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cronicas-->Conversa de Compadres -- 01/12/2003 - 18:05 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No alto de um poste dois Urubus conversavam:
- Jacinto as coisas estão tão difíceis que há dias não vejo nenhuma carniça!
- É Felipe! Tenho saudade do tempo do território, naquela época, aquilo sim é que era fartura. Carniça ficava aos montes pelas ruas da cidade. Agora temos que dividir tudo com esses miseráveis, concluiu Jacinto.
Felipe calado ouvindo, de repente esboçou algumas palavras e o papo foi até o meio dia.
- Antigamente, a água da ressaca era tão límpida, quanto à água do rio amazonas. O nosso Curiau era uma celebridade, os nossos ninhos estavam preservados, os nossos filhos viajavam por toda a cidade, e tínhamos a certeza de sua volta.Agora com tanta gente nova em volta dá até medo de ir à esquina.
Jacinto respondeu: - realmente foi uma mudança radical na cidade. Nós além de termos que voar alto, temos que ter cuidados especiais, se não desapareceremos.Mas não fomos só nos, que sentimos essas mudanças. Os homens dessa sociedade sentiram também, tanto que andam reclamando e procurando fazer algo pra se preservar.
Veja as suas casas, antes eram visitadas pela brisa da madrugada, hoje estão com muros altos, janelas fechadas, cerca elétrica, cães ferozes e muitas grades.
O trànsito ficou mais pesado, muito dos seus filhos, vítimas dos acidentes, deixaram profundas saudades.Os seus homens políticos vivem envolvidos em escàndalos e não se pode mais andar nas ruas fora de hora. Sem falar que os amigos estão a cada momento, pelos passos do progresso, ficando mais ausentes, não há mais aquela conversa de bar, de fim de semana.
É a cidade cresceu!
Completou Felipe: - Inclusive, da qui de cima já podemos ver o retrato do caos. Edifícios debulhando a todo instante já empatam a brisa, provocando mais calor; gente pedindo, na frente dos bancos, nos ónibus, nas praças; meninos e meninas se prostituindo, assaltando, se drogando e os bairros novos surgindo, surgindo e aumentando.
Puxa, que calor?
Jacinto: É mesmo, melhor é irmos para casa, pois não há mais nenhum de nossos amigos aqui por perto!
O silêncio e o sol do meio dia firme no posteamento e nas cabeças dos dois Urubus fez com que eles voassem as suas reservas, mas quando lá chegaram depararam com um imenso fogaréu. O Ypê roxo queimava lentamente, os açaizeiros caiam sobre os castanheiros em brasa. Tucanos, Araras, papagaios e Maracanãs, Garças, Sabiás, Guarás e roedores alariam a desgraça. E lá próximo ao braço de rio da Pedreira, homens com muitas enxadas, com muitas mulheres e crianças, com muita pressa, sem nenhuma compaixão faziam queimadas, pra assentarem umas casas, pra formar um novo bairro, pra envenenar outra água...pra acabar com a paz.
No desespero de pais romànticos, até tentaram entrar mata adentro, pra ver se suas mulheres e filhos podiam salvar, mas o fel sangrava tão fortemente o coração daquela mata, que foi impossível, ao menos imaginar o salvamento.
Felipe e Jacinto reuniram-se ao pé de uma mangueira, com vários Urubus, choraram e plocamaram inúmeras reclamações,por causa do crescimento desordenado do progresso, enquanto, isso, um Sabiá, em sua poesia,tentava aliviar a dor, fazendo muitos em pensamento sonhar, um amanhã, onde as pessoas tenham um pouco de consciência e respeito pelos espaços dos outros.
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