O RELÓGIO
Tenho um amigo que é relojoeiro. E dos bons. Certo domingo ele me convidou para almoçar em sua casa, e eu aceitei, porque há muito eu não via sua família. Enquanto atravessávamos a cidade em seu carro, ele me contava que finalmente havia consertado o relógio de parede que herdara de seu avô, coisa que há anos prometia fazer. Segundo ele, o relógio vivia sempre atrasando. Dissera-me que o relógio era muito valioso e que por isso o havia colocado no melhor lugar da sala, logo acima da cabeceira da mesa de jantar.
Após os cumprimentos de praxe, sentamo-nos todos à mesa, para o almoço, e eu fiquei a admirar a beleza do relógio. À minha direita sentara-se o meu amigo, à esquerda sua esposa e sua sogra sentou-se na outra cabeceira, debaixo do tal relógio. Enquanto meu amigo contava-me sobre a preciosidade, sua sogra levantou-se para apanhar qualquer coisa, exatamente no instante, em que o grande relógio soltou-se do prego da parede e desabou sobre a cadeira onde ela estivera sentada há instantes.
A velha senhora levou um grande susto, e enquanto sua esposa corria para ver se estava tudo bem com sua mãe, meu amigo balançou a cabeça e resmungou.
- Droga de relógio! Continua atrasado!
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