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Erotico-->1. PRELÚDIO -- 09/02/2004 - 06:14 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Caprichoso, Teotônio punha muita vaidade no vestuário que o levaria à ópera. Também, pudera, era dono de vitrina de “prêt-à-porter”, com direito a desfiles exclusivos, pelas passarelas mais charmosas e badaladas!

Naquela tarde, dedicara-se a desenhar os modelitos do próximo verão, buscando esquecer os figurinos do último ano e as informações que lhe chegavam do outro lado do mundo. Queria, o mais possível, navegar escoteiro pelas águas túrbidas desse arraial de amores-próprios, conquanto a memória lhe prescrevesse certas tonalidades, certas contexturas, certos cortes, para não se espraiar demasiado pelos desvarios da obra que nem as manequins teriam prazer em vestir.

Vira várias apresentações de vanguardistas e pioneiros, a experimentarem novidades absolutas, como papel, metal, vidro, plástico e até o elétrico e o eletrônico. Queriam, evidentemente, fixar o nome na mentalidade da mídia e nas gordas contas bancárias dos patrocinadores. Ele, ao contrário, não poderia ofender o princípio de que a moda a serviço do vestir deveria, sempre, ser cordata com a mediania do bolso e do gosto de freguesia cativa.

As reflexões bailaram-lhe no cérebro, enquanto as mãos ágeis fizeram os traços criarem figuração no painel iluminado do computador. As cores se mesclavam ao comando dos botões e do nada brotavam as flores que iriam matizar as alcatifas dos corredores e dos salões. Os termos não se ajustavam com perfeição à nostalgia romântica inconsciente.

Retocou a maquilagem suavíssima, porque não abria mão de sombrear discretamente as pálpebras, afagou o “ego” que se punha diante de si ao espelho de cristal da câmara em que se preparava para as ocasiões de gala, deu dois ligeiros toques nos brincos de esmeralda e brilhantes que ponteavam o lóbulo da orelha esquerda e cantarolou, embevecido, trecho da ária da “Tosca”, cuja degustação harmônica prelibava em soberbo vibrato de tenorino.

Dava ênfase, sem alcançar os tons mais agudos, aos temas da soprano, e se punha de guarda quanto às sugestões maldosas de que se envolvera com famoso tenor, que desfilara modelos seus roubados às inspirações femininas. Foram bons amigos, nada mais, mas a evidência de seu nome iluminara as crônicas dos periodistas sociais por mais de quinze meses. Enquanto isso, dava tempo ao tempo, porque novas ilusões preencheriam a imaginação do público, sempre ávido pelas novidades dramáticas dos romances fora de hora.

Lembrou-se de que deveria chegar a tempo de ser admirado, incensado e, principalmente, endeusado pela imprensa atenta aos que se projetam pelo espaço sideral, arrastando a cauda iluminada, na qual brilham de empréstimo os...

— Sete horas! Não vou preocupar-me com quem não tem categoria para abrir caminho, seja para onde aponte a proa do seu barco. Alô! Leonel, esteja junto à porta da frente em três minutos. Estou saindo.

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