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Artigos-->Civilidade e boas maneiras -- 19/09/2002 - 04:04 (Marcos Eduardo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


"Além da aparência exterior, que se manifeste pelas roupas, demonstra o homem sua distinção (como igualmente a demonstra a mulher) pelas suas maneiras, em casa, no escritório, na rua, em suma, no seio da sociedade onde vive e desenvolve suas potencialidades . Aliás, as “boas maneiras” não devem ser o resultado de uma forte compulsão, de restrições e disciplinamentos determinado por um conjunto de regras. Devem ser, isto sim, a decorrência do autoconhecimento. Já dissemos: à medida que se aprofunda em si mesma, a pessoa passa a discernir o que faz e o que não faz, o que é conveniente ou inconveniente, o que poderá levá-la a uma plena realização e conseqüente felicidade, ou que está mantendo irrealizada e infeliz. Em outros termos, desenvolve em si mesmo a percepção aguada da lei de causa e efeito, lei suprema que regula o conjunto das interações na vida de relação, nas relações humanas.

Na física, a lei de ação e reação foi enunciada por Isaac Newton: “A toda ação corresponde uma reação da mesma intensidade.” Essa lei também aplica-se no mundo moral, razão porque todos os místicos a ela fazem referência, de modo claro ou subtendido. Confúcio disse:” Não se deve fazer ao próximo o que não queremos para nós mesmos.”, proposição negativa que Jesus usou positivamente: “Faça ao próximo aquilo que você quer que lhe faça.”. Há outras frases do Grande Mestre que ilustram esse enunciado de ação e reação: “Não julgueis, para que não sejais julgados.”; “com a mesma medida que usastes para julgar, sereis julgados.”; “Daí, e vos será dado.”; “A cada um será dado segundo suas obras.”

A boa vontade para com os outros, a urbanidade, a delicadeza, em suma: a educação adequada nas relações humanas levam os outros a procederem da mesma forma para conosco, e ainda que não se procedessem, a satisfação derivada da ação correta é, em si mesma, uma fonte inesgotável de felicidade.

Ainda aqui vamos examinar a nós mesmos e perceber que não desenvolvemos em nosso coração essa amabilidade, essa urbanidade, essa delicadeza. Somos em geral, agressivos, porque vivemos desatentos. Ora, a atenção no máximo constante, uma vigilância natural sobre o que pensamos, dizemos e fazemos ou deixamos de fazer, nos levará a uma nova maneira de viver.

Há toda uma séria de pequenos atos através dos quais se revela nosso interior. A maneira pelo qual atendemos o telefone, por exemplo. Envolvidos pelos negócios, pelas inúmeras preocupações do dia-a-dia, com uma incessante perturbação sobre nós, dividimo-nos internamente, afivelamos máscaras diversas em nosso rosto, perdemos a naturalidade, a espontaneidade. Ao telefone somos quase sempre duas pessoas, três e até quatro. No primeiro impulso gritamos um “alô” muito seco ou muito violento; no segundo impulso, conforme o indivíduo que está do outro lado da linha, abrandamos nossa voz, ou elevamos ainda mais; e, no curso da conversação, alternamos a irritação e a brandura, conforme nossos interesses mais imediatos.

Quando nos conhecemos de verdade, uma das primeiras conseqüências desse conhecimento é a serenidade, a harmonia mental, a paz interior, condição essencial para a resolução dos nossos problemas. Só na serenidade, só com a mente em paz se nos oferecemos a oportunidade de dar adequada atenção as dificuldades, aos obstáculos com que nos defrontamos e dar-lhes solução, ou convivermos com eles apropriadamente.

Isso vamos aprender gradativamente: nem todos os problemas existe para serem solucionados(exceto quando se trata de um problema de matemática ou aritmética).

Na maioria das vezes temos que “conviver” com ele, da mesma forma que convivemos com as demais pessoas do nosso grupo, da nossa família, do nosso clube, do nosso círculo, em geral. E temos que discernir com propriedades essas questões da nossa vida íntima.

A um Almirante Hart é atribuída uma prece que se refere precisamente a esse fato. Diz ele:



“Dai-me forças, Senhor, para mudar as coisas que podem e devem ser mudadas;

paciência para suportar as coisas que não podem ou não devem ser mudadas;

e sobretudo dai-me inteligência para discernir uma das outras.”



Em vez de “suportar” diríamos “conviver”. Paciência e sabedoria para conviver com as coisas que não podem nem devem ser mudadas. Que posso eu mudar? O que não posso? Não posso mudar as coisas objetivas; ou, pelos menos, posso muito pouco. Quando meu parente é teimoso, não lhe posso mudar a teima em flexibilidade à força de o aconselhar nesse sentido. Ele mudará a maneira de era, quando quiser mudá-la. Mas, se a teima existe em mim, é uma coisa subjetiva. Pelo meu livre arbítrio, posso mudá-la.

De modo geral, é isso: posso mudar as coisas que estão em mim, subjetivamente. Não posso mudar que estão fora de mim, as coisas objetivas. Quando tenho uma perna aleijada ou a falta de um dos olhos, perna e olho são coisas objetivas, estão fora de mim, não posso mudá-las. Mas se o aleijão é de minha mente ou do meu coração, se me empenho nisso, posso mudá-lo em sanidade.

A falta de urbanidade, de amabilidade, de delicadeza se constituem num aleijão mental; o desamor, é um aleijão moral. Posso mudar isso, quando percebo fundamente a sua essência. Através dessa mudança sou uma nova criatura e passo a fruir mais abundantemente a minha vida.

Mas, não seja isso por cálculo egocêntrico, por interesse egoísta. Não devo estar à espera de resultados, estes, os resultados positivos da minha atitude renovada serão uma decorrência natural e espontânea da minha maneira de ser. Se se tratar de um cálculo egoísta, mercantilista, do tipo “dou para que me dês”, esses resultados simplesmente não se farão presentes.

Escreve o célebre Dr. Masaharu Taniguchi, fundador da Seicho-No-IE: “Se vocês são capazes de dirigir palavras bondosas aos outros, não pelo simples propósito de mostrar-se cortês e educado, mas, sim, por um sincero amor ao próximo, certamente a sua atitude desinteressada fará com que as pessoas se aproximem de você e se tornem bons amigos. O egoísmo é uma muralha que se para as pessoas. Ninguém terá bons amigos enquanto for um egoísta. Neste mundo existe uma lei, segundo a qual “os semelhantes se atraem”. Assim, se você é um egoísta que procura fazer amizades com intenção de tirar algum proveito, as pessoas que se aproximarem de você também não passarão, afinal, de um bando de egoístas e aproveitadores.”

O escritor brasileiro Mário de Andrade escreveu um romance intitulado: Amar, Verbo Intransitivo. Intransitivo é o verbo que exprime ação que não passa do sujeito a nenhum objeto. Ele basta-se a si mesmo. Assim é o verdadeiro amor. Nem diríamos “verdadeiro”, porque não existe falso e verdadeiro amor. Existe amor. Falando poeticamente, temos de amar por amor do próprio amor.

A sociedade em que vivemos é altamente competitiva e a competição desenfreada não raro embota a sensibilidade, anula essa capacidade de amar. E, se não competimos, é o que se diz, morremos. Isso não é verdade. Não é preciso competir, na acepção mais simples do termo. Não queremos “levar a melhor” ao nosso próximo. Ao passo que desenvolvemos em nós as nossas reais aptidões, impomo-nos por nosso valor e temos o nosso “lugar ao sol”.

Daí também a necessidade de nos conhecemos quanto a essas reais aptidões, para que não aconteça o estarmos no lugar impróprio, insistindo em fazer coisas que aborrecemos, ou criando sonhos que não podemos realizar. Aceitarmo-nos como somos em essência é uma manifestação do amor. Dissemos: “como somos em essência”, isto é, como Deus no criou. Porque depois, conforme fomos crescendo, adquirimos uma série de coisas que não são essência. Essas coisas “adquiridas” são as que podemos mudar, quando se tornam causa de sofrimento.

Os vícios, por exemplo. São coisas “adquiridas”, e portanto podemos deixá-los quando perturbam. Mas os vícios merecem um capítulo à parte.

Diz conhecido educador que a educação, e mais que a educação, a auto-educação, é a arte de desenvolver em nosso espírito os chamados “bons hábitos”. Eles são latentes em nós mesmos, são como uma semente pronta para germinar desde que se encontre condições favoráveis para isso. Escreve o Prof. Pedro de Camargo.

O homem é obra inacabada. Entre obra inacabada e obra defeituosa vai um abismo de distância. Os espíritos trazem consigo os germes latentes do bem do belo. A centelha divina, oculta embora, como o diamante no carvão, refulge em todos eles, refulge em todos nós. O mal que no homem se verifica é extrínseco e não intrínseco. No seu íntimo cintila o revérbero divino da face do criador. Os defeitos, senões e falhas são frutos da ignorância, da fraqueza, do desequilíbrio de que a humanidade ainda se ressente. Removidas tais causas, a decantada corrupção humana desaparecerá.

O problema do mal resolve-se pela educação, compreendendo-se por educação o apelo dirigido aos potencias do espírito. Educar é salvar. Através do trabalho ingente da educação, consegue-se transformar as trevas em luz, o vício em virtude, a loucura em bom senso, a fraqueza em vigor."

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