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Artigos-->Escrevi um livro. Como publicá-lo? -- 07/10/2002 - 08:16 (Maria José Limeira Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ESCREVI UM LIVRO. COMO PUBLICÁ-LO?

Maria José Limeira





Escrever é um ato isolado. Gesto heróico de criação.

Todo artista tem o desejo de divulgar sua obra, compartilhando-a com familiares, amigos,e com a humanidade inteira.

Mas, será que esse livro vale a pena? É realmente uma obra literária? Ou não passaria de simples desabafo, criado em noite solitária que, à luz do dia, perde o rigor, deixando à mostra apenas um texto duvidoso, que não segue as regras ensinadas pelos Mestres, tem vários erros de redação, e muitos lugares-comuns? Principalmente, sem nada de novo...

Livros, há muitos. Para todos os gostos.

Mas, os autores que mais sofrem as injustiças do mercado são os Poetas.

Ah, os Poetas... Gênios incompreendidos. Vítimas marginalizadas de todos os tempos. Seres românticos, sensíveis. Boêmios inveterados ou intelectuais arrogantes.

Quanto mais apaixonados, mais os Poetas escrevem, achando que a única condição exigida para escrever é ter uma boa Musa.

Gênios frustrados derramam sobre guardanapos de mesa de bar e em calhamaços de papel uma enxurrada de textos e catilinárias, achando que descobriram a pólvora, e são únicos em suas cantilenas à amada.

A Musa – doce Musa – bem o merece!

Alguns desses Poetas chegarão ao ponto de mudar o nome do soneto-tradicional para soneto-traque, por exemplo, contato que sejam elogiados como inventores de um Movimento Novo. São os chamados criadores da Falsa Vanguarda.

Fui descobrir numa autora desconhecida – Laura Bacellar, que assina o livro “Escreva seu livro – Guia prático de edição e publicação” – por que se tem tanta má vontade em relação ao gênero Poesia, em particular, e aos Poetas, em geral, e por que agüentamos, durante tanto tempo, pessoas se dizendo gênios da Literatura, tentando nos impor textos sofríveis como se fossem obras monumentais.

Falta autocrítica aos escritores. Este é o problema.

Diz Laura Bacellar, uma executiva de conhecida editora, com muita experiência no relacionamento com os fazedores de Arte, que todo Poeta acha-se gênio. Por isso, sente-se incompreendido, quando seus textos são rejeitados pelos editores.

O livro de Bacellar não se refere apenas à Poesia, mas a qualquer outra obra escrita, inclusive, Memórias e Teses de Doutorado, do ponto de vista de autores e editores. E com relação aos azares do mercado.

Analisando os difíceis caminhos da obra literária, desde o momento da criação, até a publicação, o livro dá algumas dicas valiosíssimas para quem quer escrever alguma coisa e, um dia, publicar sua produção. Naturalmente, com investimento das editoras, e não com recursos próprios do autor.

Falta profissionalismo no escritor. No Poeta, principalmente, para quem somente a Musa interessa.

Este é outro ponto abordado por Bacellar.

Um dos erros mais comuns cometido pelos autores é entregar originais a familiares e amigos, para avaliação.

Resultam daí mais fantasia, ilusão e engano: é claro que a resposta será elogio. Inclusive, elogio ignorante, pois nem sempre esses críticos amados, amantes e amadores têm ferramentas necessárias para analisar textos.

Mas isto não interessa a quem quer somente ser elogiado.

“Se você quiser uma avaliação legitima – diz Bacellar – contrate um profissional. Esse serviço se chama leitura crítica, e deve ser exercido por um editor que não conheça você, e que não tenha inibições quanto a fazer um relatório completo”.

A autora dá as seguintes dicas (da maior importância!) aos Poetas que não pretendem apenas rodar e dançar em torno do próprio umbigo, em exibições numa Pasárgada qualquer:



Você já passou por algum crivo de leitores críticos? (Bem críticos mesmo, acérbicos, sarcásticos, não amigos).

Você já recebeu algum prêmio significativo pelo seu trabalho? (Não vale estar entre os cem melhores do concurso de poesia da cidade de Piraporinha do Sul).

Você já jogou fora nove décimos do que tenha originalmente escrito só para a presente obra? (Você mesmo tem de selecionar o que é bom e o que é mediano).

Você presta atenção à sua volta? Sabe quais são as preocupações, angústias e felicidades das pessoas hoje? (Ninguém – inclusive editores – deseja obras desconectadas do público).

Há algum tema na sua poesia que não seja você-mesmo, seus dramas existenciais ou a fascinação que a Musa exerce sobre você? (É muito difícil fazer de dramas pessoais uma leitura interessante).

Você lê muito, todo tipo de literatura, inclusive Poetas novos? (Se você não sabe o que está acontecendo na cultura, provavelmente estará repetindo erros e obedecendo a tendências ultrapassadas).

Você escreve muito, todo tipo de coisa, inclusive cartas e e-mails, sem erros ortográficos? (Sem habilidade de escrita, não há poesia que preste).

Você ama a Língua Portuguesa? (Sem amor pela última Flor de Lacio, idem).



Textos pobres, feitos nas coxas, podem ser o máximo em besteirol. Não devem ser confundidos, no entanto, com Poesia verdadeira.

Qualquer riminha besta de um Pierrô apaixonado, escrita a esmo, não é necessariamente Poesia.

Não existem verdades eternas. Nem regras incontestáveis. Ou soluções mágicas.

Mas, o livro de Bacellar dá um recado claro e retumbante a todos os escritores brasileiros:

-Poetas! Respeitem os leitores!



(Fonte: Bacellar, Laura. “Escreva seu livro – Guia prático de edição e publicação”. Editora Mercuryo Ltda. São Paulo, 2001. 160 págs.).

Maria José Limeira é escritora e doce jornalista democrática de João Pessoa-PB.





























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