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Cordel-->O mundo sem poesia -- 16/05/2017 - 10:06 (Carlos Alê) |
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Quero sempre expressar
o esplendor da natureza
mas a tal modernidade
corrompeu sua pureza
impedindo que ela seja
testemunho de beleza
Vendo rios e florestas
se acabando em agonia
inquieto e pasmado
me pergunto todo dia
o que faço do meu estro
num lugar sem poesia?
Como vou me inspirar
na sujeira de um rio
que a sua correnteza
joga sobre o baixio
misturada com o óleo
que vazou de um navio?
Como vou ser um poeta
se eu sei que a imagem
da espuma do riacho
avistada de passagem
é bonita num poema
e não é na paisagem?
Como posso descrever
os primores da natura
se eu só vejo na cidade
uma prosa obscura
que o lixo é o borrão
e o grafite é a rasura?
Só me sinto cerceado
preso em uma vertigem
vendo tanto ingazeiro
recoberto de fuligem
escondendo aquele viço
que existia na origem
Toda vez que eu estou
procurando por um tema
com o fim de traduzir
em linguagem de poema
posso até falar em flor
sem resolver o dilema
Se me ponho a versejar
com a verve do momento
avistando a minha rima
no azul do firmamento
lembro cada poluente
carregado pelo vento
E só sei falar em gás
que no ar fica disperso
em veneno entranhado
em rejeito submerso
como alerta sem efeito
rascunhado no meu verso
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