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Artigos-->Lula e o vinho de R$6.000 -- 10/10/2002 - 14:48 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O jornalista Elio Gaspari nos brindou (trocadilho inevitável) com uma aula de preconceito contra um ex-operário na iminência de se tornar Presidente da República.



Em matéria publicada em vários jornais, Gaspari ironizou o fato de Lula e sua equipe comemorarem a vitória no primeiro turno das eleições tomando vinho da marca Romanée-Conti, safra de 1997, cujo preço é de R$ 6.000. Foi Duda Mendonça quem presenteou Lula e sua equipe com o vinho, e juntamente com eles festejou a retumbante vitória no primeiro turno, em 06.10.



Seria aceitável que se discutisse o fato se apenas o seu simbolismo estivesse no centro da discussão. Se Lula, cinicamente, quisesse de fato afrontar os pobres do país que não podem tomar vinho porque vivem tomando em outro lugar. Contudo, apesar do esforço de Gaspari em ser crítico e imparcial, saltou aos olhos sua vertente pequeno-burguesa, sua vesguice ideológica dando ressonância à voz e ao pensamento de alguns brasileiros que ainda não admitem ver um ex-metalurgico, vencendo todas as barreiras de uma sociedade assentada em valores discutíveis, porque superficiais, próximo de uma vitória justa e democrática.



Penso que quando produziu a matéria Elio Gaspari tenha se inspirado nas imagens de um Lula despreparado intelectualmente, bronco, que não sabe falar corretamente nosso idioma, que não cabe bem dentro de um Armani, que não ficaria bem na foto ao lado de políticos geniais que dirigem as grandes nações. Lembram-se da família Buscapé? Talvez ele tenha pensado em um Lula assim, caipira, que não saberia se portar num ambiente sofisticado, com pessoas de alto nível, tipo George Bush, por exemplo...



Dizer que Lula, sendo ainda candidato, deveria leiloar a garrafa de vinho para dar o dinheiro aos pobres só não é mais cínico, hipócrita e irresponsável do que a idéia sub-reptícia que se deduz da afirmação: um presidente pode esnobar a população, pode não ligar a mínima para a miséria do povo, entregando-se a rastapés e luxúrias nababescas com o dinheiro público, viajar o mundo todo em passeios turísticos que nenhum benefício trazem para a população - isso não é condenável. Condenável, sob a lógica de Gaspari, é alguém, sem as vestes do poder, aceitar de presente uma garrafa de vinho, e com ela festejar uma vitória pessoal, a vitória de um projeto de vida que inclui outras vidas.



Lula estava feliz porque a maioria do povo o quer presidente. Elio Gaspari, conforme declarou em sua matéria, preferiu enfatizar os fogos de artifícios das comemorações, o fato secundário, por não compartilhar da alegria comum em um ambiente de vitória, o fato principal.

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