Boa noite, noite. Boa noite, lua. Boa noite escura mesmo por que o apagão existe.Trabalhei toda a semana que nem uma negrinha de senzala em troca de uns míseros pedaços de papéis para comprar líquidos vermelhos, a que chamam de vinho; pasta cor de rosa, que chamam de pasta de salmão, e para dar dois pedacinhos desses papéis, que chamam cédulas ou dinheiro, para o mancebo mexicano colocar numa maquininha que só funciona assim, a fim de o filme que emite gemidos úmidos, também chamado pornográfico ou de sacanagem, continuar rolando, enquanto eu rezava um bom rosário para Nossa Senhora de Guadalupe, de boca aberta e cheia de carne recoberta com uma película de borracha, que chamam de camisinha ou condom para as fabricadas nos Estados Unidos ou Coréia. Concluí depois disso tudo que sou uma dedicada escrava da Sociedade Moderna. A vida não é mais aquela, meu querido poeta. Penso que a poesia já era, mas estou firme lhe amando - continue escrevendo e acreditando no seu pensar. Adeus aos bons tempos das coisas naturais e selvagens quando o prazer era um prazer. Destruíram o nosso planeta e o George W. tem razão: conservar mais pra quê, ou o quê? Kyoto e o resto do mundo que se fodam. Se Roma teve seus dias de decadência, por que a Grande América e todo o mundo Ocidental também não vai ter os seus? Chamem o SBT para gravar mais um Aqui e Agora que o Grande Império está em ruínas, cai tudo em pedaços com mil desempregados e gente sem saber o que fazer das suas dívidas e arrogâncias.
Conversando ontem ao telefone com uma amiga minha vi que tudo poderia se tornar um livro bem volumoso com tanta agitação. Depois de meia hora de papo, desliguei preocupada com o que conversamos. Não sei mais como me expressar depois que concluí que o mundo não tem salvação e santidade é coisa inventada pelo Vaticano para angariar fundos. Sempre existe e existiu perdidos e perdidas, ricos e pobres. Pergunte ao bondoso Nosso Senhor Jesus Cristo que andava com Magdalena (perdida) e Judas Iscariotes (perdido), com os ricos (Bodas de Canaã) e os pobres (ih... tantos!!!... naqueles tempos e agora também) Passaram-se 2 mil anos [note bem que não são dois mil dias nem dois mil minutos!], repetindo: 2.000 anos e tudo está aí: a puta, o ladrão, o traidor, os ricos habitantes do primeiro mundo, los pobrecitos de el tecer mondo... e la nave vá, comme il fault.
Bom, amigo poeta, é sábado de noite e não vou ficar empenhando meu tempo nessa dissertação marota. O sapo ainda tem fome de cobra e sapo que não pula... [não preciso nem completar porque aprendi com uma frase sua].
Com muitas saudades, beijos escravistas de sua fiel leitora.
