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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 41 -- 19/05/2010 - 17:00 (Edmar Guedes Corrêa****) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 41


ÍNDICE
Capítulo(01) Capítulo(02) Capítulo(03) Capítulo(04) Capítulo(05) Capítulo(06) Capítulo(07) Capítulo(08) Capítulo(09) Capítulo(10) Capítulo(11) Capítulo(12) Capítulo(13) Capítulo(14) Capítulo(15) Capítulo(16) Capítulo(17) Capítulo(18) Capítulo(19) Capítulo(20) Capítulo(21) Capítulo(22) Capítulo(23) Capítulo(24) Capítulo(25) Capítulo(26) Capítulo(27) Capítulo(28) Capítulo(29) Capítulo(30) Capítulo(31) Capítulo(32) Capítulo(33) Capítulo(34) Capítulo(35) Capítulo(36) Capítulo(37) Capítulo(38) Capítulo(39) Capítulo(40)

41


A noite caiu rápido, como se o tempo tivesse pressa. Foi um alívio. Pois o fato de Luciana estar impossibilitada de se locomover alterou por completo a nossa rotina, uma rotina construída desde o primeiro dia em que chegamos à ilha. Os três peixes que eu consegui pescar, foram comidos em silêncio, como se aquela nova forma de se alimentar – um avanço considerável em relação ao que vinhamos comendo até então -- não fosse motivo de comemoração. Aliás, o silêncio de quando em quando era interrompido pelos gemidos da convalescente, a qual reclamava de muita dor. Dor essa fácil de supor pelo estado em que se encontrava a parte lesionada, onde um inchaço muito grande envolvia-lhe não só a parte inferior da canela como também o pé todo, deixando-o quase redondo.
Não se podia contar com Luciana para tomar conta da fogueira. Talvez até fosse a pessoa mais indicada para essa tarefa, uma vez que certamente não conseguiria dormir. No entanto não seria justo com ela naquele estado. De forma que nós três teríamos de revesar, permanecendo acordo por mais tempo. E na ordem de costume cada um fez a sua parte sem reclamar ou demonstrar indisposição.
Lembro-me perfeitamente de como me foi terrível – assim como deve ter sido para Marcela e Ana Paula – ficar todo aquele tempo acordado, quando na maior parte do tempo os olhos teimavam em pesar, quase necessitando de algo para manter as pálpebras abertas. Luciana deu-me uma força, ao permanecer conversando comigo, quando eu já não aguentava mais manter os olhos abertos.
Antes que ela despertasse, ouvi várias vezes seus gemidos, principalmente ao se virar. E quando acordou, chamou-me com sussurros e pediu-me para ajudá-la a se levantar e levá-la para fora da cabana porque ela queria fazer xixi. Fui prestativo e a ajudei prontamente. Aliás, quando ela precisou se agachar, pois as mulheres não são como nós homens que mijamos de pé, o que é uma vantagem a nosso favor, pois caso tenhamos de sair correndo não perdemos tempo em se levantar e se vestir, tive de agachar com ela, uma vez que se apoiava no meu ombro. Na realidade, ela não ficou bem agachada e sim sobre os joelhos, porque não podia pôr peso sobre o pé ferido. Aliás, para que as nádegas não apoiassem no calcanhar ferido, teve de pender o dorso para frente num ângulo de quinze graus. Aliás, foi por isso que ela se segurou em mim, para não tombar para frente.
Enquanto ela fazia suas necessidades, lembro-me de pensar na fraqueza do ser humano. “Coitada! Tão forte, poderosa e agora dependendo de mim para mijar. Talvez ela nem tenha se dado conta, mas até mais cedo eu estava em suas mãos, agora é ela quem estar nas minhas. Podia mandar ela fazer qualquer coisa. Ela teria de me obedecer. Podia até me vingar dela, bater na cara dela, mostrar o pinto para ela, balançar ele bem embaixo do nariz dela que ela não ia poder fazer nada. Talvez me xingar, gritar pelas meninas, nada mais. Bem feito! Agora vai ter que ficar assim. Só quero ver por quanto tempo. Vai demorar. Aposto como vai...”
No outro dia, assim que o sol nasceu, ela nos acordou, dizendo que estava com fome. Não havia o que comer. De forma que eu mesmo teria de ir buscar. Então pensei em chamar a Marcela para ir comigo, mas lembei-me que não poderia deixar Ana Paula e Luciana na cabana, uma vez que as duas não se entendiam. Outro motivo que me fez mudar de ideia, embora a contra gosto, era o oportunismo. Não poderia aproveitar a primeira chance para ficar as sós com Marcela e assim despertar a fúria de Luciana que, apesar de não poder fazer muita coisa naquele estado, poderia se vingar da outra na primeira oportunidade. Estaria livre de Luciana por um bom tempo e chances de ficar com Marcela não me faltariam. Desta feita, chamei minha prima para me acompanhar na coleta de frutas para o desjejum.
Fizemos o possível. Onde estávamos acostumados a apanhá-las, não haviam em quantidade suficiente para matar nossa fome ao longo do dia, de forma que mais tarde teria de pescar. Enquanto retornávamos com pouco mais de meia dúzia de goiabas e umas quatro bananas com um amarelo meio esverdeado, Ana Paula opinou:
-- Luciana vai ficar um tempão sem andar. Você não acha?
-- Acho – anui. E após um breve silêncio acrescentei: -- Meu medo é que ele não melhore e a gente tenha de cuidar dela.
-- Será? Mas e se não melhorar, o que pode acontecer?
-- Ah, não sei direito! -- exclamei. -- Talvez ela tenha que ficar assim até a gente sair daqui. Já vi na TV, mas não sei se era por causa disso, não lembro, pessoas com os pés inchados, enormes, pretos. Aí não tinha mais jeito e os médicos amputavam eles. Sabe o que é amputar?
Ana Paula ficou pensativa por um momento, depois respondeu:
-- Não. Não sei não.
-- Amputar é serrar. Cortar ele com uma serra, que nem aquelas que usam para serrar madeira, ferro e etc. Eles cortam a perna da pessoa e depois colocam uma perna mecânica no lugar dela – expliquei. Talvez estivesse fazendo tempestade, mas lembro-me de imaginar Luciana com o pé tão inchado e roxo que parecia o pé de um gigante.
-- Assim, serrando? – mostrou com movimentos de braço
-- Isso mesmo.
-- Nossa! Deve doer muito – supôs Ana Paula.
-- Não sei direito como fazem, mas sei que é isso. Talvez Marcela saiba explicar melhor. Ela é uma sabe tudo – acrescentei.
Ana Paula asseverou que a perguntaria quando as duas estivessem as sós, pois não queria que Luciana ouvisse. Apesar de não gostar dela, isso poderia deixá-la com mais raiva.
Concordei.
Na cabana, Marcela e Luciana conversavam alegremente. Ao nos avistar, tentou sentar-se, mas não conseguiu. Fez uma expressão de dor, o que me levou a concluir que seu estado continuava sem melhoras. Aliás, ao examinar-lhe atentamente a perna lesionada, vi que o tornozelo inchara ainda mais, seu pé parecia ainda mais roliço. Então pensei comigo mesmo mesmo: “Ela piorou. A gente precisava de um remédio pra ela tomar. Enfaixar também. Acho que a gente devia. Mas com o quê? Não temos pano. Será que alguma delas tem uma ideia?”
Perguntei.
-- Não sei se resolve muito – declarou Marcela após refletir --, mas poderíamos tentar com folhas de Bananeira. A gente enrola elas em volta do pé dela e amarra com tiras secas. Talvez isso ajuda a melhorar mais rápido.
-- Vamos tentar – falei.
-- No meu pé? Com ele desse jeito? Ninguém vai por a mão nele não – afirmou Luciana.
-- Mas assim ele vai melhorar mais rápido – argumentou Marcela. --Se ficar assim, ele pode piorar ainda mais.
Luciana concordou a princípio. Então me ofereci para ir imediatamente buscar as folhas de bananeira. Ana Paula se ofereceu para ajudar. Todavia sugeri que enquanto isso fossem ela e Marcela apanhar lenha para a fogueira antes que esta se apagasse por falta do que queimar.
Saímos os três em grupo, mas pouco metros a frente tomamos rumos diferentes: eu segui em frente e as duas amigas entraram pela trilha na mata.
Enquanto ia em direção ao bananal, pus-me a pensar: “Ela sozinha lá daquele jeito. Sem poder fazer nada. Só esperando, esperando... Uma longa espera. Inútil. Ela também deve estar se sentindo. Eu me sentiria também. Qualquer um de nós. Se ela estivesse aqui, comigo, era capaz de tentar me agarrar. Ela sempre faz isso. O meu pinto. Quer ver ele. Crescendo, duro. Pegar. Mexer nele. Ela gosta. Manda eu por ele para fora assim. E pega nele desse jeito. Ele começa a crescer. Igual agora. Depois ia mandar eu enfiar nela. No meio das pernas. Na buceta. Quente. Úmida também. Ela aperta. Parece que quer morder ele. Será como ela consegue? Pensa nela mexendo e aí ela mexe. Deve ser assim. Melhor quando ela abre bem as pernas. Põe mais. Gostoso ficar mexendo. Assim com a mão também. Indovindo, indovindo, indovindo... Mas nela é diferente. A gente cansa mais. Fica mole, sem forças. Marcela. Com ela será que também é igual? Queria fazer. Mas não como a Luciana. Beijar, fazer carinhos antes. Dizer: eu te amo. Sonho com você o tempo todo. E é verdade: amo ela. É mais gostoso sim. A gente fica com mais vontade. Como deve ser a dela? Maior? Mais cabeluda? Apertada também. A gente se beijando durante. Vontade. Estou ficando com muita. Luciana lá, sem poder fazer nada. A gente poderia sair para buscar alguma coisa. Vir aqui. Parava na areia, começava a se beijar. Pegava nos peitos dela. Gostoso fazer isso. Ele está crescendo mais. Mais duro. Não tem ninguém. De onde elas estão não dá para ver. As árvores encobrem. Podia fazer sozinho pensando nela. Igual outro dia. Ele está querendo. Muito. Não posso voltar assim. Dá pra ver. Elas vão ver. Qualquer um. Vou ter que dar um jeito. Parar aqui. Só o mar de um lado e a floresta do outro. Ninguém para ver. Vou fazer...”
Andara poucos metros desde que me separara de Ana Paula e Marcela. Numa entrada, encontrava-me de pé, com o falo ereto entre os dedos, indeciso se me masturbava ou não. No entanto, a indecisão durou pouco. Por fim decidi pelo sim. Ir contra a natureza e conter os instintos não teria cabimento. Aliás, qualquer garoto na ninha idade também teria feito o mesmo, mesmo aqueles que, como eu, fossem fruto de princípios morais rígidos, onde qualquer coisa que nos leva a perder o controle fosse considerado um pecado.
Quando o desejo é latente, como era o meu por Marcela, e nos leva a um profundo estado de absorção, a coisa acaba rápido, numa intensa explosão de sensações, as quais vêm e desaparecem na mesma velocidade que o brilho no céu durante uma queima de fogos de artifício. É tudo muito intenso e rápido. E comigo ali, de frente para o mar, não foi diferente. E se não fosse a necessidade de ir até a água para me limpar, poderia ter prosseguido imediatamente em direção ao bananal, o qual estava próximo. Ao entrar no mar, perdi algum tempo, pois aproveitei para refrescar, uma vez que novamente o dia amanhecera ensolarado e extremamente abafado. E talvez essa perda de tempo, se não tivesse ocorrido, poderia ter evitado um ato vergonhoso de minha parte pouco depois, muito mais vergonhoso do que ter me masturbado pensando em Marcela: o medo do nada.
Digo medo do nada porque não me ocorre nada melhor para explicar o que se passou e me levou a acreditar em algo inexistente, em um bicho grande, feroz e monstruoso apenas porque pensara na possibilidade dele estar a minha espreita naquela mata. Tal possibilidade ocorreu-me assim que terminei de apanhar a terceira folha de bananeira. Ao virar para trás e olhar para a mata virgem, pensei: “E se Deus quiser me castigar por ter feito aquilo de novo? É pecado, eu sei. Não devia fazer. E se um monstro vem me pegar para me levar para o inferno? Uma coisa horripilante. Cheio de tentáculos. Que nem uma Lula Gigante. Mais monstruoso. E se ele sai da floresta?” Nisso, por coincidência, um som vindo daquela direção penetrou-me nos ouvidos.
Lembro-me do gelo percorrer-me a espinha de cima abaixo. Apavorado, crente de que aquela coisa sairia do mato e me pegaria, agarrei o maço de folhas de bananeiras e desembestei em direção à cabana. Corri e corri sem parar. E nem mesmo ao avistar a cabana ao longe desacelerei. Aliás, não sei o que pensei, se é que cheguei a pensar em alguma coisa. Confesso no entanto, amigo leitor, que só parei diante de Luciana, ao atravessar a porta da cabana.


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