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cronicas-->Brasil,Belém-Feliz Natal -- 12/05/2004 - 15:36 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A noite foi pesada.Cheia de preocupações financeiras e questões pessoais.
A ordem do dia, diziam os jornais, que a gasolina subia de preço, o café ainda estava sobre a mesa e eu ainda ia me banhar, quando no rádio, alguém de voz extremamente estridente anunciou que à Argentina abria falência.
Pensei no país...em que pé de igualdade estamos ou vamos ficar, muito embora o seu ministro assentado na cadeira, pela televisão ensaiasse uma tranquilidade.
Do outro lado da rua, do banheiro com o chuveiro ligado podia se ouvir as sirenes da polícia de um lado e gritos famélicos dos desempregados da Cooperação Internacional.
Esse realmente foi notável.Brasil versos Brasil,e salve-se quem puder.Para ser mais específico "Salve os donos, que não são manes".
Não é uma rima, nem uma piada, é o dia-a-dia dessa chanchada.
Após o banho tomei o café, que muitos almejam, que muitos há anos não sentem o gosto.
Em seguida peguei as chaves do meu carro, um fusca azul ano oitenta e nove, peguei os meus livros, uns vintes reais, uma caneta e como os ancestrais ou um semideus grego, fui enfrentar a fera da vida, ou melhor, fui sobreviver sem muita saída.
Descendo de escada, pois o elevador estava parado por falta de energia, cheguei ao térreo.Já ouvindo pouco das reivindicações dos ex-assalariados e tomado de esquecimento as minhas preocupações casuais, me dei conta que era dia de natal e nem tinha arrumando à árvore.
Por um segundo, sob o silêncio do meu esquecimento, as lembranças de um certo passado vicejavam, aquela ceia com a família...mamãe, papai, meus irmãos, titios e titias.Quando um riso gostoso atraiu os meus olhos para de baixo do carro. Estava ali, nem conseguia acreditar, mas estava envolto em jornais, embora não fosse notícia, ou melhor, ainda poderia ser.Uma criança, recém nascida, bem moreninha, entre fraldas e um papel de padaria, que escrito a letras mal traçadas e a grosso tom me dizia:
Você, que tem um coração imenso, e tem mais condições que eu... cuide bem da Tarsila!...
A priori quis rir, como se não fosse comigo, quis rir de alegria, quis rir de desespero, por que o peso pesado da responsabilidade, até para mim que trabalhava, me deixou assustado, meio perdido e nervoso...Também abandonado.
Contudo tomei aquela criança no colo, olhei ao redor e ela coitada sorria, sem saber do dia o que era bom ou ruim.
Muitas pessoas foram chegando, falando e o silêncio foi deixando de existir e naquele momento, já entre tantas pessoas, no dia de natal, me senti agraciado com o título de pai, com um título de herói, num país de desgraçados.
Um sonho intenso estava sobre as minhas mãos, uma realidade dura estava sobre os meus pés.
O meu povo chegou, as mulheres de minha vida, a banharam e deram muito carinho até neném dormir.
Feliz Natal, papai foi assim que o juiz e as càmeras do dia seguinte me saudaram.
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