Uma nova mulher
Se tiveres coragem, atreva-te!
Solta-te, em queda livre, no ar.
Arrisca-te e venhas me pegar
Se ousar ter o prazer que te posso dar.
Não és forte?
Então desafies a própria sorte.
Mas não te aproximes se não fores capaz
De enfrentar-me e de amar-me, rapaz.
Conforma-te com a mesmice e o tédio.
Morre deste mal sem remédio,
Que é teu medo da entrega salvadora,
De viver uma paixão avassaladora.
Não venhas até mim, querendo minha amizade.
Não queiras de mim colo, consolo ou bondade.
Pois pra isto não tenho disponibilidade.
Sou transparente, quero teu ser,
Quero o teu sexo, o teu prazer!
Quero orgasmos múltiplos juntos,
Unidos, uníssonos!
Quero gritar, quero gemer.
Atreva-te! Vem conhecer a fera.
Não penses que, no harém de Zeus,
Meu papel foi o de Hera.
Mulher submissa, dependente,
De ciúmes quase demente
Isto são apenas sonhos teus.
Ousa! Vem que tem!
Mas desde já te digo o que convém.
Não espere de mim autonegação.
A fera ferida está à solta na vida!
Lilith, a minha deusa bendita,
Hécate, minha essência em ação!
Aquela parte minha, poço de ternura
Que se dava sem nada pedir,
Sem coisa alguma receber ou exigir,
Que a si, se negava com candura
Em favor dos outros.;
Pelos fracassos alheios se culpava.
Esta mulher está morta e cremada.
De suas cinzas, nasceu a loba, a fera.
Frágil e bela.
Ávida e voraz...
Venha conhecê-la, se fores capaz.
Venha a mim se tiveres disposto a me adorar.
Adorar em mim todas as deusas,
Lilith, Hecate, Perséfone, Ishtar,
Integradas nesta mulher mortal
Transforma-te em dádiva, numa entrega fatal!
Hoje quero adoração.
Cansei de entregar por nada meu coração!
Se tiveres coragem de dar este salto,
De admirar-me e prestar-me cultos
És bem vindo a experimentares meus prazeres ocultos.
Se não estás disposto à entrega, a viver em paixão,
Dançando na corda bamba, saltando no escuro,
Não vou a ti e nem venhas a mim.
Nossa história chegou ao fim!
Tereza da Praia
Série: Fera ferida ou um mar que espera?
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