Lenda da Mulher de Duas Cores
No século dezenove , na época da escravidão , havia uma fazenda na fronteira de Minas Gerais com São Paulo onde morava um viúvo fazendeiro chamado Ernesto , que tinha uma filha loira com o nome de Cláudia .
Um certo dia , a filha do fazendeiro se apaixonou por um escravo e este casal passou a se encontrar escondido .
Porém , Ernesto descobriu sobre o namoro de Claúdia , a proibiu de se encontrar com o escravo e ameaçou vender o seu amado .
A moça confessou estar grávida e fugiu com o seu amado para um quilombo .
A mãe do escravo ao saber desta história , fez um ritual de candomblé para que a criança não nascesse .
Já , o fazendeiro ao saber de tudo isto , encomendou os trabalhos de uma feiticeira européia para que , também , o bebê não viesse ao mundo .
Alguns meses se passaram e Claúdia deu a luz a uma menina de duas cores : metade do corpo da criança era negro e outra parte era branca . Esta criança foi batizada com o nome de Branca Morena .
O povo do quilombo costumava costurar roupas diferentes para esta menina : seus vestidos sempre tinham duas cores : preto e branco ; vermelho e azul ; verde e rosa ; etc.
O tempo passou , a princesa Isabel assinou a abolição dos escravos . Mas este casal , com medo que sua criança sofresse, nas mãos dos preconceituosos , decidiu não sair do quilombo .
Porém , ao completar quinze anos de idade , Branca Morena fugiu do quilombo e chegou de noite a uma cidade .
Esta moça entrou dentro de uma casa sem bater , porém tropeçou num vaso e fez barulho . Desta maneira , uma das moradoras deu de cara com ela e se assustou soltando um grito .
Então , as outras pessoas da casa acordaram e se espantaram com a aparência de Branca Morena . Assim , o integrante mais velho , pensando em se tratar de uma assombração diabólica , amarrou a moça , colocou – a num saco e matou a pobre , com um tiro , numa das estradas de Minas Gerais que fazia fronteira com São Paulo .
Diz a lenda que seu fantasma ainda anda por aquela estrada , assustando os caminhoneiros e os condutores dos demais veículos . Até hoje , ela caminha com pressa , quase correndo só até os meios pés , sem botar o calcanhar no chão .
Luciana do Rocio Mallon
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