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Cartas-->A Eva Braun -- 31/07/2001 - 19:29 (Fernando Tanajura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Querida Eva Braun,

Permita-me essa intimidade de chamá-la de querida. É que sua cartinha foi tão afinada com o meu pensamento de A a Z que brotou em mim o sentimento de ser você a minha melhor amiga de infância -- não considere aqui a idade física e sim a idade mental. Permita-me, também, incluir nesse alfabeto as letras K, Y e W e também o Ç. Se você deixar, também incluo as pontuações e acentos todos que temos direito para expressar a nossa individualidade e respeito a idividualidade dos outros. Com essa sopa de letras tomo a liberdade de tricotar um pouco sobre o assunto. Deixando os ovos e o leite, a que poderíamos juntar farinha de trigo e fazer um bolo gostoso para celebrar seu aniversário; esquecendo o vinho que agora dizem que é bom para a circulação, mas ataca o fígado; abandonando mesmo o chocolate que antigamente diziam que aumentava a taxa de colesterol e agora é redimido como sendo desobstruidor de coágulos no coração, fico ainda com o tabaco e conto-lhe uma experiência pessoal passada no primeiríssimo mundo tão decantado pela sua eficiência e eficácia. Faz exatamente vinte e um anos que uma dor na minha rótula esquerda me incomodava com fisgadas insistentes. Resolvi ir a um médico renomado que, ao examiná-la, me perguntou se eu fumava. Quando ouviu a resposta afirmativa ele deu um salto de possesso ou de exorcista, sei lá, e gritou que eu deveria parar de fumar naquele instante e que iria amputar minha perna. Pegou meu prontuário e já quis marcar a cirurgia. Fique espantado e, como na época o meu inglês não era lá essas coisas para me defender, procurei com cuidado ajeitar as minhas calças, calçar a minha botinha e sair daquela consulta que estava pagando em dólares. Fui para casa no meio do frio inverno nova-iorquino acabrunhado, deprimido e preocupado, pensando que iria usar muletas ou cadeira de rodas para o resto da minha vida. Não me acomodei e, dias depois, procurei outro médico. Coincidentemente, na nova consulta, usei a mesma botinha de neve. Assim que contei a história para o novo médico, um velhinho encantador, ele nem me examinou. Aconselhou-me de imediato a ir para casa e jogar a botinha -- única que eu tinha para os dias frios e para enfrentar a neve -- no lixo. Acreditei no velhinho bondoso sem entender muito o "ter que jogar a bota no lixo". De fato, parei de usar a bota e a dor desapareceu. Semanas depois, consultei um sapateiro e ele me explicou que a altura do salto da bota forçava a minha coluna e eu pendia todo o peso do corpo na perna esquerda, essa era a causa da dor. Joguei a malfadada bota no lixo e não parei de dar os meus tragos tabagísticos com prazer no decorrer de todos esses anos. Continuo com a minha perna bela, peluda e roliça até hoje, livre de qualquer dor e a qual me leva aos quatro cantos do mundo.

Abraços acroáticos e acrobáticos

Fernando Tanajura
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