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Erotico-->32. SOBRE O OCEANO E SOBRE LONDRES -- 29/01/2004 - 07:31 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A viagem para o Velho Mundo transcorreu tranqüila, aproveitando a turma para observar o nível de poluição das águas oceânicas profundas. Entretanto, sem as explicações dos mentores, discutiam e discutiam, sem chegar a conclusões positivas sobre a possibilidade do desastre para a vegetação submersa nem para os animais marinhos. Parecia-lhes muitíssimo pouco provável que tanto volume de água, de repente, fosse oferecer perigo para a vida terrestre, por não proceder à oxigenação atmosférica. Entretanto, não punham em dúvida as informações de que o planeta estava em perigo e tentavam entender as matrizes dos pensamentos que geravam a previsão da catástrofe.

Quem possuía alguns elementos para vislumbrar as ações de destruição era Rogério, que passou os míseros conhecimentos, em forma de contido entusiasmo:

— O que me parece de pior para os oceanos é o contínuo despejar dos detritos dos centros urbanos. Além disso, existem muitos navios submersos, desde os últimos conflitos mundiais, a gerar graves núcleos de material potencialmente nocivo, embora tais embarcações não tenham grande poder de destruição. Navios carregados de petróleo também se afundaram, estes, sim, causadores de graves acidentes para a vida submersa. Penso que houve quem despejasse nas profundezas cargas de materiais altamente tóxicos, por medo de se afetar o ar. Finalmente, o que me parece o mais fatídico é o lixo nuclear que as potências atômicas esconderam, crendo que as embalagens não seriam corroídas, pelo menos enquanto vivessem seus descendentes mais próximos. Esqueceram-se, obviamente, de consultar o catálogo das reencarnações. Não posso, contudo, oferecer nenhuma projeção segura de quanto tempo ainda teremos, a prosseguir o contínuo aumento de contaminação dos mares, para que se prejudique significativamente a produção de oxigênio. O que posso afirmar, com certeza, é que a pesca predatória dos grandes mamíferos tem gerado desequilíbrios na linha de alimentação das espécies. Se quisermos respostas mais precisas, meus caros, não há como obtê-las apenas através de rudimentar observação direta, sem a contrapartida dos pressupostos científicos. Tenho dito.

Silêncio absoluto dominou o ambiente, de forma que, quando despertaram para a realidade circunstante, estavam próximos do nevoeiro londrino.

Timóteo, pela primeira vez instado por Epaminondas, teve o privilégio de discorrer sobre a capital da Inglaterra:

— Eis o exemplo mais contundente do que o orgulho pode produzir em função do benefício da pátria, com exclusão, é claro, do restante da humanidade. Em matéria de combate contra a degeneração ambiental, basta a citação edificante da limpeza do Tâmisa, exemplar para a pobreza de investimentos e de preocupação em relação aos rios brasileiros, muito especialmente do Tietê, ou em relação ao que vimos na Baía da Guanabara. Mas o povo inglês apresenta recordes de desperdício, haja vista a tremenda frota marítima, a serviço de um ideal de defesa absolutamente desconexo da realidade bélica dos países que poderiam oferecer qualquer risco para a integridade nacional. Em hora de economia, as primeiras providências aparecem incidindo sobre a realeza, mas são tímidas e fortuitas. A insistência em negar provimento ao clamor de liberdade para os irmãos do Norte tem sufocado muitas consciências e incentivado atitudes menos dignas quanto a como considerar as criaturas do Senhor. Em suma, caso haja necessidade (do que parece não há fugir) de se implantar no espírito bretão a visão catastrófica, rapidamente se mobilizarão para a aplicação tecnológica dos avanços nas áreas científicas, pelo menos quanto a salvaguardar a ilha e a auxiliar os parceiros continentais, juntos desde há algum tempo em coalizão comercial e industrial bastante promissora. Não sei se correspondi aos anseios do professor.

Foi Felícia quem desejou algo mais:

— Você acha que caracterizou definitivamente a alma do povo ou tudo o que disse teve o mesmo sentido provisório das palavras de Rogério, a respeito das águas oceânicas?

Ferido em ponto crucial, qual seja, o da ignorância que se presume suficiente para a pobreza de espírito do círculo dos estudantes, Timóteo investiu noutra direção, sem qualquer resquício de agressividade, mas cônscio de que a sugestão da colega era para ser levada em conta:

— Todos os seres tendem para o Criador, irresistivelmente. Ainda que, momentaneamente, nos seja patente o pouco descortino científico, a nossa sabedoria, para muitos de fora, há de parecer a própria luz emanada dos espíritos angelicais. Se recuarmos para alguns dias atrás, antes de sermos reunidos com a finalidade dos estudos em caráter superior, muitos de nós velejávamos escoteiros pelas túrbidas águas das dores de consciência, sem discernimento, sem objetivo humanitário, sem visualizar os caminhos para o patamar seguinte da longa escada evolutiva, diferente daquela do sonho de Jacó, porque, por estes degraus, ninguém desce. Sendo assim, não posso afirmar que, no ambiente intelectual em que pairamos, haja algo, como você me pergunta, definitivo. Mas vou dizer-lhe algo surpreendente: jamais haverá, porque o devenir é o eterno refazer que está sempre presente, sob o influxo da memória contundente do passado. A felicidade se incrusta devagar nos refolhos do cerne espiritual de todos os seres, de modo que, se prestarmos atenção ao que nos transmite a nossa própria centelha existencial, haveremos de compreender a voz de Deus. Quando examinamos as personalidades encarnadas e suspeitamos que estejam defasadas em relação ao que delas esperam os espíritos maiores, tendo em vista a superação dos males tremendos que se avizinham, também temos de constatar que os sofrimentos fazem parte daquele cadinho de sensações que redundarão em progresso e que fundamentarão as diretrizes espirituais para a vitória sobre as vicissitudes cármicas. Confiemos em todos os nossos irmãos, sem excluir ninguém, ainda que a perspectiva do trabalho socorrista nos assegure de que não haverá de ser fácil a execução dos serviços em prol de todos nós, em qualquer círculo da vida ou da morte. Desculpe-me, Felícia, a pretensão de lhe responder com palavras tão cheias de conceitos elementares, mas é exatamente nesse ponto da peregrinação evangélica que me encontro. Graças a Deus que seja provisório!

— Vejo que você me entendeu a provocação e lhe prometo que vou passar os seus sentimentos o mais fidedignamente possível aos leitores encarnados, para que vejam o nível das preocupações dos que se preparam para o trabalho sacrificial, porque, digamo-lo com honestidade e sem tergiversações, isto é, direta e claramente, vamos ter de suar a camisa para trazer tantas cabeças-duras para o jugo da verdade emanada dos ensinos de Jesus.

Atenuado o sentido de pregação que poderia dar aos encarnados a falsa impressão de crítica mordaz, em virtude da superior manifestação do colega, Felícia requisitou permissão para expor, de novo, o sentimento da inutilidade da excursão. Foi, porém, obstada pela vibração contrária dos colegas, desejosos de prosseguir para o continente, na direção da Eurásia.

— Alguém poderá esclarecer-me sobre quais problemas desejam debruçar-se que já não tenham sido apontados?

Dessa vez foi Leopoldo quem se habilitou para o desenvolvimento do tema. Foi deveras sucinto:

— Os alunos devem estar justamente interessados em descobrir se existem aspectos novos nos velhos problemas. Confirmam-me e me sinto bastante feliz que estejam aproveitando a excursão. Como Felícia está visando aos pronunciamentos aproveitáveis para a mensagem que vem rascunhando, deve imprimir ao presente capítulo a nota relativa ao desejo de mais profundamente ir penetrando nos problemas antes de procurar as soluções. Não terá alguém já feito a mesma reflexão?

Levados inercialmente pelo espaço, ao término do gracejo do instrutor, viram-se sobre o território alemão. Mas não se espantaram, porque estavam vacinados contra as surpresas do tempo.

João foi quem levantou a hipótese:

— A considerar o tempo para visitar a floresta e o sertão, devemos ter gastado não mais de duas horas sobre o oceano e meia hora sobre a Inglaterra, o que, somado aos dez minutos até aqui...

Epaminondas concluiu:

— ... perfaz os trinta minutos totais que transcorreram. Não é assombroso?

Felícia não perdeu a oportunidade:

— Então se justifica, cada vez mais, que prossigamos até o final do roteiro de viagem. Como sou retardada!

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