, Montag, Dienstag, Mitwoch, Donnerstag, Freitag e Samstag.

Nas línguas de origem latina dá-se o mesmo. Em espanhol: Domingo (Dominicus dies, em latim, dia do Senhor), Lunes (Lua), Martes (Marte), Miércules (Mercúrio), Jueves (Júpiter), Viernes (Vênus), Sábado (Shabbath: descanso, em hebreu; o dia em que Jeová descansou). Os correspondentes italianos: Domenica, Lunedi, Martedì, Mercoledì, Giovedì, Venerdì, Sabato. Em francês: Dimanche, Lundi, Mardi, Mercredi, Jeudi, Vendredi, Sanedi.

Em português os nomes são outros, mas a derivação também é religiosa. Neste caso, foi adotada a designação da Igreja Católica Romana, com a palavra "feira" nos dias de trabalho - de segunda a sexta. No latim clássico, "feriae" eram os dias de festa ou de descanso, mas a palavra passou a designar o trabalho, porque o comércio permanecia ativo nesses dias. Foram mantidas as denominações do domingo e do sábado.

Na geografia mais uma vez os deuses e crenças estão presentes. O nome Oceano provém de um dos titãs - filhos da Terra e do Céu. Atlântico vem de Atlas, outro titã, filho de Iapetus e Clymene, portanto pertencente à antiga raça de deuses. É irmão de Prometeu, Epimeteu, e Menoetius, e esposo de Pleione, filha de Oceano. Por haver lutado contra a rebelião dos deuses, liderada por Zeus, foi condenado a sustentar os pilares do firmamento sobre seus ombros para toda a eternidade - daí seu nome ser associado ao mapa. Europa, que deu nome ao continente, era filha de Agenor, poderoso rei de Tiro. Zeus a raptou e com ela teve um filho, o rei Minos.



Aparência, essência, ciência



Na época dos descobrimentos, os interesses econômicos já prevaleciam sobre as crendices. Daí América ter o nome associado a Américo Vespúcio, navegador e descobridor italiano. A mudança de nome do nosso país é sintomática: primeiro, foi avistado o Monte Pascoal - referência à Páscoa cristã -; depois, o continente foi batizado Terra de Santa Cruz - com a referência ao instrumento do suplício de Jesus e símbolo do cristianismo; mas o nome que vingou foi mais pragmático: Brasil, nome da madeira que interessava aos europeus. Provavelmente, não há região no planeta que não tenha um acidente geográfico ou uma cidade batizada com algum nome ligado a crenças, deuses, santos.

As referências se multiplicam nas mais variadas áreas, tão arraigadas na formação humana são as crenças. Os nomes das notas musicais, por exemplo. Nos países latinos e eslavos, elas foram tomadas das sílabas iniciais de um hino religioso: UT queant laxis/ REsonare fibris/ MIra gestorum/ FAmulio tuorum/ SOLve polluit/ LAbii reatum/ Sanct Ioannis. Essa nomenclatura foi adotada pelo monge italiano Guido Dárezzo, no século XI. Em 1693 o nome ut foi substituído pelo dó (na França, continua sendo chamado ut). O SI foi formado pelas iniciais do Sanct Ioannis (São João Batista).

Muitos mitos e crenças foram formas de aprendizado. Com o aprofundamento das observações, das experiências e experimentações, os saberes vão substituindo as crenças, que se mantêm, contudo, sedimentadas no imaginário. O predomínio do conhecimento sobre a crença é, portanto, desafio que vem de tempos longínquos. Separar essência da aparência é parte fundamental do aprendizado humano. É o caminho para o domínio do real e para a liberdade de atuar de acordo com as necessidades e as leis naturais.



Leia também Ética, questão de classe.
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