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Teses_Monologos-->CAMARADA DEUS [Os últimos dias de Stálin] (4) -- 10/03/2003 - 01:46 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na manhã do dia 6 de março, o homem que os russos temeram e honraram como a nenhum outro antes dele, desta vez para sempre, deixava o seu lugar favorito. "Um automóvel branco passava bem rente à porta da casa de campo", relata Svetlana, "todos se puseram do lado de fora. As pessoas tiravam os seus barretes".

À entrada da Praça Vermelha, pela qual passava o último trajeto de Stálin, no muro de uma capelinha, tinha sido entronizada, antes da Revolução de Outubro de 1917, uma imagem milagrosa de Nossa Senhora. Arrancaram-na os bolcheviques, para, em seu lugar, introduzir um painel com a citação: "A religião é o ópio do povo". Mas os camponeses, que, das anteriores visitas a Moscou ou de ouvir dizer, sabiam da existência naquele local de algo sagrado para se venerar, ainda tiravam os seus barretes e se persignavam doze vezes diante da frase de Marx.

Essa, a velha Rússia, contra a qual Stálin, pelo tempo que durou a sua vida, conduzira uma guerra obsessiva e inclemente – e que, mesmo assim, o ajudou a conquistar um poder e uma veneração que nenhum outro de seus contemporâneos jamais possuiu. Os próprios pais de Josif Dzhugachvili foram pobres camponeses da Geórgia. A mãe, com pia determinação, batalhou para ele um lugar no seminário greco-ortodoxo em Tiflis. O seminarista estava sempre à frente dos outros na aprendizagem dos textos religiosos, no estudo do Velho Testamento. Aí, descobriu a revolução socialista. Desde que completara 20 anos, não havia mais nada além dela em seu horizonte.

De modo conseqüente, depois da vitória dos bolcheviques ele traçou o seu caminho em direção ao poder. Ao final dos anos 20, já o havia conseguido.

A partir daí, esse georgiano obrigou o gigantesco império a tomar o rumo da era da técnica. À tenebrosa história européia das expulsões dos camponeses nas diversas fases da industrialização – com os abusos especialmente sangrentos verificados na Inglaterra – ele acrescentou uma cruzada aniquiladora de proporções inimagináveis.

O primeiro plano qüinqüenal (1929 a 1934) levou à maior penúria jamais criada por seres humanos. A ele, sete milhões de camponeses não conseguiram sobreviver. Quando, entre 1936 e 1939, com perfeição inquisitorial foram expurgados do Partido os dissidentes ideológicos, o ex-seminarista mandou fuzilar quase um milhão de pessoas.

Mas foi também a capacidade de produção da indústria, erigida com o trabalho de exércitos de escravos saídos do Gulag, que ajudou a deter, mais tarde, o avanço alemão. Stálin só conseguiu mudar decisivamente o rumo da guerra de Hitler contra os outros povos, como há anos observou acertadamente o historiador Adam B. Ulam, porque antes conduzira e vencera uma guerra contra as suas próprias nações.

Dessa forma, o vencedor podia se fazer proclamar o "maior general de todos os tempos e de todos os povos". Alexei Tolstoi, autor de uma biografia de Pedro o Grande, dizia de Stálin: "maior do que o nosso sol, pois o sol não tem nenhuma sabedoria".

No caso, o próprio ditador temia aproximar-se demais do astro-rei. Como seu último sucessor político, o norte-coreano Kim Jong Il, Stálin tinha um medo pânico de voar. Viagens ao exterior não despertavam seu interesse.

No auto-imposto isolamento, o ditador incluiu o seu povo. Nenhum outro mundo deveria abalar a crença que nele se depositava. Prisioneiros de guerra, que em 1945 retornaram do oeste para a União Soviética, foram colocados em novos campos de concentração.
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