Usina de Letras
Usina de Letras
160 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62216 )

Cartas ( 21334)

Contos (13261)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10357)

Erótico (13569)

Frases (50610)

Humor (20030)

Infantil (5430)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140799)

Redação (3304)

Roteiro de Filme ou Novela (1063)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6187)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->De um mundo sem limites para os limites do mundo -- 10/06/2004 - 01:00 (Fernanda Duclos Carisio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Que mundo estranho é esse onde eu estou entrando?
Abro os olhos pela primeira vez, tudo está meio enevoado e cinza.
Aos poucos começo a conhecer coisas novas.
Acho que esse lugar, que os grandes chamam mundo, não tem limites.
Do berço para o carrinho, do carrinho para a rua, para a creche, para a casa da vovó, dos tios, os primeiros amiguinhos, os puxões de cabelo, as mordidas, o leite materno, os suquinhos, as papinhas, o shopping, a praia, cada vez mais os limites se estendem. Papai diz que o céu é o limite, mais acho que não tem limite não, é infinito...
De repente, nesse mundo de "que gracinha", "bate palminhas", "dá tchau para a mamãe", "mostra a língua" - onde tudo é engraçado, surge uma palavra diferente "NÃO". Nem tudo agora é tão engraçado: NÃO pode mexer no armário da cozinha, cheio de maravilhosas coisas que fazem um barulho ótimo quando caem... NÃO pode mexer naquelas coisas pequenas e coloridas da mesa de centro, que parecem brinquedos e fazem a mamãe gritar quando eu chego perto... NÃO pode nem chegar perto das tentadoras teclas e da tela brilhante do computador, papai diz logo que vou deletar tudo e me expulsa... NÃO pode mais mostrar a língua, agora é feio... NÃO acham mais engraçadinho bater no papai... NÃO acham mais bonitinho tirar a roupa... NÃO acham mais lindinho bater palminhas, agora faz muito barulho e mamãe está com dor de cabeça...
Do mundo sem limites, infinito, maravilhoso, cheguei num mundo cheio de limites... e não estou gostando nada...
Verdade que às vezes as panelas quando caem me machucam... as coisas coloridas da mesa de centro às vezes quebram e me cortam o dedo... não gosto quando é meu amiguinho que me bate ou me morde... não gosto quando meu irmão fica gritando quando eu quero dormir...
Que mundo esquisito!
Mais é nesse mundo esquisito que todos nós vivemos, infinito de possibilidades, cheio de novos conhecimentos a adquirir, mas onde não estamos sozinhos. Aprender a partilhar o mundo não é um limitador, pelo contrário é multiplicar as potencialidades e adquirir novos conhecimentos, é superar o individualismo e apostar nas descobertas coletivas, na solidariedade.
E é por isso que em casa ou na escola, precisamos estar atentos para o modo como respondemos à curiosidade ou ao desinteresse, à iniciativa ou à apatia, ao espírito crítico ou a passividade, à energia ou a preguiça, à atenção ou à distração, sem excessos e sem repreensões mal compreendidas, respeitando os momentos e as diferenças individuais.
Não precisamos temer nem o NÃO nem o SIM. Temos em nossas mãos pessoas de verdade, que desde bebês já tem personalidade, vontade, precisam ser respeitados e aprender a respeitar. Precisam viver e conviver - "viver com". Para isso não adianta "ensinar" cidadania é preciso "viver" a cidadania em todas as oportunidades ajudando a formar cidadãos capazes de aprender a partilhar os limites do mundo para transformá-lo coletivamente e melhor viver as suas infinitas possibilidades.

Fernanda Carisio - 2003
Centro de Educação Infantil Aquarela
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui