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Erotico-->11. ENTREVISTAS -- 07/01/2004 - 08:32 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Passou-se sem maiores novidades o encontro entre os grupos. Pouco mais ou pouco menos, foram as mesmas as conclusões de todos, interessados no aperfeiçoamento dos tópicos sobre os quais não tinham domínio. Notável foi a atitude do mentor geral, Professor Epaminondas, que, conhecedor de todas as redações, forneceu o teor delas, em poucos instantes, a cada companheiro da classe, telepaticamente.

Felícia ardia por enfronhar-se nas ciências do comportamento mas rezava o seu horário que deveria freqüentar as aulas de Matemática, Física, Química e Teologia. Estranhou o fato de os colegas estarem indicados para disciplinas outras, não coincidindo nenhuma.

“Vou ter de esclarecer o assunto, ou não me conterei perante o grupo.”

Pensou e agiu em seguida, solicitando do mentor uma entrevista. Utilizou-se para tanto dos serviços do monitor a sua disposição, já que cada aluno tinha um de quem poderia solicitar todo tipo de auxílio de “office boy”.

Dez minutos depois, era recebida por Epaminondas.

— Pois não, gentil amiga. Estou pronto para esclarecer o motivo das indicações disparatadas dos cursos para os diversos integrantes de seu grupo, o que ocorreu, na verdade, com todas as demais equipes. Já estiveram aqui (respondendo à sua íntima interrogação) diversos colegas seus, todos muitíssimo curiosos. Dei-lhes como razão a facilidade que teriam para resolver os problemas futuros, quando irão monitorar os estudos dos demais, relativamente às áreas que lhes foram eleitas. Isto significa que esta primeira fase deverá transcorrer bem mais lentamente, até que a terminologia científica seja assimilada. Existem sistemas de informação eletrônica, porém, caso se sintam mais à vontade, vocês poderão encarregar os monitores de desencadear as definições de imediato, preparados que estão para o trabalho dito manual. São os monitores companheiros muitíssimo necessitados de aplicação no campo do apoio logístico mas incapazes ainda de freqüentar os mesmos cursos. Mas vão aprendendo a lidar com as dificuldades, pelo testemunho dos esforços daqueles a quem servem. Sei que a irmã desejaria outras matérias, porém, após análise minuciosa de suas tendências intelectuais, resolvemos, os mentores reunidos, que deveria dar início ao aprendizado pelos tópicos mais rudimentares, exceção feita no que se refere à Teologia, onde os conceitos são de extraordinária complexidade, a exigir dos estudantes as qualidades morais mais elevadas, quais sejam: as da paciência, da perseverança, da bondade, do amor, da caridade, da fé, da esperança, da temperança… Não vou repeti-las todas para quem, de sobejo, as tem no coração. Perdoe-me, querida, esta maneira apressada de lhe passar as respostas às questões que me vem fazendo, mas devo dizer-lhe que os seus parceiros estão imersos nos estudos e você ainda está acercando-se dele com extremos de cuidados. Mergulhe fundo, jogue-se de cabeça e ressurja sábia o bastante para desejar prosseguir impávida. Que Jesus nos auxilie nesta caminhada destemida em prol dos semelhantes!



Felícia saiu satisfeitíssima do encontro, julgando-se, mais do que nunca, apaniguada (sempre a mesma sensação de proteção incondicional dos seres mais adiantados) pelas bênçãos do Senhor.

“Tenho a certeza de que os amigos estão quebrando as cabeças para a decifração dos tratados e demais compêndios. Não quero antecipar-me às instruções dos mestres, de modo que vou aguardar as aulas, sem afobar-me, porque sei o quanto poderei errar aplicando-me autodidaticamente às lições. Vou aproveitar o tempo para visitar alguns parentes e amigos que há muito não vejo.”

— Posso ajudar?

Era Tomás, o serviçal, fiel escudeiro, que se mantinha por perto, sem se fazer notar. O atrevimento da pergunta ia para muito além do que se poderia esperar de mero monitor. Mas Felícia não estranhou, principalmente porque não acreditava que seus sentimentos estivessem sendo percebidos por ele.

— Pode, sim. Veja se você localiza meus pais e se estão disponíveis para me receber.

— Impossível! A saída aleatória do setor educativo está vedada para a sua turma.

— Eu sei que existem horários reservados para recebermos…

— São necessidades curriculares irrefragáveis que obrigam os mentores a solicitar dos internos que obedeçam às restrições impostas. Não tenho permissão para burlar as regras estabelecidas. Sei que a companheira tolerará minha intransigência e destinará o tempo restante até a primeira aula à leitura do texto introdutório às teses…

Felícia ia de surpresa em surpresa. Sentiu-se coagida, como se sua adesão ao curso se constituísse em real cerceamento da liberdade.

“Acho que estão utilizando esse recurso para me provocarem aquele sentimento de partir logo para o círculo vital de maior envergadura…”

Percebeu que se perdia nos pensamentos e nas palavras. Viu-se excessivamente voluntariosa, como se as atitudes dos últimos dias tivessem brotado sem convicção, em arremedo melhor estruturado dos anseios feminis da primeira infância, passada sob o manto protetor de abonados familiares. Não gostou de ter dado ao acompanhante a impressão de fraqueza, quanto ao conhecimento de si mesma. Prometeu que iria empregar todo o potencial de sensibilidade evangélica para a concretização dos estudos.

— Tomás, vamos ao trabalho!

— Ao seu dispor, Senhora.

— Felícia, por favor. Posso sugerir-lhe mentalmente que me traga o material didático?

— Sem dúvida.

— Você está condicionado para me impor este ou aquele, segundo a programação?

— Somente se você me orientar nesse sentido. Caso contrário, vale a sua vontade de momento.

— Você tem capacidade para julgar se estou sendo dispersiva ou se tenho algum objetivo que a sua sensibilidade não captou?

— Não estou suficientemente adestrado para esse tipo de observação, mas transmito as questões e recebo, durante todo o tempo, do Centro de Estudos, os esclarecimentos que devo ministrar-lhe.

— Por que não me deram esse recurso?

— Porque a sua atuação pedagógica é superior e o que realizo é trabalho muito elementar, dentro dos limites da monitoria.

— Posso considerar você uma espécie de carcereiro de luxo?

— Se quiser, pode, porém, estou a seu serviço por livre e espontânea vontade, da mesma forma que… Perdoe-me!

— Não se acanhe em me chamar a atenção. Na verdade, estou a examiná-lo sob o meu ponto de vista, para caracterizar o cunho que assumem as diretrizes evangélicas, dentro do plano de melhoria das condições planetárias. Se lhe parecer rabugenta, pense em que tenho razões hauridas (“incorporei o termo”) das experiências bem sucedidas.

— Eu lhe agradeço a deferência da palestra e a subjacente orientação. Pode acreditar que estou treinado para absorver todas as lições que você me passar. Já lhe trago o disquete da Matemática.

— Preciso aprender quanto perfazem dois mais dois…

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