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Artigos-->REAPRENDENDO A CONVIVER -- 16/09/2002 - 22:58 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
REAPRENDENDO A CONVIVER

J.B.Xavier







“Está provado que seres vivos, quando em clausura, acabam por romper o tecido social sobre o qual se mantém a ordem e a hierarquia. Várias experiências com variados animais demonstraram que ao se romper a teia social que mantém coesa a sociedade onde vivem as cobaias, elas se atiram umas às outras, ferindo-se e destruindo-se mutuamente até sua extinção total.

A empresa, nos moldes como está montada tradicionalmente, mantém seres vivos em clausura. Essa clausura, embora mais branda do que os experimentos com animais, também vai aos poucos corroendo o tecido social que as une, e acaba por estabelecer um certo grau de anarquia que faz todo o mecanismo delicado das relações humanas funcionar mal.

A inteligência, que deveria ser uma vantagem nos seres humanos, acaba por se transformar em seu próprio instrumento de tortura, na medida em que, ao racionalizar os problemas de convivência, coloca uma tampa no caldeirão de interações, até que a pressão se torne excessiva e cause explosões violentas.

Os métodos tradicionais de gerenciamento também não ajudam muito no processo de humanização das empresas, porque baseiam-se em tecnologias, quando deveriam aterem-se às pessoas e suas necessidades humanas.

Eric Bernstein, ou Eric Berne, como é mais conhecido, o criador da Análise Transacional – uma terapia que coloca o comando das relações pessoais nas mãos do próprio paciente - costumava dizer que ‘quando o ser humano não é acariciado, sua espinha dorsal seca.’

Ele desejava dizer com isso que todo ser humano precisa de reconhecimento, aliás fato também reconhecido e enfatizado por outro expoente no assunto: Abraham Maslow.

Se pensarmos a empresa como um instrumento criado para resolver determinado problema surgido na sociedade, como o atendimento a uma demanda por um bem ou serviço, então não faz sentido que ela tenha extrapolado esse papel e ganhado vida própria a pondo de pretender viver sem o sangue que lhe mantém: seus clientes.

Se, por outro lado, entendermos que a empresa nasceu de uma necessidade sociológica, então ela tem um caráter e um fim também sociológico, e se transforma em um dos fios do tecido social que mantém todo o sistema agregado.

A aceleração do desenvolvimento dos métodos de controle, combinada com a acirrada competitividade em que se lançaram as empresas na conquista de novos mercados, criou uma mistura altamente explosiva, bastando para isso que uma reação em cadeia seja deflagrada com o catalisador da busca humana por segurança e estabilidade.

Os cânones pelos quais se orientam a maioria das empresas da atualidade pouco mudaram desde o surgimento do conceito de companhia, no século XIX.

Os aportes gigantescos de capital necessários ao sucesso de companhias multinacionais, faz com que os riscos sejam altos, e, por conseqüência, aprimoram-se os meios de controle.

Esse controle, que deveria ser exercido pelas pessoas, acabou por ser exercido para as pessoas, e assim, invadiu sua privacidade, mantendo-as manietadas e sem muitas opções de vida, pois dependem do emprego para sobreviver.

Com o advento da democratização total dos meios de comunicação, as companhias puderam expandir-se livremente pelos países que bem desejassem, ou puderam escolher aqueles que melhores condições de remuneração ofereciam ao capital investido.

Por conseqüência esses mesmos meios de comunicação permitiram a essas companhias retirarem-se rapidamente dos países, sem aviso prévio, se essas condições de remuneração não fossem mantidas.

Em todo esse processo, o ser humano foi paulatinamente ficando em terceiro plano. Em primeiro sempre vieram os lucros e em segundo, as pessoas. Agora, entretanto, o segundo plano está ocupado pela internet, que é um meio bem mais eficaz que pessoas para atingir o lucro.

A impessoabilidade da Grande Rede tem posto de cabeça para baixo as relações entre pessoas, criando novos conceitos para os quais sequer existem nomes ainda.

É completamente impossível saber que resultados virão de um relacionamento global virtual, onde as pessoas não se conhecem pessoalmente. O que se sabe é que a palavra ‘isolamento’ e ‘solidão’ estão mudando de sentido, na medida em que se pode escolher os relacionamentos num grande e multidisciplinar catálogo, que a internet disponibiliza.

O efeito que isso terá sobre o desempenho das empresas, é completamente impossível de prever. Num ângulo otimista de análise, pode-se antever mais dinamismo, devido à sensação de euforia que a liberdade trouxe para as pessoas anteriormente enclausuradas entre os muros da empresa. Num ângulo pessimista, pode-se prever frustrações várias num futuro próximo, devido a falta de consistência desses relacionamentos.

Mas há uma terceira hipótese: A reivenção do relacionamento humano situando-o em outro patamar ainda não imaginado pelos sociólogos de plantão. Em minha opinião essa hipótese é a mais provável de acontecer.



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