RETIFICAÇÃO DE UMA CRÓNICA
Transcrevo aqui um trecho de minha Crónica "Momentos que me fascinam", publicada a 01/04/2003:
"SOL, meu amor de hoje: Eu, desiludida que andava, lutei contra esse amor, não queria deixar que se instalasse em mim, queria curtir nosso encontro como estávamos curtindo, sem compromisso nenhum, sem ciúme ou posse, sem a responsabilidade que o amor confere automaticamente aos amantes. Lutei muito, orgulhosa por estar driblando o amor. Mas não podia me impedir de sentir o amor crescendo em nós dois. Resolvi dar uma quase parada na vida, me recolher, me organizar e refletir muito sobre aquela invasão do amor que eu não controlava mais. Em uma semana fiz um balanço em minha vida, revi velhos amores, os realizados e os irrealizados por um ou outro motivo, até um amor que me rejeitou mas que ainda me roubava momentos de enorme bem-querer. Consegui colocar cada um no seu lugar, nunca me desfiz de um amor que acolhi um dia. Resolvi a rejeição que já não mais me incomodava, dei-lhe o lugar de direito: na linda fantasia em que eu o transformara, que eu não queria perder nem jogar fora. E, nessa arrumação, vi e aceitei o amor-Sol que se agigantava em mim. A essa altura o chamei e pedi que me ouvisse. Relatei a semana de reflexão e o resultado: "Descobri que amo você, lutei contra mas hoje me rendo e venho lhe entregar esse amor. Você pode aceitá-lo ou não. Isso não importa muito. Importa que o meu amor é seu e estou aqui para entregá-lo ao legítimo dono." E ouvi: "Eu não poderia receber maior presente." Exultei e, naquele momento, nos assumimos. E, nas mãos da vida nos colocamos e realizamos o amor, curtindo juntos as grandes e pequenas alegrias, enfrentando juntos as tempestades. A única certeza: tenho um Sol que brilha para mim, não importa se dia ou noite, se tempo bom ou ruim. E a verdade que mantenho e respeito: cada amor que vivi me preparou para o amor que ainda estava por vir e todos os amores vividos, todos os momentos de dor ou alegria, me prapararam para esse amor que me sustenta hoje e eu não quero perder nunca."
RETIFICAÇÃO IMPORTANTE: Termino esse trecho dizendo que não queria perder nunca esse amor. E não perdi. Mas ele, inconsequente, ME PERDEU.
UM POEMA EXPLICA:
AO PERDER-TE...
Ernesto Cardenal
Ao perder-te eu a ti
tu e eu perderemos:
eu porque tu eras
quem eu mais amava
e tu porque eu era
quem te amava mais.
Mas, de nós dois,
tu perdes mais que eu:
porque eu poderei amar a outros
como amava a ti,
mas outras não te amarão
como te amava eu.
Obrigada, Ernesto Cardenal!
LEIAM:
MOMENTOS QUE ME FASCINAM
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