Do outro lado vinha Maria.
À sombra do seu mal ela jazia.
Maldita, carregava seu passado,
enlameado de desgosto, um condado.
Sempre embriagada, só no mal pensava.
Queria que o inferno de mim se apoderasse,
pois me via como algoz do que passava,
repassando sua via sem que eu a mirasse.
Ativa e sorrateira, promulga seu decreto.
Ou eu, ou mais nenhuma, declara o veto.
Mulheres como a tal perdem a noçäo,
de que vivem para o mal do seu quinhäo.
E o par, e a visão da Lua tão cheia?
E a voz, e o refrão, e o dom de ninar?
Pare de me lembrar a cançäo da sereia!
Cante só um pouco a cançäo do mar!
E aí saberás porque és Maria,
pois o mar é o seu nome adjetivado.
Se näo for assim, o que te restaria,
senäo só dor, e mais um passo errado.
Fale com Deus Maria, sinta o vento.
Trame um amor a cada desalento.
Indique alguém para algum emprego.
Ache em ti mesmo pleno aconchego.
Metido a Poeta
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