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Erotico-->20. TROCO DE CENTRO E DE VIDA -- 18/12/2003 - 07:46 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Este deveria ser um livro de memórias, tanto que desejava dar-lhe o título de “Memorial de Pesadelos e Reflexões”. No entanto, são tantas as intervenções dos acontecimentos atuais que o transformei em diário, para o qual estou interessando-me pelo título de “O que devo levar deste mundo” ou ainda “A Herança de Minha Alma”.

Voltei, nestes últimos três meses, exatas doze vezes ao centro da periferia, dedicando ao “Louvor ao Pai” míseras seis visitas protocolares, chamado para aferição das contas e assinatura de papéis. É claro que não me furtei às duas palestras que me couberam pela escala das terças-feiras, mas repeti nelas o que havia dito nas exposições mais extensas do “Mensageiros da Espiritualidade Superior”. Tudo fiz com muitíssimo boa vontade mas senti que o entusiasmo arreou bastante, tornando-se a rotina uma batida estrada para a mesmice das reações sonolentas de quem aguarda a sessão de passes magnéticos.

Empenhei-me um pouco no sentido de abolir essa parte das reuniões das terças, mas fui voto vencido, porque, argumentaram-me, seria preciso convencer o público a mudar seus hábitos de doze anos, tempo este durante o qual me dei à função da oratória. Em suma, instintivamente ampliei os quarenta minutos para sessenta e notei que boa parte do auditório consultava insistentemente os relógios, como a me indicar que estava na hora de encerrar, justamente quando mais acesa ia a atenção dos amigos da outra casa espírita.

Faço estas observações em cima da hora mas não pretendo concluir que os daqui sejam melhores ou piores que os de lá. Somos todos pessoas carentes de estímulos espirituais e necessitadas de nos sentirmos reconhecidos pelo esforço que despendemos. Os da nova casa, talvez por se sentirem eleitos por uma criatura melhor dotada (pobre de mim!), tenham demonstrado um interesse que os do antigo centro tornaram o seu feijão-com-arroz.

Mas entre as freqüentadoras do “Mensageiros”, uma senhora particularmente me vem dedicando especial atenção, pessoa dotada de muita sensibilidade, que me provoca as confissões de viúvo, tendo-se demonstrada condoída mui particularmente por haver eu perdido meu filho para o vício, entusiasmando-se com a leitura das mensagens dele. Soube da morte de Márcia e de tudo que me representou, porque desejei pô-la a par de outros sentimentos, os amorosos, na expectativa de que esfriasse os seus desvelos para comigo, para lhe frustrar um envolvimento afetivo exclusivista.

Foi quando me contou a respeito de sua própria viuvez e da existência de três filhos casados e de três netos, um de cada filho, todos morando nas vizinhanças de sua residência. Aliás, sozinha no lar, é visitada constantemente pelos filhos, a maior parte das vezes em companhia das famílias, em festivas reuniões aos domingos.

Foi num desses dias que conheci a todos eles, tendo comparecido ao almoço familiar, com o intuito declarado de saber como reagiríamos todos nós, uns à vista dos outros. Disse-me Rosália, eis o nome da senhora, que pretendia, também ela, auscultar os semblantes de cada familiar, a ver se descobria aprovação ou reprovação pela possibilidade de novo envolvimento conjugal.

Falou-me sem medir as palavras, acrescentando que (vejam que coisa!), se não fosse comigo, haveria de ser com outro homem, porque a vida solitária estava por demais triste, ainda que muitíssimo bem relacionada no círculo espírita, porque espraiava as suas contribuições de palestrante, de professora de cursos práticos e teóricos e de médium escrevente (com uma obra de mensagens espirituais publicada), inclusive nutrindo amizades até no âmbito federativo.


...................................................


Ontem, seis meses depois de haver escrito a página acima, pedi Rosália em casamento. Ela assentiu e combinamos a festa de núpcias para daqui a um mês.

Acho que, se não vier a ser surpreendido com novidades muitíssimo fortes no novo campo de vida que se abriu para mim, vai ser difícil vir confidenciar ao papel os movimentos mais íntimos de minha alma. Sendo assim, para não perder esta oportunidade, devo afirmar, sem medo de que Rosália leia esta mensagem para o além, de que tenho Márcia como a minha estrela-guia, aquela criatura que ficará comigo, caso sinta o mesmo amor por mim.

Quero também ressaltar que não penso em Rosália como a minha companheira da eternidade, minha alma gêmea, não só porque acredito que o defunto marido deve ocupar esse lugar no âmago dos sentimentos dela, como também conheço os textos em que Kardec trata desse tema, rejeitando essa possibilidade de exclusivismo amoroso.

Mas não vou fechar o caderno definitivamente. Vou pensar muito em mostrá-lo a Rosália, para com ela discutir os pontos polêmicos dos desenvolvimentos teóricos que empreendi, dada a sua experiência, bem mais vasta e fundamentada que a minha na doutrina espírita.

É bom também fazer referência ao fato de que não saio daqui molhando o papel com lágrimas de saudade ou de nostalgia pelos tempos em que fui feliz com Ana e com Márcia. Também não posso dizer adeus a Augusto, porque o nosso relacionamento jamais esperei que fluísse destas minhas considerações, uma vez que com ele converso a cada prece que elevo ao Pai, recebendo constantes e renovadas mensagens de carinho e apoio espiritual.

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