O Instante
Está de passagem envolto em magia,
como pássaro rasante, que deixa o Sempre.
Lugares, pessoas. Objetos acidentais –
olhares atentos, olhares perdidos.
Somos por ele joguetes anônimos
gravadores mentais que registram,
arquivos que prendem, figuras que guardam
se vivos, seus mortos absortos.
Somos areia e acaso. Voamos seu vôo.
Fazemos histórias, traçamos no nada
os destinos, futuros, projetos: pessoas pontuais.
Que sonham que ficam.
Respiram seus seres lembranças e penas.
Mas viaja de novo
e se aninha - sem dono- e foge.
Me conta o encanto do enorme Futuro.
Eu não passo de um pobre!
Um mendigo da Vida,
um escravo
da sua pressa impiedosa.
E se estás de passagem
te peço – instante- a magia.
Que me emprestes as asas
de teu pássaro em vôo.
Que me ensines a ser tão veloz
quanto a essência
E que aprenda em tua fuga
a passar : feito Luz, como a Vida.
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