MÁGOA
Muitas vezes sonhei na Terra ingrata
O paraíso doce da ventura,
Vendo somente o espinho da amargura
Que as nossas tristes lágrimas desata.;
Somente a dor intérmina que mata
A alegria mais lúcida e mais pura,
O veneno da acerba desventura
Que fere em nós a aspiração mais grata.
Se apenas vi, porém, a mágoa intensa
Que rouba a luz, o amor, a paz e a crença,
É que a dor da minhalma em tudo eu via.
E aumentava minha íntima tristeza
Vendo em tudo, na própria Natureza,
A mesma dor que eu tanto padecia.
Auta de Souza
(De "Parnaso de Além-túmulo" de Francisco Cândido Xavier - Autores Diversos)
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