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Erotico-->35. A VIAGEM SE APRESSA -- 01/02/2004 - 07:28 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Não foram suficientes os embaixadores para o convencimento de que a nave deveria estabelecer contato mais próximo com o campo de proteção dos guias e demais espíritos predominantes na região libanesa. Não houve sequer a possibilidade de qualquer discussão interna, porque todos tiveram de se recolher em preces, condensando os recursos energéticos para poderem pairar por instantes sobre a paisagem desolada. Teriam de regressar a Bagdá, ir a Meca para depois descer até Telavive. Mas os professores decidiram que abandonariam o roteiro, imaginando a possibilidade de, na colônia, se encontrarem descrições cinematográficas fornecidas pelos protetores pátrios, segundo os preceitos extraídos dos cânones do Islamismo, do Cristianismo Católico e Ortodoxo e do Judaísmo, para a configuração dos problemas ali concentrados. Mesmo no Cairo, apesar de muito atenuada, a pressão se exercia poderosamente, de modo que se buscou refúgio nas selvas africanas.

Desafogados, os alunos não se sentiram bem consigo mesmos, acusando-se de nefandas vibrações, tão incapazes haviam sido de sintonizar as forças do bem, quão de repelir as do mal. Precisavam parar para refletir sobre o que lhes acontecera, mas ninguém se atrevia a expor o mínimo pensamento. Apenas Felícia se sentia mais ou menos segura das próprias reações, tanto que foi estimulada pelos mestres para que iniciasse o seminário.

— Meus companheiros, não vou pedir-lhes nem preces nem qualquer esforço suplementar para tornar o ambiente propício para a meditação de cunho esclarecedor quanto ao conhecimento de nós mesmos. Ficou muito evidente que não temos recursos próprios para enfrentar as vibrações hostis dos seres encarnados em litígio tão intenso. A defesa dos bens materiais se torna algo quase concreto com as barreiras que se estabelecem em nosso plano, além do terror concentrado nos corações dos viventes. Existirão, por certo, pessoas de bem, pessoas honestas, pessoas cuja visão da paz é tão penetrante que se poderia dizer que darão milhares de anos nas trevas para que mínima luz se faça, no sentido de se garantir o progresso espiritual dos povos. Contudo, se eu não estiver laborando em profundo engano, tais pessoas representam as forças do etéreo envolvidas na proteção exclusiva dos companheiros de fé religiosa, uma vez que três das principais tendências da humanidade ali se encontram, como que defendendo a própria pátria espiritual, local idealizado na terra como sagrado e único. Os menos apegados são os cristãos, que se dão um pouco como estrangeiros, apesar de lucrarem (estou fazendo especial referência aos planos místico e religioso) com a fixação de roteiros de santa peregrinação ao berço de Jesus, aos locais por onde deve ter passado e ao Gólgota da suprema vergonha. Quanto aos israelitas, não levam em conta a primitiva invasão dos tempos mosaicos e se louvam nas tradições bíblicas, segundo as quais Jeová é que os encaminhou para o que chamam de Terra da Promissão. Os maometanos se julgam originários do local e querem reservar-se o direito de permanência, tanto que a Caaba deve ser visitada por todos os homens ao menos uma vez na vida. Não quero nem vou entrar em considerações de diversa ordem, apesar de saber que, por exemplo, em Beirute, existe outra divindade igualmente adorada por grande parte da humanidade, qual seja, o dinheiro, dada a feroz concentração de recursos nos estabelecimentos bancários. Nesta altura dos acontecimentos, estou ficando absolutamente preocupada com o destino que daremos ao escrito mediúnico a ser apresentado aos mortais, tão limitado é o nosso horizonte quanto a alcançar êxito. No início, eu mesma suspeitava de que a visão mundial iria pôr em risco as recomendações evangélicas, tantas são as dificuldades originadas nos dispositivos culturais profundamente diversificados. Muito pior do que isso é a constatação de que a maior parte das pessoas luta pela manutenção da própria vida, sem qualquer possibilidade de se ilustrarem quanto aos programas de evolução espírita, segundo o ponto de vista kardecista, uma vez que a ignorância grassa, impedindo até que haja simples leitura dos textos, quanto menos de sua aplicação intelectual. Voltando às considerações relativas ao sentimento religioso, temo que sejam necessários milênios de pressão sobre as perspectivas de usufruto de bens materiais para demonstrar aos que se fanatizam que poderão obter a conquista das regiões de suprema felicidade, sem aspirar ao gozo através das sensações corpóreas. Nada do que estou dizendo faria sentido se os homens vivessem em harmonia.; só vale porque é o ódio que predomina e os desejos de vingança e de supremacia. Não quero sugerir nenhuma solução mas, apenas para conjeturar um meio de melhora das condições espirituais, diria que, se Deus o permitisse, um profeta deveria, como nos relatos bíblicos, conduzir o povo de Israel para outra “Terra da Promissão”, por exemplo, um território no continente africano ou na América do Sul, com o beneplácito do espírito evangelizado da população cedente, ao mesmo tempo que se ofereceria aos povos árabes, por meio de outro iluminado divino, a regalia da descoberta de meios de recuperação das áreas desérticas, para que a invenção de veículos e maquinaria não poluentes tornasse desnecessário o emprego do petróleo, principal fonte de recursos econômicos desses povos, onde impera, apesar disso, impressionante contraste material entre ricos e miseráveis.

Adalberto não se conteve:

— Percebo que Felícia tem estado preocupada com as soluções, embora não atine com os meios científicos de se chegar a elas. Em todo caso, posso intuir que o relato haverá de atingir o coração e o cérebro de muitos leitores, cada qual voltado para a concretização de pequenas realizações pessoais, em função do bem coletivo. Não vejo ninguém no mundo com força para estimular uma reforma geral no procedimento de destruição. Por isso, sugiro que avancemos na direção dos países asiáticos, uma vez que a África ainda pode considerar-se uma reserva, tão rarefeita é a demografia, embora haja problemas peculiaríssimos, como a nascente propagação de doenças de gravidade superior, como os vírus que produzem a síndrome da imunodeficiência adquirida e o da infecção conhecida pelo nome de “ebola”. Sabemos que existem regiões em litígios ainda mais terríveis dos que acabamos de deixar para trás, morticínios que vêm desembocar no etéreo com as características das guerras tribais de todas as épocas, agora patrocinados pelas armas automáticas.

Felícia requisitou de volta a palavra:

— Penso que estamos cientes da maldade de muitos. Precisamos é discutir os meios de reverter o quadro, em função da permanência dos espíritos desta esfera em ciclos cármicos proveitosos. Não vamos avançar um milímetro, se não pusermos, desde já, no coração dos encarnados, a sementinha do amor de Deus pelas criaturas. Não quero perder de vista o ideal dos espíritos de luz, pela benevolência das revelações. Vamos nós mesmos confiar na generosidade do Senhor, no sentido de nos proporcionar recursos intelectuais, morais e emocionais, para que sejamos capazes de enfrentar todo tipo de oposição. Peço perdão aos amigos por insistir na mesma linha evangélica, mas acredito que toda a ciência ganhará muito se se dedicar ao desenvolvimento das técnicas e artefatos, sem o ônus do desejo de supremacia de uns sobre outros. Se não precisarmos mais do petróleo, saibamos acudir as economias que se amparam nele.; se não mais necessitarmos das armas, façamos, em favor dos companheiros que sobrevivem delas, a transformação dos parques industriais, reaproveitando-os para a confecção de bens para a vida e não para a morte. Há muito para ser feito. Quem sabe os chamados “Tigres Asiáticos” não nos sejam uma fonte de inspiração?

Houve concordância geral em seguir viagem, de modo que, imediatamente, se viram sobre Tóquio.

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