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Cartas-->Senhor, do fundo dos meus tímpanos eu Vos suplico -- 03/08/2001 - 21:38 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Senhor,
neste apagão musical em que os nossos penicos se locupletam até as bordas, humildemente Vos peço que o pior (está sempre por vir, dizem!) nunca nos aconteça. Como bem o sabeis, até aqui (argh!)
temos suportado tudo com a maior resignação e até com a nossa cota de sacrifício (haja!). Mas tá difícil! Dureza mesmo!
Por isso, Vos peço, humildemente, se isso não vier a atrapalhar a economia celeste (não sei se será tão complicada como a brasileira ou a argentina!!) e a música das esferas (exagerei?), não permiti que mais duplas sertanejas cheguem ao rompimento ou a sofrer baixas irreparáveis.
Zelai para que os grupos de pagode, todos, sem qualquer restrição mais, possam se manter coesos (e os de axé também, antes que eu me esqueça). Baixai Vossas luzes sobre as boys-bands, as mais louçãs, ou sobre as duplas de irmãozinhos, os mais esganiçados sobretudo, e rebolantes, para que nenhum deles ouse debandar, e que o todo, ai!, que o todo não se desconjunte.
Fazei com que tudo fique como está, por mais reacionária que possa soar às Vossos certamente avançadas e elevadas orelhas esta minha prece. Aqui em baixo, entre nós, pobres mortais, humanos e falíveis que somos, costumamos pedir (hehehehe)
para que ninguém faça ondinha (sabeis como é, né?). Mas isso não caberia, bem o sei, numa súplica ao DJ maior, que é Vossa Divindade (gostou dessa?). Mas não é por eles, Senhor (não é verdade, isso certamente o sabeis, não é verdade meeeesmo que o ser humano seja tão altruísta). E nem só por mim, porque de nada adiantaria no caso garantir apenas a minha parte. Tem rádio e televisão ligados por todos os cantos, nos lugares mais impensáveis. E já andam falando outra vez em refazer as leis que regulam tudo isso. Reforma agrária do ar, como se dizia no século passado, já nem se fala.
Peço, essa é a verdade, por todo o gênero humano - e mesmo por seus exemplares mais desumanos, ninguém mereceria tal castigo -, não permiti que nenhum deles mais venha a encetar uma carreira solo.
Quanto ao Belo, já não há nada a fazer, a musiquinha já está martelando no programa da Xuxa.
O Leonardo também, coitado, a gente compreende o que aconteceu com ele. O cantor Daniel idem. Aquela aparição do ectoplasma do ex-parceiro numa foto que os jornais e revistas nos mostraram, bem, aquilo foi um aviso. Do que, eu não sei. Mas que foi, foi. E tem gente que fica com caçoada, e é por isso que acontece tantas castrofe por aí.
Por isso, a gente releva. A Ivete Sangalo parece que se tocou, vai dar uma trégua. Dizem que vai fazer papel de soldada numa novela. E olha que, como dizem os franceses, ela tem a physique du rôle (que não é nada disso que os tradutores televisivos podem estar pensando). Mas não convém deixar de lembrar que existe essa tal de Gilmelândia, com aquele monte de trancinhas. Daqui pra frente, please, Senhor, não relegai o nosso penico a tamanho desamparo. Sabeis muito bem quantos cantores se juntam para fazer, hoje em dia, um uníssono esganiço num grupo de pagode.
É claro que sabeis, seria um desatre ecológico (pensando na propagação das ondas sonoras, nunca inodoras), se todos eles se desmembrassem e saíssem dando aqueles passinhos graciosos para lá e para cá, só que sozinhos, ou a chorar suas mágoas de amor, cada um de per si, nas capas das revistas, ou mesmo a uivar de solidão como já aconteceu com já aconteceu com um deles (eu vi na banca), um que tem o cabelinho pintado de loiro (desculpai, quase todos têm!). E só mais uma coisinha: se possível retardai um pouco o lançamento dos filhos de todos eles no mundo do show-business, porque no momento tem filho de gente demais aí na praça. Não está dando mais nem para fazer "um certo sucesso" como acontecia antigamente. Em troca, prometo voltar a ouvir aqueles discos de gregoriano que andaram em moda há algum tempo, e até a cantarolar no banheiro (agora é rapidinho o banho mesmo!) umas musiquinhas que a gente aprendia no catecismo. Só não me pedi para ouvir esses CDs de world-music, gospel, música relaxante e para meditação, que aí já seria começar a perder peso, ganhar altura e começar a equilibrar em cima de nuvenzinhas brancas sobre o azul mais cerúleo. Chego a ter inveja, às vezes, dos surdos-mudos que só ouvem as músicas evangélicas interpretadas na linguagem de gestos por aquelas menininhas de cabelo até lá embaixo.
Desde já eu fico agradecido. E prometo me lembrar de Vós sempre que pintar um silenciozinho, mínimo que seja, no pedaço. Amém.
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