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Erotico-->27. CONVERSA ÍNTIMA COM ROGÉRIO -- 24/01/2004 - 06:50 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A partir do momento em que percebeu que se juntara a grupo de alto nível moral e intelectual, Rogério passou a oferecer resistência aos contatos pessoais com os colegas, porque se considerava inferiorizado pelo retrospecto das encarnações vitoriosas.

Quando recebeu a antiga incumbência de instruir Felícia, tremeu do horror de vir a ser constantemente admoestado, não pela pupila, mas pela consciência, porque não se via em condições ideais para a tarefa. Ao perceber que falava com clareza a respeito das deliberações dos mestres, assumiu o papel, desempenhando-o muito satisfatoriamente, tanto que foi incluído no grupo dos eleitos.

Felícia é quem vinha surpreendendo-o a cada pública manifestação, ainda mais que aderira plenamente ao curso, inculcando na mentalidade de todos que o trabalho não poderia esperar para surtir efeitos, ao menos, psíquicos, no estabelecimento das prioridades planetárias, para os poderosos, para os magnatas e para os cientistas.

“O que me tem assustado é o fato de constatar que numerosos encarnados se tornaram defensores do meio ambiente, sem, contudo, persuadirem os socialmente mais importantes a efetuar planos de restauração, com a seriedade dos cálculos da iminência do desastre global.”

Tendo imiscuído a lembrança de Felícia às preocupações da hora, teve as vibrações captadas por ela, que imediatamente o procurou.

— Meu bom amigo, senti-lhe as vibrações e me interessei por trocar idéias com você. Desde que o perdi na qualidade de benfeitor (não adianta dizer que não), tenho tido a sensação de estar só, apesar de pertencer a duas equipes azafamadas. Mas o que eu quero perguntar-lhe diz respeito ao grande número de amigos homossexuais reunidos conosco. Posso dizer-lhe que meditei profundamente sobre a existência de cada um deles e a conclusão mais inteligente a que cheguei sobre o nível de seu desenvolvimento moral não me pareceu muito lisonjeira. Em todo caso, sou capaz de avaliar o processo de crescimento emocional, tendo em vista que não deixaram para trás nenhum inimigo, invariavelmente. Teria sido a abertura sexual como que a porta de entrada para a compreensão do divino amor, já que não se davam às discriminações? E quanto às mulheres, não seria lógico esperar que eles deveriam provocar ciumeiras e inimizades? Sei que muito batalharam nas zonas umbráticas para o socorro dos que se excederam ao desejarem transmigrar materialmente para o sexo oposto. Isso caracteriza espíritos que não se conformaram com a sorte e enfrentaram, temerariamente, as leis genésicas. Como é que lograram tanto apuro espiritual?

Rogério permanecera pensativo. Percebia que o interesse de Felícia ultrapassava as lindes da curiosidade, desejando apreender as razões da condescendência dos mestres relativamente à liberalidade dos costumes. Mas seu pensamento não se formulou com clareza, porque, como a amiga, também não percebia as brechas no sistema filosófico que considerava normais apenas os seres naturalmente propensos ao cumprimento do roteiro orgânico do corpo, segundo o mapa cromossômico. Em todo caso, arriscou uma observação:

— Temo que estejamos navegando no mesmo barco e a turbulência destas águas ameaça-nos de naufrágio. Entretanto, vamos partir da análise de quem fomos nós dois na última ou nas últimas encarnações. Não é verdade que constituímos famílias sob o mais absoluto rigor da legislação vigente, submetendo-nos aos princípios sociais pela letra registrada nos códices? Desviar-nos desse caminho não nos parecia possível. Você esteve ligada ao espiritismo e eu, ao catolicismo. Ambos, portanto, tínhamos em alta conta as acusações possíveis da consciência, tanto que eu me confessava regularmente, contando ao sacerdote que me escandalizava com os eventos em que os efeminados se sobressaíam.

— Posso garantir-lhe, Rogério, que nos diferentes centros espíritas onde atuei como médium e auxiliar administrativa, vamos dizer assim, o ambiente não era propício para a aceitação de homossexuais. Admitíamos que comparecessem e que trabalhassem em todos os setores, mas a vigilância que exercíamos sobre as aulas que ministravam para as crianças e os jovens era rigorosa, jamais deixando que ficassem sem a companhia de um dos “normais” da diretoria ou do setor de cursos e palestras.

— Isto significa que ambos trouxemos para o etéreo as sombras dos preconceitos, conquanto aqui tenhamos olvidado qualquer idéia de superioridade ou de inferioridade dos seres, em virtude de acreditarmos todos igualmente filhos de Deus. Mas ficou-nos no substrato da consciência um ranço daquele pendor para a rejeição. Sabemos que os companheiros superaram, também eles, todas as dificuldades que tinham em relação aos, como nós, “bonzinhos” ou “certinhos”, não sem antes passarem por crises e traumas de profunda repercussão moral e intelectual, avançando, irresistivelmente, para a consagração ao ideal evangélico.

— Vejo que estamos rodando em círculos, sem atinar com a almejada resposta. Vou caracterizar de novo a minha questão. O ponto essencial que não entendo reside no fato de estarem de bem com os roteiros estabelecidos pelos mestres, os quais asseguram aos alunos escolhidos a ordem superior dos seres que se laurearam em vidas de extremados sacrifícios em prol dos semelhantes.

— Pois é aí, Felícia, que reside a falha de nosso ponto de vista, ou seja, devemos considerá-los remanescentes, no bom sentido, de muito maior grupo de seres humanos envolvidos nas tramas físicas e psíquicas que fundamentam os desvios de conduta. Os nossos colegas vinham oferecendo-se para encarnações missionárias, sacrificiais, em virtude de terem despertado para o cristianismo de primitiva pureza, pelas palavras e exemplos de Jesus. Davam-se ao amor sem restrições, como você mesma, que se casou quatro vezes.

— Mas isso não justifica as aberrações sexuais. Do jeito que você, caro Rogério, está expondo as suas idéias...

— Diga antes: “intuições”, porque não estou expendendo cientificamente um conhecimento firmado nas bases da realidade examinada segundo ponto de vista doutrinário, filosófico ou religioso.

— Concordo. Mas devemos estabelecer como princípio que as pessoas devem respeitar o corpo, para prover o espírito das benesses da sabedoria evangélica. Em havendo amor, tudo se justifica, porque Deus é amor e essa verdade é axiomática, é absoluta, nesta ou em qualquer esfera superior.

— Permita-me divergir.

— Por favor!

— Temos a propensão de imaginar ser possível fechar o círculo do pensamento pelo que nos parece incontestável, desconsiderando a possibilidade de outros recursos do pensamento abstrato, segundo o grau evolutivo dos círculos existenciais. É de nosso hábito, Felícia, agir como as crianças, ou seja, acreditando que temos completo domínio sobre o conhecimento, sem saber que outros existem e para os quais estamos imaturos.

— Você, meu amigo, apenas está reforçando a necessidade de estudarmos com todo afinco as matérias que nos foram propostas.

— Essa é a condição “sine qua” não teremos como entender os processos sociopatológicos, por exemplo, do comportamento dos homossexuais, nem os fundamentos psicofisiológicos que permitiram aos mestres o sacratíssimo convite a que se integrassem no grupo.

— Se esta conversa tão íntima vier a ser transcrita para os mortais, devo solicitar, desde já, que nos perdoem a imprecisão com que nos dispusemos a discutir tão séria conjuntura cármica.

— Pelo menos, haverão de entender que não são criaturas apartadas da obra do Senhor e que acharão no etéreo quem esteja disposto a enaltecer-lhes os brios, na superação dolorosa que deverão alcançar, caso estejam dispostos a reconhecer a verdade das premissas cristãs. O quanto antes efetuarem a opção por Jesus, tanto mais cedo ressuscitarão para o divino amor.

— Não nos vamos esquecer, Rogério, de que temos a honra de vibrar em favor de todos, isentos que estamos, felizmente, da voracidade mórbida dos preconceitos. Se conseguirem entender este nosso ponto de vista, esta nossa faculdade de acatar a obra do Senhor em sua totalidade, vendo em tudo o essencial e rejeitando o provisório, o transitório, o imperfeito, o secundário, o acessório, haverão, com certeza, de abraçar a causa do amor aos semelhantes, pela prática da caridade. E pensarão seriamente em adotar a doutrina espírita para suas reflexões sobre a existência.

— E se voltarão para a defesa da vida, realizando um pouquinho que seja em favor da natureza.

Os dois se abraçaram perplexos com o rumo que a conferência havia tomado. Afinal de contas, haviam concluído pela ineficácia de sua sabedoria. E, para que não ficassem a cismar sobre o inteiro teor de suas manifestações parciais, oraram, pedindo ao Pai por mais luz para todos.

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