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Erotico-->20. NO RIO DE JANEIRO -- 16/01/2004 - 07:37 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Quando saíram os alunos da faixa de proteção fluídica, sentiram-se ameaçados por estranhas forças, sem, entretanto, conseguir caracterizá-las. Pareciam vibrações distantes de repúdio pela interferência em zona de influenciação específica de determinado conjunto de seres.

Felícia intentou entrar em contato com os demais mas iam tão imersos em preces que desistiu. Tomás estava à mão, mas não queria respostas meramente protocolares. Conversar com o monitor parecia-lhe evocar o auxílio dos computadores. Às vezes, era agradável, mas quando se dispunha a exprimir idéias próprias. No caso, iria desenvolver apenas os tópicos do manual do bom visitante espiritual às terras dos mortais. Não quis também deixar-se envolver pela necessidade de concentração, caso rezasse pelo sucesso da excursão. Pôs-se, então, a examinar o que se passava ao derredor, muito desejosa de compreender a razão de a caminhada se realizar com tanta dificuldade.

Ao alongar o campo de visão, foi capaz de perceber que havia outras entidades a cercar a comitiva, auxiliando no desbastar dos obstáculos mais grosseiros. Imaginou que fossem seres de inferior condição, incapazes de ferir-se nos tremendos espinhos do cipoal das vibrações.

Felícia intentou a comunicação mental com os professores:

— Quem poderia atender-me?

— Eu posso. Anacleto.

— Que passa lá fora? Estamos sendo atacados?

— Verdadeiramente, não. Mas há muita gente contrafeita por estarmos adentrando o círculo de sua influência magnética. Há tratativas em andamento, de modo que alguns dos nossos estão negociando a entrada na esfera sob o domínio dos guardas colocados pelas Trevas ao derredor da cidade.

— Você está assustando-me. E as pessoas de bem que lá vivem e que se constituem na imensa maioria?

— Precisamente noventa e sete por cento dos habitantes da cidade têm condições de crescimento moral imediato. Os outros três por cento detêm o poder sobre a aplicação dos recursos superiores...

— Perdão, amigo! Você está expendendo conceitos que reputo contraditórios. Como é que tantos podem menos do que tão poucos?

— Não podem, não. Exercem sobre o magnetismo a força que adquirem dos pontos frágeis dos indivíduos. E trazem para a superfície, se assim posso expressar-me, as ondas dos fluidos dos espíritos perversos que lhes dão sustentação vibratória.

— E como se convencerão de que nos devem permitir a entrada na esfera em que atuam os demais?

— Poderíamos desrespeitar, simplesmente, as suas condições, porque não teriam como exercer os deletérios poderes sobre o grupo. No entanto, queremos torná-los aliados para conhecermos todos os níveis de atuação dos que vêm prejudicando o orbe. Se conseguirmos, teremos expressiva força para constituir-se em espécie de cabeça-de-ponte junto a todas as demais defesas terrestres.

Felícia estava por demais espantada para raciocinar com clareza a respeito de novidade tão expressiva. Cismava sobre a crédula iniciativa de que se adiantara na estrada do amor para o ingresso na esfera seguinte e se via impedida de exercer o direito de ir e vir junto aos seres de menor categoria existencial.

“São filhos de Deus e podem estabelecer critérios existenciais tão deprimentes em relação aos ensinos de Jesus!”

Pensava mas não conseguia estabelecer nenhum padrão de procedimento favorável ao despertar moral dos que comandavam a impregnação da necessidade do perfilhamento junto aos que obrigavam a inescrupulosa obediência, perante as aflições cármicas. Sentia-se zonza e aborrecida, imaginando-se de volta ao abrigo da colônia, onde podia auxiliar na restauração dos admitidos, uma vez que reuniam condições para a percepção consciente dos excessos e das faltas, em relação ao conjunto das virtudes necessárias ao progresso local.

De repente, a nuvem que lhe pesava sobre a cabeça se desfez e ela pôde respirar os saudáveis ares da liberdade de pensamento. Mas as perguntas cruzavam através dos neurônios do cérebro, sem respostas plausíveis. Ia intentar nova comunicação com Anacleto, quando lhe foi dado perceber que se encontrava sobre a Baía da Guanabara. Irresistivelmente, todo o grupo foi sendo levado para a profundeza das águas, para a observação dos dejetos depositados no leito arenoso. Havia de tudo. A pergunta que se impunha era como agir para purificar tão extensa área, uma vez que a vida marinha estava escassa e o processo de desoxigenação acelerado.

Epaminondas fez-se ouvir:

— Quem poderá executar os cálculos aproximados relativos à progressão da contaminação completa destas águas?

— Eu posso. — Era Roberto. — A vida se esgotará dentro de cinco decênios, se se mantiver o ritmo atual de arremesso de material...

Felícia perdeu o restante da explanação, por não entender o significado de certos vocábulos técnicos. Lá com seus botões, refletiu:

“Devo ter sido admitida no grupo, para dar o parâmetro da ignorância, em função da inutilidade de desenvolvermos os tópicos científicos na apresentação das intenções superiores de salvação do planeta. Caso possa exercer direitos de escritora, irei obstar que a obra venha a servir apenas para quem tenha recursos universitários. Proporei, em tempo hábil, que as informações daquela categoria sejam passadas diretamente para os cientistas.”

Foi obrigada a interromper a meditação, para ouvir a palavra do mentor:

— Penso que alguns estejam propensos ao estudo dos procedimentos necessários para a desinfecção oceânica. Neste ponto, o grupo não se adiantará suficientemente para cobrir todos os aspectos negativos. É imprescindível que revelemos que todas as colônias estão preparando espíritos para enfrentarem os riscos de novas encarnações suicidas, uma vez que o conhecimento dos meios de se evitar o desastre gera a responsabilidade integral. Por exemplo, se algum de vocês, a partir de agora, promover algo que venha a prejudicar os mares, como o despejo neles de material químico a implementar os níveis de poluição para além das resistências orgânicas dos seres marinhos, será visto como criminoso e, possivelmente, irá ser acusado pela consciência por estar insuflando a destruição e não a salvação. É o que ocorre, por exemplo, com os que mantêm o vício do fumo, embora tenham informações precisas de como o organismo se desgasta com ele. Dão como desculpa a fraqueza da deliberação, porque estão dependentes do alcatrão e da nicotina, mas nada fazem para minorar-lhes os efeitos nocivos sobre a saúde. Não aceitam a luta e essa atitude irá desencadear-lhes tremendas acusações íntimas. Como pleitear, agora, o ingresso em círculo mais avançado, sem o ressarcimento das dívidas com a própria organização corpórea? Eis a pergunta básica que farão, ainda porque o fato não diz respeito apenas a si mesmos, mas se expande sobre a sociedade, no que concerne à exemplificação perniciosa e à manutenção da indústria da destruição.

Felícia estava impaciente para debater o tema, interessada sobremodo em referir-se ao plano da obra que imaginara passar aos encarnados. Queria saber se os dizeres do mestre não poderiam ser mal interpretados pelos incapazes de reação e os contumazes nas desculpas. Foi entendida telepaticamente. Epaminondas lhe respondeu, aproveitando para informar aos demais:

— O que quer que psicografarmos não representará nem um por cento do total de recriminações científicas existentes na literatura popularizada pelas revistas e pelos jornais, inclusive através das ilustrações televisivas. O importante é que nos integremos na humanidade como seres participantes do processo de restauração do ambiente propício ao crescimento espiritual. No caso do exemplo do tabagismo, que poderia também ser buscado no alcoolismo, nas drogas alucinantes e noutros processos de alienação da realidade, então, que se sintam ofendidos e que responsabilizem o Criador pelo supremo ato de lhes ter proporcionado a existência. O mais correrá pelos rigorosos canais das leis cósmicas irrevogáveis. Responda cada qual por si mesmo e afirme, com convicção, que jamais recebeu ajuda do plano espiritual. Aí, um dia, se verão envolvidos em projetos como o nosso, satisfeitos por terem ultrapassado os limites que impuseram por ignorância, porquanto, se são como são, é porque não sabem, porque não conhecem a extensão cármica do que fazem. Vamos subir os morros?

E lá foi o grupo, precedido pela guarnição dos embaixadores.

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