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Erotico-->3. O CATIVEIRO -- 11/02/2004 - 07:43 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Até o final da viagem, aos solavancos, perturbou-se Teotônio, imaginando como é que poderia ter sido apanhado pelos malfeitores na via pública, em meio ao volumoso trânsito. De imediato, lhe veio ao pensamento que a confusão do tráfego fora causado para seu seqüestro, o que o levaria a ter de desfazer-se de seus bens. Aí, vinham-lhe de atropelo à mente as lembranças mais disparatadas, imagens de personagens do vídeo agradecendo ao povo e a Deus o terem sido libertados saudáveis, os cadáveres de reféns assassinados, as hediondas figuras de bandidos aprisionados, os primórdios da luta profissional, as horas de angústia na expectativa dos primeiros sucessos, a família, mamãe à frente, afligindo-se pelo desaparecimento do filho, papai, angustiado pelas exigências e ameaças, a maninha, reunida na congregação espírita, orando pelos protetores, o cunhado, afoito, buscando organizar a vida na fábrica, dando ordens para que os eventos não se atrasassem, o dinheiro no banco, escasso, pelas altas aplicações...

— Põe isto aí na cabeça! Já!

Era um gorro com abertura para a boca, fechado nos olhos, que espremia o nariz e apertava nas orelhas, justo, de couro preto. Sentiu que lhe fechavam o nó na garganta. De relance, pôde perceber que a mão era clara, apesar da luva, porque o relógio dourado a enrugara naquele ponto. Foi o único contato visual que teve com os seqüestradores.

Pensou que iriam agredi-lo, que iriam dopá-lo, que iriam carregá-lo e jogá-lo em algum canto sórdido e fétido de imunda casa ou ao fundo de caverna, no meio do matagal de algum morro, ou que iria ser armazenado em caixa de papelão ou madeira, exígua, na qual iria ter de fazer as necessidades e comer... E os remédios para a pressão e para o coração? Tinha de informar...

— Sai daí sem gracinhas!

Foi empurrado e forçado a se estirar fora do automóvel.

Seguro pelo braço, foi conduzido por exatos dez passos.

— Degrau!

Tropeçou e foi amparado. Sentiu que entrava em alguma casa, pelo cheiro penetrante de carne frita e tempero. Isso lhe deu certo alívio. Ao menos, haveria alguma mulher a cuidar do cativeiro. Quanto tempo ficaria?

Depois de alguns safanões, achou-se junto a uma parede.

— Sente-se! Levante a mão! Esse arame é que vai dar as direções em que você poderá andar.

Sentiu que lhe estavam passando uma corrente pela canela.

— Fique sempre no colchão! Para ir ao banheiro, bata palmas, fique de pé, e siga o arame até o chão frio. Faça as necessidades e volte. Tudo vai dar certo, se fizer como estamos mandando.

As ordens eram dadas como se a pessoa estivesse com um lenço na boca. Disfarçava. Será que era alguém conhecido?

Levantou a mão, para pedir permissão para falar.

— Que é que você quer?

— Quanto dinheiro vão pedir?

— Quanto você tem?

— No banco, duzentos mil. Em casa, mais dez.

— Vamos pedir três milhões.

— Santo Deus! Onde é que eu vou arrumar tudo isso?

— Você não vai arrumar nada.

— Eu preciso...

Ouviu uma porta bater e correr um fecho. Estava sozinho. No escuro. Perdido.

— Tem mais alguém junto comigo?

Nenhuma resposta.

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