… Não entendo o argumento segundo o qual é necessário matar inocentes hoje, para salvar mais inocentes amanhã. Como distinguir o malfeitor do salvador se ambos se mostram dispostos a assassinar inocentes?...
… Isto lembra-me o conto do macaco que queria salvar o peixe. Um dia o macaco aproximou-se de um lago e viu um peixe a nadar. «Pobre animal», pensou o macaco: «está a afogar-se». O macaco decidiu então salvar o peixe. Lançou-se à água e com muito esforço conseguiu agarrar o peixe e trazê-lo para terra firme. Enquanto o peixe saltava e se contorcia, tentando voltar para dentro da água, o macaco chamou os amigos: «Vejam como está feliz o pobre animal que eu salvei de morrer afogado. Vejam como dança». Isto durou alguns minutos. Depois o peixe morreu. «Pobre animal», disse o macaco: «Morreu de alegria». …
… uma guerra preventiva … É como derrubar as árvores de uma floresta para impedir que um incêndio as destrua. …
… Vocês acham que basta educar os motoristas, melhorar os autocarros e os passeios. Não adianta! Haverá sempre autocarros a galgar passeios e a matar peões, enquanto houver passeios, autocarros e peões. O que precisamos é de treinar os peões de forma a que consigam resistir ao embate dos autocarros. … E não será possível exterminar os peões? …
… Outra coisa que me custa a compreender é que a melhor maneira de forçar um país a desarmar-se seja ameaçando-o com um ataque. …
… E porque não atacam a Coreia? – Porque esses têm realmente armas de destruição em massa! …
… Petróleo?! Nós queremos apenas libertar os iraquianos. Queremos que os iraquianos tenham uma democracia igual à nossa. Queremos que possam beber coca-cola e comer hambúrgueres, e ouvir a nossa música, e ver bons filmes americanos, e jogar basebol, como qualquer pessoa no mundo livre. O que está em jogo é o futuro da civilização ocidental. …
NB: - Frases retiradas de uma Crónica do jornalista e escritor José Eduardo Agualusa in «Pública» 2003-02-23