Paciência
Paulo Nunes Batista
Paciência de vaso sanitário
humilde e necessário
que enfim tudo suporta e que nada reclama,
mas serve – estóica e heroicamente –
a toda (a) gente
com a boa vontade de quem (muito) ama
Paciência de fossa ou de cano de esgoto
que se oculta, se esconde
e às vezes mesmo velho, débil, roto
continua servindo sob o chão
sem perguntar pra que, nem como, ou quando e onde,
mas com presteza, alma, abnegação
Paciência de estrada
que mesmo esburacada,
xingada, maltratada e vilmente pisada
segue na utilitária serventia
sem férias, sem descanso
no suceder da noite após o dia
sempre a ofertar o dorso escravo e manso
no alongado sofrer da rodovia
Paciência de planta ou de animal
de cachorro, de burro ou cavalo ou jumento
que no seu passo lento, ou mais violento,
nos transporta, afinal
servindo a cada qual
conforme a dimensão do seu poder.
E serve, serve sempre, até morrer
sem nada para si nos exigir
Viver para servir, servir por existir
é seu fanal, seu lema
– com dedicada paciência extrema
Paciência de mãe servindo a seu filhote
o leite generoso em perene oferenda
para que o homem aprenda
esta Lição:
A Natureza, paciente e dadivosa,
é fonte inesgotável de DOAÇÃO...
E tu, Amigo, em que é que estás servindo?
Só por milagre mesmo ainda estás vivendo –
e de tudo, dos outros dependendo
como se tudo apenas existindo
fosse para que tenhas existência...
Amigo, Irmão, ama e serve
armado de Bondade, Humildade e Paciência
o vegetal, o animal
como a fazer está o mineral,
que a Lei Cósmica, a Constituição Universal
é – Amar e Servir.
Aprende a fazer isto
como quer o teu Cristo
e se é que algum dia
para os Céus da Beleza e da Harmonia
ainda pretendes ir...
Anápolis, 30/7/2003
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