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Artigos-->BERLIM: capital cultural da Alemanha? -- 05/03/2001 - 23:59 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Berlim está longe de ser uma capital cultural

A capital precisa de uma cultura à altura do seu status político



De Julian Nida-Rümelin (DIE Welt online, 05/03/2001)

Trad.: zé pedro antunes



Berlim, com seus 3,3 milhões de habitantes, é a maior cidade da Alemanha e, ao mesmo tempo, também uma das mais abertas metrópoles da Europa. É uma cidade da ruptura e da transformação, e isto se pode observar, dia após dia, em todas as esquinas. Porém, em nenhuma outra cidade alemã acham-se ainda de tal forma presentes as feridas. São as velhas feridas de guerra e as recentes, resultantes da divisão do país.

As feridas mais antigas estão, em sua maioria, cicatrizadas, mas, desde a guerra, a cidade perdeu a sua base econômica. Centrais de firmas migraram para outras partes e, desde a reunificação, a mudança dessa tendência tem sido mais fraca do que se esperava. Todavia: Berlim possui uma nova vitalidade. A cidade só faz fortalecer, de forma surpreendentemente positiva, a perda do que era habitual.

Berlim é a capital, e, a partir de 1999, também a sede do governo. Como capital e sede do governo, a cidade abriga uma quantidade impressionante de instituições culturais. Em Berlim, com efeito, existe uma "cultura digna de uma capital". E, a uma capital, corresponde também uma opinião pública cultural, uma vida cultural pulsante, a oferecer estímulos. Para isso, o governo federal vem destinando somas consideráveis: no total, esse apoio se traduz em aproximadamente meio bilhão de marcos ao ano. Isto supera quase todas as dotações orçamentárias para a cultura comunal na Alemanha. Nos próximos dias, assinaremos o contrato de capital cultural, que prevê a adoção, por parte do governo, de quatro instalações berlinenses, e o seu total financiamento. Para isso, investir-se-ão 100 milhões de marcos, com o acréscimo de mais 20 milhões, para compensar o sub-financiamento crônico das instalações em questão. Nessa decisão, a União não tinha em mente apropriar-se de "instalações e acontecimentos culturais representativos". Mais do que isso, o governo federal houve por bem assumir a sua responsabilidade no apoio a instituições culturais em Berlim, a cidade que voltou a ser a capital do país. Já não faz mais sentido, não poderia ser levada a sério a reclamação de que a União tem feito por ela demasiado pouco. Quem reclama, também deveria perguntar: O que a própria cidade-estado de Berlim está disposta a fazer por sua cultura?

Berlim é a capital política da Alemanha, mas não a capital cultural. Berlim é sede do governo, mas não a sede da cultura alemã. Na Alemanha, a cultura possui muitos lugares para o seu florescimento. Em nenhum outro âmbito a estrutura federal do país está mais disseminada do que na cultura e na política cultural. Nessa esfera, o estado democrático alemão é herdeiro do particularismo alemão. Foi uma benção para o desenvolvimento cultural do país, o fato de, durante muitas décadas, primeiramente os principados e as cidades livres e, mais tarde, os estados e as comunas, terem competido com performances culturais. Esta multi-configuração da paisagem cultural alemã é um bem inestimável.

Tenho motivos para estar plenamente feliz: aquela que foi eleita a Casa de Ópera do ano situa-se em Stuttgart, enquanto as encenações do Thalia Theater de Hamburgo ou do Kammerspiele de Munique são convidadas para festivais de teatro em toda a Europa, com as orquestras de Berlim e Dresden sendo estusiasticamente festejadas na Itália e nos Estados Unidos. É nisso que reside, justamente, a riqueza cultural do país.

A nova Berlim é fascinante, sobretudo por seus artistas. Muitos se mudam de outras regiões para Berlim, e eu tenho a certeza: tal fascinação haverá de perdurar. Outras regiões da Alemanha terão de empreender esforços culturais suplementares para apoiar a cena artística local - e isto também só pode trazer frutos, pois assim se mantém a multipolaridade da cultura.

A diretora geral das Staatliche Kunstsammlungen [coleções de arte sob supervisão do estado], em Dresden, resumiu há pouco, e de forma pertinente, a discussão sobre a cultura de uma capital: "Não significa: Nós precisamos de uma cultura de capital , mas: Berlim precisa de dinheiro para a preservação da cultura universal, que é importante para todos nós ." Pois - e nisso também eu estou inteiramente com ela - "a cultura não se faz digna de incentivos por sua localização político-administrativa, mas por um direito que lhe é próprio; seu padrão qualitativo e seu significado histórico (vale também para a cena contemporânea) determinam o lugar que ela ocupa no cenário da cultura universal". Sem dúvida nenhuma, a União tem uma responsabilidade toda especial no fomento de uma cultura à altura de uma capital. A tarefa central da política cultural da União consiste, no entanto, em responder, juntamente com os políticos da área da cultura nos diversos estados e comunidades, pelo clima cultural no nosso país, pelo cultivo da herança cultural e pelo desenvolvimento da arte com os olhos postos no futuro. Isto diz respeito também à contribuição que os estados dispendem para a cultura em Berlim - disso, a fundação pro acervo cultural da Prússia se constitui em belo exemplo.

Do sonho de uma "capital cultural" poderia sair o "modelo Berlim", se o tema for abraçado pelos políticos da cidade como sendo a sua "causa principal", como parceiros positivos no formento de uma cultura à altura de uma capital da União, trabalhando em soluções inovadoras, cuja riqueza inventiva não se reduz à disputa pelos incentivos estatais.



O Ministro de Estado Nida-Rümelin é representante do governo alemão para assuntos ligados à cultura e aos meios de comunicação.



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