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Erotico-->24. UM DIA LIVRE -- 22/12/2003 - 07:39 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Desde há muito tempo não tenho tido uma horinha que seja para mim. Não que esteja verdadeiramente precisando, mas às vezes penso em como seria bom se pudesse assistir sossegado a uma partida de futebol no campo ou no estádio.

Passar férias faz muitos anos que não consigo, sempre adiando por compromissos prementes de toda espécie. Elogio-me bastante por ser um trabalhador responsável, mas também gostaria de espairecer a mente, com certeza para volver com outro ânimo para as tarefas de cada dia. Sei que os profissionais da área de medicina do trabalho exigem que os operários e os executivos se afastem anualmente do serviço, até para efeito da higiene mental, da limpeza das cracas que o relacionamento humano faz acumular na psique oprimida, o que vejo divulgar-se com o nome de “estresse”.

No que tange a estas manifestações íntimas, considero-as sagradas e jamais nenhuma me causou transtorno tão grande que me visse constrangido a desistir delas. Na verdade, neste caso, volto ao papel quando me apetece. Às vezes, é o contrário que sucede, ou seja, tenho tempo e assunto, estou com a mente livre de preocupações, mas procuro fazer outra qualquer coisa, como a me inteirar de que exerço, ao menos aqui, o meu poder de livre-arbítrio.

Também nos dois centros em que atuo mais empenhadamente, todo ano procedemos a duas suspensões dos trabalhos, acompanhando as férias escolares. Entretanto, o setor das palestras não se interrompe, de modo que, além dos dias costumeiros em que apresento as minhas exposições, outros se acrescentam a pedido dos irmãos expositores que têm filhos em idade de exigir passeios e viagens.

Abri uma brecha para dizer que tenho comparecido a outras sedes espíritas para repetir algumas palestras que foram consideradas pelos amigos como plausíveis e capazes de manter a atenção do público por um período sempre variável de tempo. Na maioria das casas, sou bem recebido e me pedem para voltar. Em outras, fico na berlinda e acabo sendo esquecido, sem saber exatamente o motivo da rejeição. Mas a vida é assim mesmo. Quem sabe, no dia da apresentação, eu não estivesse particularmente inclinado a raciocínios elaborados em função do nível das dificuldades que sou capaz de detectar junto ao público, tendo falado muito difícil ou fácil demais, tendo expendido idéias minhas, sem estabelecer direito seu nexo com os conteúdos kardecistas e assim por diante.

Chego, então, ao ponto essencial desta mensagem (se houver quem leia, deve estar pensando que adquiri a certeza de que irei chegar a publicar algum volume destas “memórias”.)

Em primeiro lugar, devo deixar enfatizado que os temas mais sérios deveriam extrair-se dos desenvolvimentos anteriores, para o que estou bastante desleixado, porque, assim que abro o caderno nas páginas escritas, logo me vem o desejo de fechá-lo. Por isso é que me lembrei da necessidade de descanso. No caso, o descanso é dos temas, que não alcançaram melhores desenvolvimentos, porque estou percebendo que a minha capacidade está delimitada pelas extremidades conceituais dos textos escritos.

Em segundo lugar, toda vez que busco tornar a composição menos prepotente, assinalando o que disse este ou aquele autor de respeito, fico como a julgar-me superiormente entrosado nos assuntos, como se fosse naturalíssimo deixar que meus pensamentos flanem à vontade, numa desenfreada imaginação de quanto processo de restauração perispiritual estarei em condições de enfrentar e vencer, no regresso obrigatório ao plano da espiritualidade.

Desde que descobri que Márcia não está preparando-se para seguir comigo no etéreo, venho idealizando algumas respostas muito “coerentes”, para poder ajustar-me àquela horrível frustração. Foi aí que me peguei pensando em que os liames sentimentais não podem ser o reflexo da benquerença entre as pessoas, porque estaria completamente perdida a autonomia ou a individualidade dos processos decisórios, em função dos avanços evolutivos de cada um, ainda que se aceite o princípio de que a humanidade caminha como um conjunto para as esferas superiores.

Preciso adentrar um ponto não totalmente infenso de riscos em relação à pudicícia de muitos leitores espíritas, desabituados a meditar a respeito da problemática sexual. Em todo caso, preciso dizer que as minhas mulheres não se deram apenas a mim, havendo obtido prazer em outros relacionamentos carnais, o que me obriga a suspender a tese de que o casamento seja sagrado como instituição definitiva, mas que deve ser encarado em seu aspecto evolutivo, segundo a humanidade vai transformando-se, para podermos agasalhar, ainda encarnados, a idéia de que homens e mulheres valem, no sentido do merecimento para o progresso, enquanto assumem e cumprem os compromissos.

Eis o sentido macabro das aludidas férias ou ao descanso a que acima fiz referência. Não que esteja defendendo a instituição das chamadas férias conjugais nem mesmo estou julgando da moralidade das pessoas que fazem do sexo um atributo orgânico, sem intercorrência moral, psicológica, religiosa ou espiritual. Quero estabelecer como padrão da matéria a sinceridade, a honestidade, a fraternidade, a amizade, como vínculos humanos mais fortes, mais ponderáveis, até mesmo mais necessários, do que aquele produzido pelo amor, principalmente quando a carne está queimando de paixão.


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Ontem estive conversando longamente com Ana. Observei-lhe as rugas e fiquei absorto na expectativa de descobrir quais sofrimentos as teriam causado.

Falamos de nossas vidas, como bons amigos. Na verdade, ela procurava demonstrar o quanto eu devia a Márcia pela felicidade de tantos anos de convivência pacífica, deixando bastante claro que com ela eu não teria tido a mesma paz. Com certeza, teria ficado muito longe de aprender a doutrina espírita.

Perguntei-lhe a respeito de suas concepções religiosas e ela me afirmou que estava ainda incrédula quanto aos fenômenos espíritas que Dona Letícia, desde que se empregou em seu lar, vem, de quando em vez, inoculando em sua mente, por força de cuidar do enteado também nesse aspecto.

A conversa derivou para a existência das vidas aparentemente perdidas das pessoas incapazes e fui cada vez mais mergulhando nos conceitos, tanto que me tornei cansativo, o que só percebi quando Ana se despediu, de repente, sem ter feito aquele pedido de desculpas, aquele rogo de perdão que eu aguardava até com certa ansiedade. Tudo para dizer-lhe que a compreendia, que as coisas da juventude a maturidade explica e justifica, que eu não me estou tornando velho à toa, mas que tenho aprendido muito com as tragédias da vida, as minhas e as alheias, além de me haver acostumado a enfrentar tanto crime e tanto horror dentro dos noticiários.


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Penso que eu tenha equilibrado este tópico, dando um pouco de descanso aos amigos leitores, oferecendo-lhes algo para refletir, diminuindo a extensão para não ser tão desagradável, sem grandes ou profundas críticas a ninguém, nem mesmo me expondo como um pobre coitado e infeliz, porque não sei ir mais longe do que já fui.

Encerro pondo tudo nas mãos de Deus, fazendo votos para que outras poesias sejam ditadas para os meus irmãos médiuns, para que eles se habituem à linguagem literária e possam receber peças um pouquinho melhores do que a anterior.

De qualquer modo, preciso reproduzir os dois últimos versos, ou não ficarei satisfeito com o meu proceder de hoje:

“Elogiando o povo com amor,
Pedindo que me ponham do seu lado...”

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