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Artigos-->O CÍRCULO SE FECHA -- 10/09/2002 - 22:13 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O CÍRCULO SE FECHA

J.B.Xavier





Sempre fui impulsionado pelo desejo de compartilhar visões positivas sobre a vida. Não obstante, não me é possível passar em silêncio pelo aniversário da tragédia que abalou o mundo: O atentado terrorista que pôs abaixo o World Trade Center, em Manhattan, nos Estados Unidos.



E por que justamente esta tragédia deve ser lembrada, e não tantas outras, ainda mais aterrorizantes, que aconteceram e continuam acontecendo, num rito de macabro silêncio, em todas as partes do mundo?



Dirão os mais afoitos que se o World Trade Center se situasse em algum país inexpressivo no cenário mundial, a mídia lhe teria dispensado apenas alguns dias de atenção, e logo em seguida, tudo voltaria ao “normal”. Para meu desencanto, infelizmente, eles têm razão.



Entretanto, essa constatação fácil e óbvia, tende a ser uma cortina de fumaça que, ao nos empurrar para nossa natureza emocional, embota nossa capacidade de raciocínio e nos faz desviar nossa atenção dos aspectos verdadeiramente importantes da questão.



Para começar, penso que está em curso uma acelerada mudança na ordem social, em escala mundial. Dirão alguns que estou chovendo no molhado, que sempre houve mudanças na ordem social , como se pode facilmente conferir nos livros de História. Concordo com eles. Porém , penso que três fatores, diferenciam a atual mudança, de suas similares anteriores: A intensidade, a escala de abrangência e a velocidade.

- Intensidade

- Escala

- Velocidade.

Estes são os três elos de uma mortal corrente que alimenta a mudança de paradigmas a que me refiro, e segue aparentemente inexorável, imune, por assim dizer, aos nossos esforços para refreá-la.



Digo “refreá-la” porque no comportamento humano estão embutidos dois aspectos antagônicos: O primeiro, é inerente à própria natureza do homem. Por ser parte do todo, ele tem que seguir os ditames universais de todo ser vivo: Nascer, crescer, definhar e morrer. O segundo tem origem cultural, e foi absorvido através dos milênios de luta sem tréguas do homem em busca de segurança e conforto.



Assim, enquanto nossa natureza mais íntima nos impele às mudanças, nossa insegurança intrínseca nos compele a resistir a elas, num baldado esforço de garantir as conquistas já efetuadas.



O embate constante dessas duas forças antagônicas, nos lança num cabo de guerra psicológico onde nos debatemos entre o velho e o novo, num sofrimento sem fim.



Alheios às nossas habilidades, ou à falta delas, para lidar com as mudanças, os fatos seguem seu curso, atropelando os que vacilam em compreende-los ou se negam a interagir com eles. O ataque ao World Trade Center demonstra a que ponto chegou nossa falta de compreensão holística. Compreendendo o todo, não é muito difícil saber que algo se rompeu no tecido social universal, e que, portanto, deve-se esperar pelo inesperado.



Alguns princípios básicos de moral e ética também mudaram, ao ponto de se tornarem irreconhecíveis, segundo os cânones pelos quais sempre foram medidos. O raciocínio terrorista, por exemplo, transformou a morte em massa não mais numa tragédia, mas numa causa! Matar uma pessoa é vil assassinato, mas matar dezenas delas é defender uma bandeira e, conforme o caso, o assassino, às vezes, recebe honrarias.



De nada vale o raciocínio ético de que não há religião séria que pregue o extermínio humano. Uma vez encontrada a desculpa ideal, como “guerra santa” etc. todos os atos violentos cometidos em nome de Deus passam a ser lícitos.



As pessoas mudaram. Os meios estão disponíveis para leva-las de um lado a outro do planeta em questão de horas ou para fabricar artefatos de destruição em massa. Esses dois fatores bastam para antever que outras barbaridades acontecerão.



Em outro artigo, cujo título é “As pessoas, não as Coisas, São os Agentes de Transformação”, tento esclarecer que de nada adianta transformar o cenário ao redor das pessoas, melhorando suas vidas materiais, se nada se fizer para satisfaze-las emocionalmente. E, por faltar formação, as pessoas se deformam. À falta de esclarecimentos, elas buscam explicações esotéricas, e abrigam-se na religião, onde aceitam sem discutir os dogmas que lhes são impostos, numa fé cega, cuja cegueira é, ela mesmo, o atestado maior de que a capacidade de análise se esvaiu.



A queda das torres gêmeas é emblemático porque corta a carne como navalha afiada, e nos enfia goela abaixo nosso senso de moral pervertida, onde só prestamos atenção às diferenças sociais quando os famintos invadem nossa casa, ou explodem nossos prédios.



Como disse Shakespeare: “Há algo de podre no reino da Dinamarca!” Eu diria: “Há algo de podre no mundo!” Corremos contra o relógio nesses esforço para diminuir as diferenças sociais. Há um rumor surdo sob nossos pés, como um prenúncio de terremoto. Em algumas partes do mundo ele já aconteceu, como em Manhattan, na fatídica manhã de onze de setembro de 2001.



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