Escravidão e Liberdade
Alice de Toledo
Foi no ano de 1888, quando
Ao entardecer na Fazenda Arrebol
Rouxinóis num jasminzeiro
Cantavam alegremente
Saudando o pôr-do-sol
Assustado, de repente
Um deles parou de gorjear
E ao colega, pôs-se a perguntar
Que há nesta senzala
Que todos estão a dançar?
É 13 de maio - foi extinta a escravidão
Abrem-se os portões das senzalas
Perdoa-se ao escravo fujão
E festejando o glorioso dia
Entoam hinos à libertação
Antes, escravos trabalhavam
Do nascer ao findar do dia
Sob as vistas de um feitor
Que só maldade fazia
Açoitava o pobre negro, que desobedecia
E a festança continuava
Todos cantavam em coro
Davam viva a ISABEL, Princesa Redentora
Que assinou “LIBERDADE”
Com sua caneta de ouro
Quem é esse CASTRO ALVES,
Que a multidão aclama?
É O POETA DOS ESCRAVOS, VATE DA ABOLIÇÃO
Que exaltava a Liberdade
E condenava a Escravidão
Ele partiu muito cedo
Em um último vôo de Condor
Foi morar no infinito, de onde nos enviou
A semente dos seus sonhos
Que no BRASIL germinou
Combateu, duramente, as injustiças sociais
Fez belos poemas que ficaram imortais
Mensageiro Celeste, decerto voltará no dia
Que o homem sentir precisão de ouvir
A música harmoniosa de suas poesias
O rouxinol ao escutar a singela narração
Abriu as asas e foi-se aos irmãos
Que associados aos festejos da senzala
Revoavam, todos, na mesma direção
E felizes cantavam: Viva a Justiça.
Salve a ABOLIÇÃO
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