(para as Quebradeiras de coco do Médio Mearim)
Ouvi a terra falar
E tinha uma voz assim doce,
Uns olhos negros, vivazes,
Mãos calejadas e quentes.
Abracei a mesma terra
De que as mulheres são feitas
Porque elas vivem a terra
Para tecerem as mais belas
Coisas que já sonhamos
Há uma doçura na lida
Uma altivez tão serena
Querem meninos doutores
Em natureza e valentes
Há uma magia tão grande,
São as mulheres-palmeira
Com suas longas raízes
São mulheres de cores
Cheiram a jasmim estrela
Brilham,
brilham tanto que meus olhos
marejam e se envergonham
Ai, as palmeiras são delas
Para que nasçam perfume,
Azeite, carvão, sabonete,
E panelas fumegantes
Ai, as palmeiras são delas
E lá se vão para a luta
Atravessando as cercas
E os pastos verdejantes
Eu abracei a terra, Joana-terra,
Marias da terra que alimentam o mundo
E eu, coitada, tão pequena
no abraço de Dió-terra
que agora pode morrer
acha que já nem sente
de tão feliz que ela é
e eu... pequena, pequena
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