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Contos-->CONFUSÃO -- 11/01/2001 - 02:57 (Fernando Tanajura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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CONFUSÃO

Não foi uma madrugada como as outras, essa foi bem diferente: um frio de inverno e uma escuridão de fazer gosto. Dois corpos juntinhos na cama procuravam se esquentar até que o dia amanhecesse. Alguém bateu na porta com brutal violência. Os dois corpos sobresaltados pularam da cama: um se ajoelhou sem estar rezando, o outro se escondeu no armário. Quando tudo clareou contaram que de madrugada um assaltante tentou arrombar a porta. Com o barulho, a mulher se ajoelhou, mas não sabia rezar, enquanto o homem se escondeu no armário com medo. Hum... Outros disseram que não foi bem assim, que tudo isso era pura mentira. Na verdade, o marido chegara tarde do trabalho da fábrica onde suou por dois turnos seguidos para garantir mais um pedaço de pão à mesa e, não conseguindo abrir a porta, bateu com tamanha violência para acordar a mulher que pulou da cama se ajoelhando, mesmo sem saber rezar, enquanto o vizinho, escondeu-se no armário até encontrar uma solução. Quase se acreditou na história. Contudo, as más línguas já contaram diferente. Disseram que a mulher, muito preocupada, foi visitar a mãe doente e chegou tarde. No caminho, com a cabeça atordoada, perdeu a bolsa com chave e tudo. Com medo de um tarado que a perseguia na escuridão, bateu violentamente na porta na esperança de o marido abrir prontamente, mas este estava se esquentando com um assaltante amigo que pulou subitamente da cama e se ajoelhou tentando relembrar uma reza, enquanto o marido se escondeu no armário com vergonha da mulher. Um vexame total!... Mas o vizinho, querendo defender o homem ou procurando uma saída para os seus problemas, garante que não foi nada disso e tem provas. Desconfiado que andava da sua mulher com a mulher do homem, bateu violentamente na porta. Ainda viu uma correr para o armário para se esconder, enquanto a outra saltou de joelhos fingindo rezar. A mulher e a vizinha logo se defenderam e disseram que, na verdade, foram à Nova Igreja Adventista que prometia mundos e milagres, e voltaram a pé na esperança de encontrar seus maridos jogando dama, coisa que gostavam muito de fazer ultimamente, na falta do que fazer. Ficaram desconfiadas quando eles demoraram a abrir a porta e bateram violentamente sem sossego. Por que eles não estavam na sala? O que faziam sozinhos no quarto? E porque um se ajoelhou, se não sabia rezar? Por que o outro tentou se esconder no armário? Na delegacia todos procuraram se explicar e nada ficou esclarecido. O homem provou que sabe de cor e salteado o Pai Nosso, a Ave Maria, o Credo, a Salve Rainha e ainda algumas ladainhas. A mulher disse ser muito alta, em vista disso, não caberia no armário. A vizinha exibiu seus joelhos lisos, sem arranhões nem marcas mostrando que não estava ajoelhada. O vizinho afirmou que nem viagra resolve o caso dele, portanto nada de desconfiaças com a vizinha nem o vizinho. O mendigo, cego, ainda insistente, chorava a pedir um café quente porque estava morrendo de frio numa manhã que continuava fria e escura para ele.


© Fernando Tanajura Menezes
(n. 1943 - )
(in Revista Alternativa - Boston-MA/USA - Janeiro 2001)
http://tanajura.cjb.net


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