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Teses_Monologos-->O MODO COMO DANIEL CRISTAL SE METAMORFOSEOU EM E. DE S. VICE -- 11/03/2003 - 16:52 (Daniel Cristal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Poeta Célia Lamounier, minha atenta e querida Amiga, há pouco perguntava-me: "mas, mais um heterónimo, queres ser outro Fernando Pessoa?"

Não, não quero, definitivamente não, nem por sombras. Fernando Pessoa é quem é, e isso só lhe fica bem! Sou apenas seu discípulo. Seu fiel, atento, estudioso, investigador. Sou discípulo de muitos mestres: Pessoa, Régio, Torga, Eugénio, Camões, Junqueiro, Garrett, Drummond, Vinícius, Neruda, Tagore, Rimbaud, Baudelaire, Char, Horácio. Alguns mais.
Todos estas leituras dos génios são meu material de trabalho. Neles busco a inspiração, aprecio a Arte que escoou dos seus dedos mágicos, aguço o engenho, e afiro-me por esses Mestres.
No caso que respeita aos heterónimos de Fernando Pessoa : Alberto Caeiro, Álvaro Campos, Ricardo Reis, ele criou-os por necessidade de multiplicação de egos, surpreendidos no seu ego, esses que fervilhavam no mundo da sua arte. Segundo a moderna psicanálise, somos alimento do nosso ego, o outro (alter) e o outro ainda (id). Somos três egos num só, confundindo-nos por vezes, fundindo-nos quando menos se espera. F. P. criou personagens novas, encarnou-as, e pô-las em acção pelo verbo libertador e criador. Não há dúvida que foi um golpe de génio, hoje entendido e imposto no mundo da Arte e da Crítica universais. Deve ser hoje no planeta, o Poeta mais admirado pelos estudiosos da Poesia-Arte.
O insuspeito, porque genial também, Miguel Torga haveria de definir Pessoa (parecendo rendição), como o Poeta da Poesia. Nada mais se pode pedir a alguém parecido com Torga, para que a celebridade de um Poeta fique imorredouro deste modo.
O trajecto dos meus dois altérnimos: Daniel Cristal e Eugénio de São Vivente têm um percurso diferente. O Armando, que é, de certo modo, o ortónimo, e nome de baptismo, aos 23 anos criou um pseudónimo compulsivo para a Poesia: o Daniel. Já antes deste novo ego, o Armando publicara um livro , tinha sido antologiado em Angola, também sido declamado na Rádio (por Igrejas Caeiro) em Portugal e França, tinha colaborado em muitos jornais, revistas, almanaques, páginas literárias, quando este nome, de repente, me chegou anunciado por energias íntimas misteriosas mas poderosas, com qualquer objectivo mal definido no intuito de me sublimar substituindo o nome que não escolhi à nascença. É um processo tão normal como foi o de Elmano Sadino, Torga, Régio, etc..
O Eugénio, esse não, aparece depois de um processo de maturação consciente, é recolhido no meu peito como uma extensão ponderada do Daniel que parecia cistalizar mais dia menos dia. É uma espécie de nova sublimação do altérnimo Daniel. Ao ver o seu horizonte reduzido pela cristalização do Cristal, surge o Eugénio já aperreado com a ferramenta que o D. C. deixou disponível para avançar pelo outro mundo, agora místico. É qualquer coisa como isto: esgotado o universo duma aprendizagem sofrida, abre-se uma outra galáxia, que já estava esboçada nos avanços e recuos nessa área pelo Daniel, e nesta vertente é instalado o Eugénio que vai retomar o facho para esgotar (?) esse outro macrocosmos pouco explorado: o da Poesia Mágico-Mística.
Muito particularmente, só cá entre nós, confesso: se o Eugénio atingir nesta expansão, onde quer sublimar-se por si só no poder da sua verve em construção, ainda mais do que, e não lhe queiramos mal, por isso, do que o Daniel conseguiu já não é nada mau. Perdoem a presunção. Mas é asim que creio. Chamem-me o que quiserem, não importa... É legítimo ambicionar a consecução dos ideais mais puros e sãos da Humanidade. Mas, sinceramente, creio também, que o Daniel lhe deixou a porta aberta, e francamente também ele esmerou-se ao máximo para que o tapete fosse da mais pura lã, e a mesa estivesse pronta e recheada com as melhores iguarias desta Terra e os seus melhores vinhos (das encostas do Douro e dos vinhedos da Bailada !, perdoem os alentejano e algarvios - onde o vinho é também óptimo).
E porquê este monólogo? Só para explicar essa confusão que está nascendo na cabeça das pessoas inteligentes que se interrogam acerca destas mudanças psíquicas! Para quê mais um altérnimo? São necessidades, compulsões, investimentos espirituais de épocas próprias dum percurso.
Tento alcançar um objectivo: revelar novidades dum universo inexplorado. É quase um empreendimento do sentir português - revelar novos mundos. Como é difícil, tarefa espinhosa, mas se não a alcançar não será por ter havido um esforço de tentativa em tentativa. Só o leitor me poderá ajudar, dizendo se estou longe ou perto. Será uma imensa ajuda.

04.DEZ.02

Eugénio de São Vicente






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