O BARCO
Marcelino Rodriguez
Sei que não posso esperar
Os risos e guizos
Que fariam viajar
Meu barco feliz.
Pessoas não são pássaros
E cultivam o desamor
Nunca reparam desenhos de nuvens,
Nem farol de estrelas
Anunciando o explendor.
Meu barco, sozinho no porto, parte...
Veleja com golfinhos
Brincando com o universo
Na orquestra dos peixes;
Enquanto a dor fica para traz
Meu amor segue adiante.
O Mar é grande,
O Céu imenso.
Só o amor de quem não parte no barco,
pequeno.
AS ONDAS NAS PEDRAS
Marcelino Rodriguez
Onde adormecem os sonhos que morrem lentamente, deixando rastros no coração? Quem ouve a canção dessas dores secretas? Quem chora por elas no tempo?
A tristeza é um leopardo no escuro.
Sentimentos sem asas, anjos feridos.
Um grande silêncio.
Um grande silêncio paira sobre os sonhos que amanhecem e não vingaram.
A tristeza é um leopardo no escuro.
Os sonhos esquecidos são como as pedras a cantar nas ondas eternamente sob o silêncio de Deus.
A tristeza é um grande Leopardo no escuro.
Onde adormecem os sonhos que morrem lentamente no peito dos solitários?
Essa é a pergunta das ondas nas pedras e do vento ao tempo.
A tristeza é um leopardo no escuro.
TRECHO DE SENTIMENTO ILHADO
O FANTASMA
Marcelino Rodriguez
Ele a via nua da cintura para cima, linda e fútil, com os belos
cabelos castanhos caindo nas costas. Com ciúmes, reclamava.
De repente, acorda. Era um sonho.
Era a ex namorada . Onde andaria?
Acende um cigarro, melancólico. Pensa que jamais se livraria
daquele fantasma, talvez nem quisesse. Ele a carregava como
uma parte amputada de si, como um braço, uma perna, um olho.
E agora a madrugada caia de silêncio em cima dele, com a brasa
do cigarro o amparando na janela deserta, entregue a memória do membro
perdido.
Direitos Reservados
O JARDIM DO JEDI
Eu poderia dizer que ,durante muitos anos, logo assim que entrei na
primeira juventude, vi-me numa floresta escura do entendimento.
Confundi minha essência com o mundo social e veio a escuridão. Foi
por muito tempo como praticamente eu houvesse me perdido de mim.
De uma certa maneira, a força que guiava-me ainda estava comigo,
porém não havia sabedoria em mim para manejá-la. Hoje percebo que
os mestres de sabedoria estavam o tempo todo contando meus passos,
sentindo meu coração e monitorando meus pensamentos, a fim de que eu
pudesse novamente experimentar a glória da minha natureza e a pureza
da minha alma. Fiquei despido de tudo, para isso. Os contatos terrenos
passaram de precários a nada.
Os laços de sangue se mostraram enganosos. Então nu de todo, diante
de Deus,
eu pude perceber que só há verdadeira união entre os iguais.
Somente os que amam podem compreender os tesouros da sabedoria
Jedi. Somente a inocência e a passividade podem abrir as portas
da sabedoria da galáxia e da verdadeira força.
Para entrar nessa comunhão, antes de tudo, é preciso obediência
e amor a Deus. Deixemos a rebeldia e os questionamentos para satã
e seus irmãos. Existe um roteiro simples para voltar ao céu.
Melhor ainda: existe um caminho breve para o encontro
e a visão da força.
Pretendo deixar escrito os sinais que me serviram,
além de uns códigos simples de disciplina.
Simples, mas indispensáveis. Preguiçosos, inconstantes, débeis,
indiferentes e pérfidos de coração jamais entrarão no reino.
A força pertence a Deus e aos que o amam.
A força dos Cavaleiros se apoiam em quatro pilares: entrega, atenção, compaixão e disciplina. Antes de mais nada, os Jedi
são submissos a força, devotos. Praticam a morte do ego e forjam uma nova personalidade através de uma cultura
da guerra interior, controle da vontade, educação da emoção. Um Cavaleiro não pode ter os vícios banais dos homens
comuns, digo vicios morais, tais como falas fúteis, procastinação em assuntos relevantes e que envolvam outras almas,
covardia, vingança, ódio. Tais coisas os Jedis angélicos (os que estão no polo positivo, na luz) matam em si, uma vez que o objetivo não são górias terrestres mais a iluminação e a comunhão com o criador. Para tanto, prestam serviços voluntários, dedicam certo tempo a orar pelos outros, mentalizam pela paz universal. Os cavaleiros se hamornizam completamente com]a imparcialidade solar. O lema é: coração puro e mente serena. Os cavaleiros colocam a frente dos seus o interesse alheio, quando isso não lhes causam danos materiais ou morais.
O segundo Pilar da força refere-se a atenção. Os cavaleiros são atentos ao momento presente, ao qual desfrutam com a máxima concentração possível. Para o guerreiro, a arte da guerra é sua vida cotidiana. E a atenção é fundamental para não perder-se em emoções inúteis nem deixar escapar o ensinamento do dia. Os cabalistas dizem que todos os dias devemos tentar obter
algum aprendizado, que esse é o objetivo com o qual acordamos todas as manhãs; o universo é cheio de códigos, mensagens,
metáforas, poesia, uma verdadeira obra de arte da força, a qual não pode ser apreciada por uma mente desatenta e despreparada. Os cavaleiros treinam a vontade e a atenção em todas as circunstâncias. Não há detalhe pequeno
que lhes tiram do objetivo final, que é fundir-se com a luz e tornar-se um com a força.
O terceiro Pilar da força é a compaixão. O Jedi sabe que a humanidade, devido ao estado de obscurecimento mental e espiritual
vive nas trevas da ignorância e do sofrimento. O cavaleiro usa seus dons, sempre que possível na vida cotidiana, para trazer luz e alivío
aos problemas materiais e espirituais dos humanos. De nada valeria se eles guardassem apenas para si seus dons, sejam eles
dons combate, de benção ou de cura. Os cavaleiros se exercitam em praticar boas ações de modo voluntário e deliberado, fazendo com isso com que o bem torne-se para eles uma segunda natureza. Se fossemos falar em termos de religiões, poderiamos
dizer que um Jedi é um Buda, devido a sua clareza mental, compaixão e alcance ilimitado de conhecimento atemporal.
Os cavaleiros, após disciplinarem-se, vivem no estado iluminado.
E por fim, o quarto Pilar da força, a disciplina, sem a qual a força se desintregaria e se dispersaria. Essa disciplina
é basicamente a educação da emoção para aquilo que é benévolo e iluminado; a seletividade; a meditação; a oração diária.
O Jedi permanece sempre no foco de transcender limitações e debilidades de caráter. Trava contra seu ego uma batalha, onde este aos poucos desaparece quase de todo. O cavaleiro faz da busca da sabedoria um credo. Pratica estudos sistemáticos e variados de psicologia, sociologia, metafísica, literatura, religiões comparadas, mitologia. Nada que seja humano lhe é estranho. Estudas e medita as leis fundamentais das quais não há doutrina que a força não penetre. Para o Jedi, a disciplina também é uma arte e aquilo que os homens repelem os Jedis praticam com prazer, pois sabem que é através do esforço em executar as tarefas mais desagradáveis que forja uma alma iluminada.
A PRESENÇA DIVINA
No livro sagrado está escrito : "O temor de Deus é o princípio
da sabedoria". Quantos seres humanos na terra vivem, de fato,
essa verdade? Ora, se estamos sempre, todos os dias, na presença
de Deus, se somos seus mensageiros na terra, podemos relaxar do
nosso compromisso? O que faremos de nossos dias? Que diremos
a nossos semelhantes? Um cavaleiro que busca a perfeição
como ideal deve considerar a vida um compromisso com a Presença
Divina. Deve contar com essa presença. Deve mesmo buscar o diálogo
com ela. Deve senti-la amorosamente. Deve invocá-la quando
necessário. Com o treino e a entrega de entender a Presença,
ela se manifesta ao Cavaleiro de forma branda e luminosa,
Como se a Virgem Celeste alisasse seus cabelos.
Honrar a presença divina com atenção e reverência
é o primeiro degrau da força.
Vivência:
Contemple o mundo como se fosse a primeira vez. Não pense. Apenas
contemple. Cèu, estrelas, árvores, pessoas, asfalto, cascas de bananas,
letreiros luminosos, pessoas, abelhas. Contemple tudo. Não pense.
Apenas contemple. Perceba como não há separatividade e como
são ligadas entre si todas as coisas, formando um misterioso
sentido. Não pensar, apenas contemplar sem julgamentos, é
a maneira mais rápida de sentir e entender a Divina Presença.
PRINCÍPIO DA ATENÇÃO
Todo Cavaleiro deve reverência ao Buda Eterno. Ter mesmo no lar ou
em si o sinal do mestre é já por si uma benção. Um Jedi não pode ter
uma mente dispersa. A atenção não
é pouca virtude e é das mais dificeis. Qualquer coisa distrai o tolo
e o fraco. Porém, aquele que quiser ser vitorioso e servo da força
deve praticar e treinar a atenção, que é um dos mandamentos do Buda
eterno. A mente do cavaleiro deve ser serva, não senhora.
Foco. Meta. Disciplina. Não se atinge grandes objetivos sem
perseverança. Contudo, a atenção precisa ser treinada. Um antigo
poeta dizia que o amador transforma-se na coisa amada. Dar atenção
as coisas é amá-las. É vê-las, verdadeiramente. Quantas coisas
e oportunidades não perdemos quando permitimos a dispersão.
Não é preciso pressa para aprender os princípios da Cavalaria.
O importante é os ir assimilando passo a passo, até que se tornem
uma segunda natureza. Atenção quando tiver ouvindo, com as duas orelhas.
Atenção quando estiver falando, palavra por palavra. Atenção quando
estiver vendo, objeto por objeto. Atenção quando estiver tocando,
cheirando, amando, vendo televisão, lendo, trabalhando,
fazendo xixi. Que Você e seus atos sejam integros, unos. Só
assim a paz e a sabedoria são possíveis.
Vivência:
Acenda uma vela. Apenas olhe a chama da vela, sem pensar. Faça isso
inicialmente por cinco minutos. Depois passe para dez. Repita
o mesmo procedimento mirando um Buda. A idéia é treinar a mente
para que ela se concentre em apenas um objeto por vez. Com o tempo
e a prática, você terá uma mente tão afiada quanto a espada de luz
do Luke Swalhauker.
CAVALEIRO JEDI, MENSAGEIRO DA LUZ
A filosofia da força não é nem pode ser seguida por todos, apenas
para os uscadores sinceros, amorosos e perseverantes. Um verdadeiro cavaleiro
é um mensageiro divino e tem compromisso com a qualidade da vida
e da excelência. Não se trata de privilégio, mas de mérito. A maioria
dos homens querem poder, mas não querem fazer o esforço correspondente.
Claro que na arte Jedi não é apenas a astúcia ou a razão que conta.
Muitas e muitas vezes teremos que contar
com a graça e a proteção Divina. Temos já, desde o primeiro passo
do caminho a noção de que a vida é sagrada, temos a atenção e agora
temos o dever de levar a mensagem e a luza adiante. Um Jedi deve ser
um farol na escuridão do mundo. Deve trazer de novo a luz para a
galáxia que atualmente vive em estado
de desorientação e esquecimento.
Vivência:
"Visualizae a si mesmo como um guerreiro. procure sentir
que na passagem pela vida você tem uma missão, um propósito,
uma estética. Pode brincar todos os dias se quiser com
seu personagem. O importante é que você saia do estado
de inconsciência em que vive a maioria das pessoas, que falam
e agem sem ponderar. Um Cavaleiro é responsável porque
a Presença Divina merece uma boa representação. Seja tão
sublime quanto as estrelas - suas irmãs - sempre que possa.
JEDI SERVO, NÃO SENHOR
Uma das prerrogativas de ser um Jedi é a de ser um servo da Força.
Um Cavaleiro não busca oprimir seus semelhantes, pois é livre
de paixões e apaixonado por sua própria disciplina. Aquilo que os
homens comuns chamam de dever é o prazer do Jedi.
tampouco escravizá-los.
Um verdadeiro cavaleiro nunca perde ocasião de ser gentil, de dizer
a melhor palavra, de proteger e apoiar os seres viventes.
Amigo dos homens, dos animais e dos seres alados, o Jedi busca
fazer da gentileza uma arte. Cultiva a estética do gesto. Pratica
a mente gentil, sempre.
Vivência:
Volte no tempo... Imagine Jesus Cristo, o Rei dos Reis, repartindo
os pães e os peixes para a multidão faminta. Veja Cristo, sinta-o
em todos os detalhes. Procure sentir a paisagem. Retorne. Agora
imagine-o, Senhor de todo poder, lavando os pés dos díscipulos.
Procure sentir o amor e a humildade do mestre. Introduza em sua
alma e mente essas duas grandes lições de compartilhamento
e humildade. Volte de tempos a tempos a essa prática,
não a subestime; ela pode trazer-lhe sempre paz, humildade
e equilibrio.
DA NATUREZA HUMANA
Todas as tradições da galáxia dizem textualmente que no início
dos tempos o mundo era bom e que o criador gerou o universo
para que os humanos compartilhassem de sua glória. Porém
os homens se corromperam e hoje a humanidade é uma espécie
decaída "A luz veio ao mundo, porém os homens amaram mais
as trevas que a luz". Um cavaleiro deve ser um gardião
do projeto divino original. O trabalho para quem vive
a experiência humana é a busca da purificação, da redenção
da espécie. Somente com amor e perdão a natureza humana
humana, se não for pela graça, pode ser redimida. Os homens
vivem na escuridão, enganados pelo véu da matéria, iludidos,
ignorantes de sua própria luz interior. Por isso, eles precisam
de profetas e pastores. Para recordarem da luz e trabalharem
suas almas. Um cavaleiro cultiva e incentiva o que há de melhor
na humanidade: solidariedade, cultura e bondade. Ao lidar com
os homens: prudência, amor e rigor.
Vivência
Contemple a verdade da vida humana. Perceba, visualize sua brevidade.
Sinta todo o sofrimento a que a humanidade está sujeita
na vida material. Sofrimento, doença e morte. Procure sentir
compaixão universal e trabalhar para minimizar o sofrimento humano.
Guardião da compaixão , um Jedi é.
OS ALIADOS DA CAVALARIA
Nós que buscamos contato com a força, que a vivemos e a honramos,
não devemos esquecer dos amigos de outros planos; amigos
espíritos, anjos de asas. Perto de nós eles vivem e susurram.
Guiam mesmo nossas vidas, vendo-nos do alto. Livres da matéria, eles
trabalham também no jardim divino. Neles, os espíritos puros,
devemos buscar orientação e conselhos. São eles que nos indicam
as chaves da porta do céu. Não estamos sós na terra. Nunca estivemos.
Basta fazer silêncio e aguardar que logo sentimos abrir-se
sobre nós as asas de nossos amigos do passado, do futuro e de sempre.
Tempo e espaço não os separam de nós.
Vivência.
Separe um tempo para conversar com seu anjo da guarda ou espírito
protetor. Silencie. Sinta-o. Procure imaginar como ele seria.
Fale com ele. Das coisas sérias, das coisas banais. Dentro do amor,
tudo é grandioso. Lembre-se. Pequeno ou grande são apenas
conceitos. Tenha sempre consciência durante o seu viver
de seu anjo. Pense nele, sempre que possível. Faça de seu anjo
o maior de seus confidentes e seu conselheiro e guia ele será.
UM CAVALEIRO É COMPROMETIDO
Há uma diferença muito grande entre a vida de um Jedi e a dos
não iniciados. Para os Jedis, existe um plamo da força no universo.
Não há aleatório. Por isso, os cavaleiros vivem em treinamento
constante do corpo e da mente,
além de sentirem muito a Divina Presença. Um Cavaleiro sabe
que falar, pensar e agir é criar, então ele usa sua força
positivamente pois é devoto brando de todos os cultos, uma vez
que o princípio da força vale para toda galáxia. Por ser a vida
uma missão profética para o Jedi, ele a vive com intensidade
e sabedoria, buscando sempre a benção, a luz e a vitória, para
si e para os demais. A fé do cavaleiro é ativa e entusiasta.
PRATICANDO A SELETIVIDADE
Um dos componentes da força e um dos maiores poderes Jedis está
no foco e na seletividade. Atualmente, o lado obscuro ocupa
praticamente todo o espaço do mundo visível. A mídia em geral,
o noticiário, as artes, tudo parece está irrevogavelmente
contaminado. Os cavaleiros, porém, optam sempre pela porta estreita.
Selecionam pessoas, pensamentos, eventos. Para ser abençoado e guiado
pela força é preciso ser seletivo, disciplinado e fazer sempre
a melhor escolha ética e estética.
Vivência.
Feche os olhos. Comece a escolher e selecionar seus pensamentos.
Agora começe a selecionar as melhores imagens. Vá em pensamento
ao seu lugar preferido. Imagine-se com a melhor de suas roupas.
Com o tempo de prática, institivamente você estará rejeitando
tudo que for negativo, nada do que derrote sua energia estará
entrando no seu sistema.
AS ENTIDADES SUPERIORES E ANJOS
Todo cavaleiro sabe que o universo é povoado por
entidades imateriais
de vários tipos e por anjos. Como guardião da luz e da justiça,
um Jedi sempre procura estar alinhado com esses seres alados,
que se comunicam através de canais como a intuição. Para tanto,
é preciso que a vibração do Cavaleiro esteja sadia através
das preces e da disciplina amorosa.
Um Jedi é guardião da humanidade contra as forças das trevas.
Vivência.
Imagine que VC é um anjo (Tire toda uma manhã para a prática).
Procure emitir pensamentos amorosos e silenciosos aos seres humanos
que cruzarem seu caminho. Durante a manhã que durar sua pratica, fale
apenas coisas positivas e abençoadas. Elogie. Imagine que possuas
asas, visualize-as em suas costas. Enfim, brinque de anjo.
Literalmente.
ELIMINANDO O EGO
O primeiro movimento a ser feito para quem quer melhorar seu padrão de vida e alcançar uma
harmonia verdadeira, entrando no fluxo da força, é a eliminação do ego. Quem não se liberta
do ego é escravo de si mesmo. O ego só quer para si, só visa seus interesses, é ciumento,
violento, superficial, preguiçoso, instável. Um Cavaleiro deve educar suas emoções. Quando
o Messias disse: " Quem quiser me seguir, negue a si mesmo, pegue sua cruz e siga-me, ele
quis dizer para abandonar o "si mesmo", ou seja, o ego. A melhor maneira de saber em que
estágio nos encontramos no caminho da iluminação é fazer o inventário de seus próprios
interesses e sentimentos. Se neles não estiver incluso o bem das outras pessoas ou a
melhora do mundo, está claro que te encontras ainda na escuridão. Somente quando o
altruismo e a compaixão são despertados, começa a vida verdadeira. Em termos humanos é o
que todas as tradições ensinam: a fraternidade universal. Então, se observarmos que o que
vestimos, muito de nossos alimentos e do progresso de nossa vida depende dos outros e que
vivemos numa interdependência, justo e sabio é que se leve em conta o interesse dos demais.
o outro somos nós mesmos. Educar as emoções tem a ver com matar o ego predador que todo ser
humano carrega dentro de si. A vida só é vida quando compartilhada. Quem abandona os
excessivos desejos pessoais e vive em amorosa disponibilidade para seu próximo é livre.
Vivência:
Procure no cotidiano praticar a gentileza. Deixe , por exemplo, que entrem na sua frente
nos meios de transporte coletivos. Separe um valor em dinheiro mensalmente e distribua
onde ele possa ser útil e abençoar outras vidas. Tire um tempo para orar pelo bem de
terceiros e não apenas dos seus. Esses pequenos atos tornam-se poderosos com o tempo.
Como diz a sabedoria oracular: "Da pequena nuvem vem a grande chuva".
VÊNUS
O que podem esperar duas pessoas grisalhas? Penso isso ao lembrar de Vênus, que se estiver viva, deve estar com sessenta anos. Nunca um pai deu um nome tão certo a uma filha quanto Vênus. Saindo do Obervatório Nacional do Rio de Janeiro, eu a vi chorando na amurada. Era uma lágrima discreta, silenciosa. Clara com seus vinte anos, os cabelos castanhos claros, encaracolados,
deliciosamente branca, os olhos nos confundindo
se eram castanhos, se verdes.
Olhou-me, com os olhos expressivos, muito expressivos, fez-me um gesto
com as mãos que não ouvia, nem falava. Fiquei com isso, sensibilizado. Ela pegou na bolsa um bloco e uma caneta azul, estendendo-me. Então começo nossa comunicação por escrito.
Eu escrevia "qual seu nome" e ela respondia "Vênus Polidoro".
Por um instante, fiquei atônito, depois exclamei:
-- Que porra é essa, Vênus? Ela me olhava com os olhos cheios dágua, e dei-me novamente conta que ela era surda, embora entendesse que ela leu minha expressão por inteiro. Era estranho, ela tinha o poder de ser uma coisa minha, dentro de mim, ao mesmo tempo que fora, e isso
me deixava louco; eu queria a fusão total, completa; na verdade, o amor dela
era para mim a única coisa indispensável e agora eu iria perdê-la.
Ela me olhava como se seus olhos me pedissem perdão e tudo aquilo era muito doloroso.
Ela abraçou-me, beijou-me no rosto e me deu adeus, com as mãos.
Eu sofria ali, mais ainda havia em mim um resto de filósofo e aceitei que ela se fosse, sem brigar, sem lutar.
Afinal, era apenas uma menina surda-muda, que ia embora da cidade e da minha vida.
Isso iria acontecer uma hora, não é mesmo?
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